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GREENPEACE: NOSSO COMPROMISSO COM A RIO+10

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2002

Imagine quase mil representantes de cerca de 170 países reunidos em Bali, na Indonésia, por quinze dias, para finalizar um plano de ação que assegure as nossas demandas ambientais e sociais. Adicione um grupo pequeno de países que detêm a maior parte dos recursos financeiros e não está disposto a abrir sua carteira. E para finalizar, muito pouca vontade política para se chegar à um acordo. Estes foram os elementos que levaram ao colapso a última reunião preparatória para o que deveria ser o maior evento político da área ambiental desde a Eco 92: a Conferência da Terra de 2002 ou “Rio + 10”. Esta reunião, organizada pela ONU, será realizada no final de agosto deste ano em Johannesburgo, África do Sul.

O “colapso de Bali” substitui o que deveria ser chamado de “plano de ação de Bali” e evidencia a falha dos governos de todo o mundo em cumprir os compromissos assumidos durante a Eco 92. Mas as coisas poderiam ter sido piores: imagine se um documento fraco e retrógrado tivesse sido aprovado. Portanto, ainda resta uma chance para salvar a agenda ambiental e social da próxima década, e é preciso trabalhar duro para garantir que nossos representantes garantam um bom acordo para a sociedade civil.

A Cúpula de Johannesburgo terá que responder não só ao desafio da proteção ambiental numa economia globalizada, como também a necessidade de reduzir a pobreza para garantir um futuro sustentável.

A expectativa do público frente a essa reunião no continente africano não se limita à discussão de metas de implementação da Agenda 21, acordada na Eco 92, com datas, recursos financeiros e monitoramento bem definidos para proteção das florestas, rios, mares e conservação da qualidade do ar, solo e alimentos, entre outros. Mas se deve especialmente pela possibilidade de mostrar como os governos vão assegurar à sociedade um futuro sustentável. Entretanto, o processo de negociação nos corredores da ONU não leva a nenhum destes objetivos. O documento discutido em Bali é uma triste evidência de que, no que depender de nossos governos, podemos começar a procurar outro planeta para viver, pois a Terra está com seu futuro comprometido.

De quem é a culpa do atual estado das negociações?

Em primeiro lugar, da maioria dos países ricos, que tem a falsa noção de que sustentabilidade é um objetivo apenas para países pobres. Com isso, este grupo não cumpriu os compromissos de redução de consumo e impacto sobre os recursos naturais e meio ambiente, assumidos no Rio em 1992. Tampouco disponibilizou os recursos financeiros acordados para financiar a implantação da Agenda 21 junto aos países pobres. Muitos dizem que, enquanto os poucos países ricos não cumprirem os acordos da Rio 92, os países ricos em desenvolvimento não levarão a sério sua responsabilidade pela proteção ambiental.

Os países em desenvolvimento, por sua vez querem ignorar a palavra "sustentável" e enfatizar a palavra "desenvolvimento", definido políticas de desenvolvimento a qualquer custo, repetindo os mesmo erros cometidos pelos países ricos, com ferramentas e tecnologias sujas, ignorando a opinião pública que demanda desenvolvimento sim, mas sustentável.

Um bom exemplo é a questão da responsabilidade corporativa, um assunto atual e imprescindível para o desenvolvimento sustentável. Desastres como o causado pela Union Carbide (hoje comprada pelo grupo Dow) em Bophal, na índia, áreas contaminadas pela Solvay, em Santo André, (SP), ou pela Shell em Paulínia (SP), ou mesmo escândalos como o da gigante americana ENRON, demonstram a necessidade de maior responsabilidade, controle e acompanhamento da atividade corporativa, através de um instrumento legal internacional. Tal instrumento deve incorporar compensações e restituição de danos, direito à informação, respeito aos direitos humanos das comunidades e dos trabalhadores, entre outros.

Os países em desenvolvimento chegaram a apoiar o desenvolvimento de tal instrumento internacional de responsabilidade corporativa, mas os países ricos não vêem a necessidade de maior controle sobre as atividades das corporações no mundo globalizado. E o que é mais preocupante: alegam que medidas voluntárias não monitoradas são suficientes para garantir que as empresas se comprometam com o desenvolvimento sustentável. O resultado final é um compromisso vazio de promover a responsabilidade corporativa, sem ações concretas, metas, ou datas fixas para cumprir o objetivo.

A resistência das empresas e governos a um instrumento legal internacional de responsabilidade corporativa contribuirá apenas para o aumento da desconfiança do público em relação ao controle corporativo sobre os governos e a seriedade das empresas em suas iniciativas sociais e ambientais.

O que fazer para salvar nosso futuro

É preciso resgatar o compromisso assumido na Eco 92 e exigir dos nossos governantes uma atuação efetiva para a implantação da Agenda 21 com um plano de ação claro, objetivos bem definidos, meios e recursos de implantação, requerimentos institucionais e monitoramento. Além disso, devemos cobrar uma visão de sustentabilidade para a próxima década.

Um indício de que isso ainda é possível foi a Rio + 10 Brasil, realizada em meados de junho no Rio de Janeiro. O encontro contou com a participação dos líderes dos três países-sede de conferências sobre o meio ambiente: Suécia, Brasil e África do Sul, além de ONGs e representantes de diversos setores da sociedade. Durante a audiência pública, os líderes ouviram a opinião da sociedade civil e prepararam uma carta pedindo o comprometimento dos países do G-8 com a Cúpula de Johannesburgo. A carta foi entregue aos representantes na Cúpula do G-8, realizada no Canadá no final de junho. Apesar da tentativa de envolver os países mais ricos do mundo no processo da Rio+10 ter fracassado, nem tudo foi perdido: conseguimos definir líderes para Johannesburgo – os presidentes brasileiro e sul-africano e o primeiro-ministro sueco -, o que apresenta um grande avanço com relação à reunião de Bali.

O governo brasileiro assumiu em Bali a responsabilidade de garantir que a Rio + 10 seja um sucesso. Afinal de contas, o país foi sede do marco ambiental que é a Agenda 21, além de ter peso e importância no grupo dos países em desenvolvimento. E realmente liderou o grupo de países latino-americanos e caribenhos encaminhando uma iniciativa regional de implantação do plano de ação a ser acordado em Johannesburgo.

O Brasil foi sede da criação dos acordos ambientais mais importantes da última década. Negociou e assinou tais acordos e agora falta que o Presidente da República os envie para ratificação junto ao Congresso, a fim de assegurar que as vitórias ambientais internacionais se tornem realidade no país. Esta é a maneira mais clara e transparente de confirmar seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e a promoção da agenda ambiental e social.

 
 
Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa
 
 
 
 
 
 

 

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