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“OURO VERDE” PODE ACABAR EM UMA GERAÇÃO

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2002

Cientistas acreditam que mogno estará comercialmente extinto na Amazônia brasileira no prazo de uma geração se medidas concretas de proteção não forem adotadas imediatamente. Não seria um fato inédito. Por sua beleza, resistência e facilidade de ser trabalhada, duas espécies de mogno - Swietenia mahogany e S. humilis - foram exaustivamentes exploradas pelos colonizadores europeus no México e América Central por quase 500 anos. Resultado: as espécies foram tão dizimadas que hoje são consideradas comercialmente extintas e estão sob proteção rigorosa da Convenção Internacional sobre Espécies Ameaçadas de Extinção (CITES), listadas no Anexo I.

A indústria madeireira voltou-se, então, para a espécie Swietenia macrophylla, King, conhecida como mogno ou aguano no Brasil, mara na Bolívia, caoba no restante do continente, mahogany nos países de língua inglesa e acajou na França.

O mogno começou a ser explorado em grande escala na Amazônia brasileira na década de 60 e se intensificou nas décadas seguintes. Segundo estimativas do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), 4 milhões de metros cúbicos de mogno serrado foram exportados entre 1971 e 2001 - a imensa maioria (75%) para os Estados Unidos e Inglaterra. Outros 1,7 milhão teriam sido vendidos aqui mesmo no Brasil. Num cálculo rápido, isso significa cerca de 10 milhões de metros cúbicos de madeira em tora ou mais de 2 milhões de árvores de mogno abatidas pela sanha das moto-serras. Porém, a real intensidade da exploração do mogno provavelmente jamais será conhecida em função da grande ilegalidade no setor madeireiro.

Os altos valores e os grandes lucros envolvidos na exploração do mogno explicam as razões de tanta destruição. Mais valiosa madeira tropical das Américas, o metro cúbico de mogno serrado vale, em média, entre US$1.200 e US$1.400 (ou seja, entre R$ 3.200 e R$ 3.900) no mercado internacional. Não é à toa que o produto é conhecido como "ouro verde". Porém, o que fica na região explorada é infinitamente menos: o Greenpeace tem cópias de "contratos" que mostram que madeireiros pagam R$ 25 o metro cúbico de mogno retirado ilegalmente de áreas indígenas. Uma árvore de mogno, com cerca de 5 metros cúbicos e mais de 200 anos de idade, sai por R$ 125 no sul do Pará e norte do Mato Grosso. Após a industrialização, a árvore, reduzida a 3 metros cúbicos de madeira serrada, é vendida pelos portos de Belém (PA), Paranaguá (PR) e S. Francisco do Sul (SC) por valores que chegam a mais de R$ 10 mil. Esse volume de madeira permite a produção de 12 a 15 mesas e cadeiras de mogno. Uma única dessas sofisticadas mesas é vendida na prestigiosa rede de lojas Harrods, de Londres, por US$ 8.500. Ou seja, quem ganha com a destruição do mogno e da floresta são poucas empresas estrangeiras e seus agentes no Brasil.

A enorme margem de lucro só encontra similar no comércio de drogas como a cocaína e explica a esteira de violência, corrupção, trabalho escravo, invasão de terras indígenas e reservas ambientais, sonegação de impostos, evasão de divisas e desrespeito aos direitos humanos associado ao mogno.

As conseqüências diretas da superexploração ultrapassam a ameaça ao próprio mogno para afetar grandes áreas da mais bela e antiga floresta do planeta. Como o mogno nasce de forma muito esparsa na Amazônia, a localização das árvores a serem abatidas é, muitas vezes, feita por avião. Atrás do mogno, o madeireiro abre estradas de centenas de quilômetros na mata, sem qualquer planejamento ou estudo de topografia ou hidrologia.

Além do impacto que causam à floresta, essas estradas funcionam como veias abertas à destruição: abandonadas pelo madeireiro após a extração do mogno e de outras espécies de valor, elas são utilizadas por fazendeiros e colonos para a ocupação e limpeza de novas áreas para gado ou plantio. No início da década de 90, já haviam sido abertos mais de 3 mil km de estradas ilegais no sul do Pará. Recentemente, flagramos a abertura de uma nova estrada de mais de 500 km numa das últimas áreas relativamente intactas do Pará. O "dono" da estrada é um dos chamados "Reis do Mogno".

O mogno comercialmente viável estava originalmente concentrado no sul do Pará e Acre, atingindo também parte dos estados de Rondônia, Amazonas e Mato Grosso. É uma região de cerca de 800 mil km2 de florestas de terra firme que coincide com o chamado "arco de desmatamento". Nela, existe uma grande concentração de terras indígenas e áreas de alto valor de conservação ecológica. À medida que o mogno desaparece nas áreas exploradas pelos madeireiros, eles passam a invadir áreas protegidas. Conflitos, roubo, mortes e sonegação são comuns na história da exploração do mogno, que hoje é controlado por uma verdadeira máfia.

Funcionando como "abre-portas" para a Floresta, o mogno tem um papel fundamental na destruição da Amazônia. Na esteira da invasão da floresta, a Amazônia já perdeu 15% de sua cobertura florestal. Uma área do tamanho da França foi desmatada nos últimos 30 anos.

 
 
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa
 
 
 
 
 
 

 

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