Anthony Garotinho:
Amazônia Desenvolvimento e sustentabilidade
Introdução
O projeto de internacionalização
da Amazônia, por seu espaço e por sua
riqueza e suas reservas, coloca-se de forma mais
efetiva a partir do século XIX, mas percorre
o século XX e chega aos dias de hoje. Se,
do ponto de vista do ecossistema, a Amazônia
é internacional, posto que compreende áreas
comuns a diversos países, certo é,
igualmente, que, em todos esses países, integra
as respectivas soberanias territoriais e nacionais.
A Amazônia brasileira é patrimônio
de nosso povo. Defendê-lo é o compromisso
do governo do PSB. Sua defesa compreende a ação
coordenada com os países que a integram,
e a ação coerente e isolada do Estado
brasileiro, que compreende seu desenvolvimento sustentável.
O projeto do governo do PSB visa a mudar, radicalmente,
o modo de ocupação do espaço
amazônico, caracterizado, presentemente, pela
depredação, seja das riquezas minerais,
seja da biodiversidade, seja aviltamento da vida
humana, que quase sempre chegou ao extermínio
sistemático de populações locais
e de grupos que para lá se deslocaram, no
firme propósito de até ali estender
a nação brasileira.
Em função do crescimento demográfico
e do vertiginoso estrago que o atual modelo de industrialização
causou ao planeta, a Amazônia torna-se o território
mundial de maior importância estratégica
política para o Século XXI, considerando-se
seu potencial de biodiversidade, suas reservas de
água doce e seu potencial energético.
Ocupando 56% do território nacional, a Amazônia
se constitui no maior ecossistema do planeta, um
gigantesco banco biogenético construído
pela ação criadora de milhões
de anos da natureza. Esse potencial de vida natural
não é ainda suficientemente conhecido,
pois a pesquisa sobre as diferentes facetas da vida
amazônica é nitidamente incompleta.
Nos 5 milhões de quilômetros quadrados
da Amazônia brasileira, encontra-se também
a maior bacia fluvial do mundo, que constitui um
quinto da reserva de água doce da terra,
com 1.100 afluentes desaguando no leito central
do Amazonas.
A floresta cobre 70% da região 380 milhões
de hectares e representa 35% das reservas mundiais
de florestas com a variedade de 200 a 300 espécies
diferentes de árvores por hectare de mata.
Não obstante o baixo conhecimento científico
da região, ali já se catalogaram 4
mil tipos de árvores.
A Amazônia é a maior fonte potencial
conhecida de produtos fitoterápicos, agronômicos
e bioquímicos. Registram-se ainda 300 tipos
de mamíferos, 1.300 de pássaros e
1.400 de peixes. Os fatores climáticos, topográficos
e hidrográficos fazem com que o ecossistema
amazônico seja em si auto-suficiente e detenha
mais de 30% do estoque genético do planeta,
uma gigantesca usina de vida com o extraordinário
universo de plantas medicinais, alimentícias,
aromáticas, oleaginosas, tanantes, toxinas,
fibrosas e a imensa riqueza biótica em fungos
e bactérias, insetos e animais, enfim um
arsenal planetário para o desenvolvimento
da biotecnologia, fundamento científico da
produção industrial sustentável.
No campo mineral, não obstante os levantamentos
incompletos que temos do setor, sabe-se que há
grandes jazidas de ouro em Roraima, Rondônia,
nos aluviões do Alto Jarí e em Serra
Pelada; em muitos casos na mesma área do
ouro se encontram diamantes, prata, cobre, cassiterita,
molibdênio, zinco, nióbio, bismuto
e minerais radioativos. Existem montes constituídos
totalmente de pirolisita. A cassiterita e o estanho
são explorados em Pitinga, no Amazonas, em
Rondônia, no Amapá, e no vale do Aripuanã,
afluente do Madeira. Existem grandes jazidas de
hematitas no vale do Jatapu, bauxita em Trombetas,
calcáreos em Bragantina, 35 milhões
de toneladas de linhito em Benjamim Constant, 3
milhões de toneladas de nióbio em
São Gabriel da Cachoeira, 90% da reserva
mundial conhecida. Esse mineral estratégico
é identificado como o mineral do Século
XXI, pois sua liga endurece o aço, tornando-o
essencial na construção de reatores
nucleares e de equipamentos da industria espacial.
No médio Amazonas está localizada
a maior bacia de sal gema do planeta com 10 trilhões
de toneladas. Também, já foram localizadas
ali reservas de petróleo; em Urucu há
um poço já explorado pela Petrobras
e o maior depósito de gás natural
do país. No Médio Solimões,
em Urucu, a Petrobras produz 50.000 barris de petróleo
ao dia. Lá está localizado o maior
depósito de gás natural do país.
Diagnóstico
O tema desenvolvimento da Amazônia
tem criado uma polêmica sistemática,
tanto no plano nacional quanto internacional. O
atual modelo de ocupação agrário,
que combinou desmatamento com pecuária extensiva,
é criticado pela mídia nacional e
internacional e por estudos acadêmicos que
denunciam proliferação de drogas,
queimadas, extração predatória
de madeira, extermínio de espécies
nativas. São também criticados os
atuais projetos industriais, de geração
de energia e de mineração, todos estigmatizados
como atrasados e corporativistas.
Dessa forma, o desenvolvimento da Amazônia
fica imobilizado na prática, em função
de um debate histórico entre um projeto de
conservacionismo ambientalista e o desenvolvimento
apoiado na destruição ambiental. Acresce-se
a isso a fragmentação social propiciada
pela heterogeneidade cultural de diferentes povos,
diferentes grupos migrantes, diferentes processos
de colonização, e pela baixíssima
e espacejada densidade demográfica.
Essa imensa província florestal e mineral
possui vários biomas, com distintas constelações
de fatores e vocações econômicas
da população não urbana, composta
de indígenas, principalmente no Oeste e na
Calha Norte. As populações ribeirinhas
são formadas por extrativistas, pequenos
agricultores familiares, trabalhadores rurais temporários
e permanentes. Entretanto, a agricultura e as demais
atividades primárias apresentam fraca produtividade
da terra e do trabalho, apesar dos abundantes recursos
energéticos.
O domínio local da sociedade foi, historicamente,
exercido por uma elite comprometida com o atraso
e a depredação, que controla a região
atemorizando os pequenos trabalhadores, enquanto
promove o desmatamento, a erosão genética,
o garimpo predatório, o narcotráfico,
a biopirataria, o etnocídio de povos e línguas
indígenas, o extermínio seringueiros,
de pescadores tradicionais, de castanheiros e de
quilombos.
As multinacionais patenteiam hoje descobertas no
campo da genética, se apropriando de componentes
vegetais, microorganismos e fungos existentes na
Amazônia. O Presidente George Bush recusou-se
a assinar o Tratado da Biodiversidade produzido
na Rio-92. Logo após, Bill Clinton o assina,
e, estranhamente, é agilizada no Congresso
Nacional brasileiro a aprovação da
polêmica Lei das Patentes. Fica claro que
os Estados Unidos, que consomem 50% do estoque biogenético
do planeta e possuem apenas 5% desse estoque, desejam
impedir a agregação de valores às
riquezas naturais brasileiras que englobam o maior
potencial biogenético do mundo.
Em relação à industrialização,
a Amazônia tem um polo significativo de alta
tecnologia; é o Polo Industrial de Manaus,
mais conhecido como Zona Franca, que é o
único projeto de desenvolvimento industrial
para a Amazônia Ocidental. Presta relevante
serviço ao Brasil no que diz respeito à
substituição de importações,
talvez o mais significativo, ajudando em muito no
equilíbrio da balança comercial. Importou
no ano passado, em números redondos, três
bilhões de dólares em insumos. Produziu
dez bilhões. Ou seja, substituiu sete bilhões
de dólares em importações.
Que outro projeto brasileiro alcançou esses
números?
A renúncia fiscal relativa a esse polo é
baixa e resulta em arrecadação no
momento seguinte. Para cada real renunciado, são
arrecadados R$ 0,84, fato que não ocorre
com qualquer outra renúncia fiscal brasileira.
A Zona Franca de Manaus garante ao Governo do Amazonas
e seus municípios os excepcionais números
de arrecadação alcançados.
Para comparar com o Pará, em 2000, para uma
população de 2.800.000 habitantes
o Amazonas arrecadou de ICMS um bilhão e
quatrocentos milhões de reais enquanto o
Pará para uma população de
6.200.000 habitantes arrecadou um bilhão
e cem milhões. Ou seja, para menos da metade
da população, arrecadou trezentos
milhões de reais a mais.
Comparando os dados da arrecadação
de tributos federais com o retorno de recursos federais
para o Amazonas e os municípios amazonenses,
tomando por base o ano de 2000, verifica-se que
a União arrecadou um bilhão e setecentos
milhões de reais e mandou de volta apenas
quinhentos milhões. Ou seja, do Amazonas
saíram um bilhão e duzentos milhões
de reais em favor de outros Estados.
Por outro lado, o Amazonas tem 98% de suas florestas
inteiramente preservadas, sendo um exemplo para
a região.
Esse é um modelo que a par de gerar empregos
e impostos, preserva o meio ambiente e como tal
deve ser mantido e estimulado.
A presença das Forças Armadas na Amazônia
é representada por poucas unidades para cobrir
um território de dimensão continental,
com 11 mil km de fronteira terrestre. Os destacamentos
da Calha Norte são irrisórios para
controlar toda a fronteira, ficando espaços
de 1.600 km sem nenhuma guarda.
O polêmico projeto SIVAM, de tecnologia norte-americana,
com controle e operação de técnicos
nacionais, conta com investimento da ordem de 1,4
bilhão de dólares. Iniciado em 1994,
prevê a construção de um moderno
sistema de comunicação com 185 antenas
via satélite, 19 radares fixos e 6 transportáveis,
além de 8 aeronaves para vigilância
do espaço aéreo. O projeto é
importante para o monitoramento de embarcações
e aeronaves de procedência desconhecida que
percorrem os rios e os céus transportando
para o exterior madeiras de lei, plantas medicinais
e até pássaros, num processo crescente
de evasão de riquezas via biopirataria. O
SIVAM, porém, terá de constituir-se
em componente importante de defesa e controle da
região, o que requer sua operação,
domínio tecnológico e apuração
e armazenamento de dados de forma soberana pelas
autoridades brasileiras. Um dos requisitos é
a produção de um satélite brasileiro
para que o pais se liberte estrategicamente da dependência
dos satélites norte-americanos.
Assim como o combate à fome, ao desemprego
e à violência, torna-se emergencial
para o próximo governo, o início do
projeto de desenvolvimento da Amazônia, fundamentado
na biotecnologia, para agregar valor à posse
nacional da maior riqueza natural do planeta e defendê-la
da cobiça internacional, considerando-se
que essa riqueza é uma das fontes de que
o país dispõe, ao alcance de suas
mãos, para acabar com a imensa miséria
do país.
Justificativa de desenvolvimento
defensivo
O controle de nossas extensíssimas
fronteiras pelas Forças Armadas - em face
do atual estado de desagregação da
unidade social, do imobilismo econômico em
meio ao vazio demográfico do território,
e da quase ausência do poder público
federal no solo amazônico -, está a
depender de um projeto de desenvolvimento sustentável,
que se constitua de uma política global para
a região, a partir do conhecimento efetivo
do potencial e das vocações econômicas
locais. A proposta estratégica para se ganhar
a opinião pública nacional para o
desenvolvimento desse projeto defensivo de um território
de dimensão continental deve se fundamentar
no aproveitamento econômico da grande riqueza
que será gerada pela agregação
de valor aos gigantescos recursos naturais, considerando
a sustentação do meio ambiente.
Desse desenvolvimento defensivo se desdobram duas
questões centrais para um novo projeto de
nação. A primeira é a defesa
da soberania de 56% do território nacional,
e a segunda, conseguir meios operacionais próprios
que permitam ao Brasil desenvolver, um projeto econômico
autônomo, ao alcance de suas próprias
mãos, em parceria com o empresariado brasileiro,
sem depender dos organismos financeiros internacionais.
A avaliação dessa possibilidade por
diferentes grupos de interesse já tornou
a apropriação da Amazônia a
bola da vez do contexto neoliberal, depois da privatização
da Vale do Rio Doce, pois, como já dissemos,
esta constituiu a perda de um dos principais instrumentos
para o desenvolvimento da região. Portanto,
o próximo governo deve estar preparado para
enfrentar o crescimento da campanha de internacionalização
amazônica, que já vem sendo desenvolvida
pela mídia estrangeira. Como já dissemos,
a premência dessa situação coloca
o desenvolvimento defensivo da Amazônia entre
as questões políticas emergenciais,
inclusive, por ter interface social com a inadiável
erradicação da miséria do país.
Entretanto, temos consciência de que o atual
modelo de industrialização desenvolvido
no mundo e no Brasil, dentro dos diversos paradigmas
conservadores já experimentados não
servem à Amazônia.
A política neoliberal de desmantelamento
do Estado e de entrega do patrimônio estratégico
das estatais ao controle privado, foi imposta ao
Brasil e ao continente sul-americano como decorrência
da submissão, pelos últimos governos,
aos ditames da nova ordem neoliberal e do Consenso
de Washington.
O processo de industrialização brasileiro
foi, do ponto de vista social, responsável
pelos principais problemas do país de hoje,
que são remessa de lucros, concentração
perversa de renda, desemprego generalizado, cinturão
de miséria na periferia das cidades, violência
urbana, redes de crime organizado e, em conseqüência
de tudo isso, a negação popular da
classe política e da eficiência das
instituições públicas para
conduzir a nação.
Portanto, o Brasil que queremos para a Amazônia
não pode estar fundamentado no atual modelo
de industrialização privado que desconsiderou
o impacto ambiental, cujo custo foi a perda brutal
das matrizes naturais do planeta, o conseqüente
impacto sobre o meio ambiente e a ampliação
da miséria em todo o mundo. A própria
CEPAL de hoje propõe uma relação
equânime entre o progresso técnico
e a natureza.
Em vez de levar à Amazônia o atual
ciclo de civilização apoiado no modelo
de dominação econômica, socialmente
injusto, destruidor da natureza e poluidor do planeta,
promoveremos a experiência de um novo modelo
de desenvolvimento, que, no futuro, influencie o
restante do país a mudar de rumo e abandonar
os parâmetros sobre os quais está assentado.
O homem da Amazônia, o caboclo na sua própria
denominação, deve ser o objetivo do
projeto de desenvolvimento para a região.
Foram eles, os caboclos, que mantiveram a Amazônia
brasileira. Assegurar a eles uma vida melhor é
um compromisso do governo do PSB.
Ministério Estratégico
da Amazônia Nave Mãe do Programa
A operação de um
projeto de desenvolvimento defensivo para a Amazônia
necessita de um órgão de linha executiva
que implemente uma ação integrada
em todo território amazônico em conexão
com Estados e Municípios. A experiência
nos mostra que os organismos federais de apoio setorial
sempre resultaram insuficientes para o desenvolvimento
amazônico.
Não se trata de criar um novo órgão,
mas de criar uma unidade de gestão estratégica
de todos os órgãos federais que operam
na região como Receita Federal, BNDES, INCRA,
FUNAI, EMBRAPA, Petrobras, etc, incluindo os quadros
funcionais de todos os outros ministérios
que atuam na Amazônia.
O Ministério Estratégico da Amazônia
coordenará as políticas públicas
para a região.
O Ministério Estratégico da Amazônia,
em síntese, coordenará as operações
interativas de políticas públicas
dos diversos setores do governo para dar unidade
ao seguinte programa ancorado no desenvolvimento
sustentável.
A questão da agropecuária
e do extrativismo
A Amazônia é tão
grande e tem uma biodiversidade tão ampla
que nela há espaço para tudo. Existem
áreas propícias à pecuária,
à agricultura e ao extrativismo.
Não se justifica derrubar floresta para criar
gado quando existem os chamados campos gerais. Na
várzea não há necessidade de
derrubar uma única árvore para plantar
e colher em terra adubada naturalmente pela subida
e descida do rio. A extração é
viável em áreas próprias. Caberá
ao Ministério adotar as políticas
corretas nos lugares devidos.
A questão de infra-estrutura
energética
1. Ampliação da
Hidroelétrica de Tucuruí para 8 mil
Mw (já em curso).
2. Construção de novas hidroelétricas:
a. Monte Belo (Rio Xingu) 14 mil Mw (já
existe projeto).
b. Desenvolver estudos, projetos e viabilização
de outras usinas entre os rios Tapajós e
Araguaia-Tocantins, onde existe um potencial hidroelétrico
de cerca de 60 mil Mw, ou seja, igual à capacidade
hoje instalada em todo o Brasil.
3. Exploração da maior reserva de
gás natural brasileira construindo-se gasodutos
que, a partir de Urucu, atingiriam Manaus e Porto
Velho.
A questão das vias estratégicas
Hidrovias
1. Hidrovia Araguaia-Tocantins
Obra em curso com cronograma atrasado. Eleva o
leito do Tocantins em 70 m, em duas eclusas de 35
m cada; une Mato Grosso ao Pará, permitindo
colocar a produção do Centro-Oeste
no Atlântico. Por sofrer oposição
da população de Goiás, preocupada
com o impacto ambiental, o desenvolvimento dessa
obra deve ser revisto.
2. Hidrovia do Rio Madeira Necessita de sinalização
em virtude das erosões da própria
natureza.
3. Cabe observar que, no caso da construção
de novas hidroelétricas ou de hidrovias,
nenhuma iniciativa será tomada sem uma cuidadosa
análise do impacto ambiental.
Vias terrestres
1. Transamazônica Necessita
de asfaltamento (hoje 2 milhões de pessoas
dependem dessa via).
2. Cuiabá-Santarém Outra importante
via de integração que necessita de
asfaltamento.
3. Porto Velho - Manaus (BR 319) Em péssimo
estado de conservação precisa ser
reconstruída e asfaltada. Como já
dissemos, Manaus é a única capital
não ligada por rodovia ao restante do país,
somente sendo alcançada por via fluvial ou
aérea.
4. Macapá-Oiapoque Necessita de recuperação
e asfaltamento.
5. Humaitá-Lábrea Recuperação
e asfaltamento dessa única via que permite
a incorporação da produção
do Vale do Rio Purus ao restante do país
através de Porto Velho.
6. Rodovias Acre-Rondônia Conclusão
dos projetos de vias que a partir do Acre e de Rondônia
atingem o território peruano, abrindo para
nosso País a ligação, fundamental,
com o extraordinário mercado do Pacífico.
Sofrendo poderoso lobby contra, estas rodovias são
muito desejadas tanto pelo Brasil quanto pelo Peru,
pois abrem imensas perspectivas de integração
econômica entre os dois países.
7. Perimetral Norte Retomar a construção
desta importante rodovia estratégica para
o Projeto Calha Norte, pelo menos até o seu
enlace com a rodovia Manaus-Boa Vista-Paracaíma-Caracas,
que permitirá integrar ao território
nacional parte da área ao norte do Rio Amazonas,
junto às nossas fronteiras guianenses, área
menos conhecida do território amazônico.
8. Realizar novos estudos para novas vias penetrantes
e transversais em rotas importantes para a integração
do território na cobertura do vazio demográfico.
Projeto Novo Norte
Trata-se de projeto fundamental
da Eletronorte que permite:
1. Visão integrada do desenvolvimento defensivo
do sul do Rio Amazonas.
2. Reunião estratégica de todos os
grandes projetos de infra-estrutura da região
buscando sinergias econômicas e sociais.
3. Operação interativa de um processo
de desenvolvimento gradual dentro do planejamento
estratégico do Cinturão de Enlace
ocupando Mato Grosso e o Sul do Pará, explorando
a grande periferia da Calha Sul do Rio Amazonas,
ao mesmo tempo em que protegeria o coração
da floresta.
Projeto Calha Norte
Retomar o Projeto Calha Norte
para sua implantação integral fortalecendo
as cidades de fronteira construindo pólos
de desenvolvimento junto às fronteiras pela
agregação de outros órgãos
do governo (não apenas as Forças Armadas),
consolidando a presença do Estado nas regiões
mais remotas do território amazônico.
O governo FHC reduziu o já encolhido orçamento
de 36,9 para apenas 16 milhões.
Ecocidades Polo
Implantar ecocidades polo nas
calhas dos principais rios criando-se complexos
de saúde com hospitais adequados ao atendimento
das populações dispersas nos grandes
vales, hoje desprovidas dos mínimos recursos
na área.
Ações políticas
estratégicas
1. Lei de Patentes Torna-se
de fundamental importância para o desenvolvimento
defensivo da Amazônia a revisão da
Lei de Patentes, para devolver ao Brasil o poder
sobre o estoque genético amazônico
e desenvolver projetos biotecnológicos de
agregação de valor às matérias
primas locais.
2. Ciência e Tecnologia Esforço especial
deverá ser feito no sentido de que as universidades
e centros de pesquisa localizados na Amazônia
sejam fortalecidos. Neste sentido, a utilização
de recursos do Tesouro e de parte dos recursos disponíveis
nos vários Fundos Setoriais, vinculados ao
Ministério de Ciência e Tecnologia,
permitirá a efetiva implementação
de vários programas. É fundamental
criar condições para que as Universidades
Federais localizadas na Amazônia (a) ampliem
a titulação média do seu corpo
docente, (b) consolidem os atuais laboratórios
e criem novos laboratórios de pesquisa que
atuem em áreas estratégicas para a
região, sobretudo nas áreas da Ecologia,
Biotecnologia, Medicina Tropical e Novos Materiais.
É fundamental ampliar o número de
vagas oferecidas nestas instituições.
3. É imperativa a criação de
Escolas Técnicas Federais em todo os Estados
da região. Estas escolas devem atuar em áreas
de interesse regional, integradas à pedagogia
social do desenvolvimento sustentável. Atenção
especial deve ser dada às instituições
de pesquisa com larga tradição no
estudo dos problemas da Amazônia, entre as
quais destacamos o Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia, o Museu Emílio Goeldi,
o Instituto Evandro Chagas, o Centro de Primatologia
e o Centro de Biotecnologia, este em fase de implantação.
4. Integração da Amazônia com
os países vizinhos O governo do PSB priorizará
a aproximação com países que
partilham a Amazônia com o Brasil como a Venezuela,
a Colômbia, o Peru, a Bolívia e as
Guianas. Essa aproximação torna-se
de fundamental importância para que se possa
desenvolver uma estratégia comum de desenvolvimento,
de relações comerciais e de defesa
da soberania da Amazônia como um todo.
5. Universidade da Amazônia O governo do
PSB liderará a implementação
dessa Universidade concebida pela UNESCO, com campi
nos diversos países que partilham do território
amazônico. Ela pode se constituir no maior
instrumento estratégico para o desenvolvimento
defensivo da Amazônia na área da biotecnologia.
Considerações finais
Para escrever a história
brasileira do presente, sem os erros do passado,
é preciso considerar o Brasil do ponto de
vista do atual jogo internacional de poder; assim,
nos veremos como uma nação de periferia,
controlada pelo poder econômico e pelo complexo
industrial militar das nações ricas,
governada por uma elite que se recusa a reagir ao
dominador e priorizar os interesses da nação.
Portanto é questão central para o
nosso governo dar um corte radical na atual visão
de mundo imposta ao país pelos organismos
financeiros internacionais e defender a Amazônia
do atual jogo de poder, que deixa a nação
indefesa diante da ameaça de apropriação
de seu patrimônio econômico e natural.
Como já dissemos, essa nova aliança
do saber com a natureza para promover o desenvolvimento
defensivo da Amazônia, criará no Brasil
uma economia soberana, através do aproveitamento
científico-tecnológico dos seus imensos
recursos naturais em parceria com o empresariado
nacional, de forma autônoma, sem ter que ficar
nas mãos dos organismos financeiros que servem
ao velho paradigma de dominação econômica
internacional. O aproveitamento desses imensos recursos
naturais dará ao Brasil condições
cada vez melhores de atuar no cenário internacional
e de defender sua soberania, dentro de um modelo
de desenvolvimento alicerçado nas necessidades
de seu povo.
O maior obstáculo para o desenvolvimento
desse novo paradigma de sociedade brasileira a partir
da Amazônia são as forças políticas
de pensamento antinacional, que nos últimos
anos controlaram as instituições,
e hoje, colaboram com a atual ordem econômica
de dominação do Brasil e do continente
sul-americano, e que agora desejam ganhar mais um
mandato presidencial apoiadas pelo atual modelo
de poder do capital financeiro, imposto pela globalização
neoliberal sob o controle da ditadura financeira
dos organismos internacionais operada através
do FMI.
Se o período histórico que hoje vivemos
estabeleceu a primazia do capital especulativo,
o projeto político da Amazônia deve
se constituir na via da união do saber com
os recursos naturais para construir uma cultura
que subordine a economia aos interesses da nação,
de seu povo e de sua cultura, e principalmente à
construção de uma sociedade fundamentada
na justiça.
O meio ambiente amazônico é o território
natural propício ao desenvolvimento dessa
nova perspectiva histórica, que pode incorporar
os filhos dos excluídos da periferia das
grandes cidades e inaugurar um paradigma que afirme
a vida e o respeito à natureza como os bens
primordiais da humanidade, do qual deverão
emergir as novas formas de desenvolvimento econômico,
de relações sociais e desenvolvimento
político do Século XXI.
Esse novo paradigma polarizador de justiça
social, operado em harmonia com a preservação
do meio ambiente, vem sendo universalizado pela
defesa mundial do Desenvolvimento Humano Sustentável
como aferimento de desempenho dos atuais governos.
Esse modelo usado pela ONU como parâmetro
para a avaliação do índice
de qualidade de vida das nações, deixa
em segundo plano o crescimento do PIB, quando este
está fundamentado no processo de produção
industrial compromissado apenas com o crescimento
econômico sem responsabilidade social e sustentabilidade.
Ao planejar o desenvolvimento fundamentado no DHs,
estaremos construindo no presente a perspectiva
de um futuro livre para as novas gerações
de brasileiros ancoradas na defesa de uma nova sociedade
pactuada na cultura da paz em harmonia com a natureza.