Relatório divulgado pelo
Greenpeace mostra que o Brasil tem uma oportunidade
de ouro para capitalizar vantagens de mercado por
ser o único dos três maiores países
produtores de soja a não liberar o plantio
e a comercialização de transgênicos.
O Brasil vem ganhando cada vez mais mercados e prêmios
como resultado da demanda internacional crescente
por alimentos não-transgênicos. O relatório
do Greenpeace compila estatísticas e declarações
publicadas por órgãos oficiais, analistas
de mercado e grandes empresas de alimentação,
enfatizando a rejeição do mercado
mundial em relação aos transgênicos.
Se o país mantiver o status de não-transgênicos,
será capaz de atender à mudança
de mercado antecipada para o uso de ração
animal não-transgênica na Europa e
o mercado de alimentação humana na
Ásia, trazendo um impacto ainda mais significativo
para as exportações brasileiras.
Juntas, as importações européias
de farelo de soja e as de grãos de soja chinesa
e japonesas representam 40 milhões de toneladas.
Comparativamente as exportações brasileiras
de farelo de soja e grãos de soja representam,
respectivamente, 15 e 10 milhões de toneladas.
O mercado europeu de alimentos já é
praticamente 100% não-transgênico e
o mercado de alimentação animal é
estimadamente de 20-25% não-transgênicos,
com tendência de crescimento. “Seria contra
o bom senso de negócios se o Brasil começasse
a plantar ou importar grãos transgênicos”,
afirmou Mariana Paoli, coordenadora de Campanha
de Engenharia Genética do Greenpeace.
Desde a introdução da soja transgênica
nos EUA, o volume de exportações americanas
de grãos de soja para a Europa caiu de 9,2
milhões de toneladas em 1996 para 6,8 milhões
de toneladas em 2000, enquanto as exportações
brasileiras de grãos de soja não-transgênica
para a Europa aumentaram de 3,1 milhões para
6,3 milhões de toneladas no mesmo período.
O milho americano e a canola canadense sofreram
perdas ainda mais dramática no mercado.
“Como demonstram as declarações das
empresas e análises de mercado citadas no
relatório, por causa da maior rejeição
internacional aos grãos transgênicos,
a demanda por soja brasileira não pode ser
contestada”, disse Jean-François Fauconnier,
especialista em mercado do Greenpeace Internacional.
No Brasil, há quem acredite que o país
pode plantar variedades transgênicas e não-transgênicas
e suprir os consumidores conforme a demanda. As
experiências mostram o contrário: “Não
é possível fazer ambas as coisas.
Grãos transgênicos contaminam as plantações
convencionais e os sistemas de segregação
aumentam os custos de produção”, completou
Jean-François.
Preocupadas com a possibilidade do Brasil aprovar
os transgênicos proximamente, empresas européias
estão buscando comparar matéria-prima
certificada e que possa ser rastreada diretamente
de fontes alternativas totalmente confiáveis,
como é o caso da Índia. “O uso de
grãos transgênicos no Brasil seria
um suicídio ambiental e comercial, criado
mais pela influência de políticos e
empresas estrangeiras do que pela demanda de mercado
e o interesse de indústrias e consumidores
brasileiros”, conclui Mariana.