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GOLDEMBERG ANUNCIA NOVAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E ABRE DISCUSSÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DO SETOR FLORESTAL

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Setembro de 2002

O secretário estadual do Meio Ambiente, Professor José Goldemberg, anunciou na abertura do Seminário "100 Anos da Festa das Árvores no Brasil: Balanço e Perspectivas da Atividade Florestal - Ecos da Rio+10", hoje (18/9), na Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade, em Rio Claro, a criação e ampliação de novas unidades de conservação em São Paulo, por meio de decretos assinados ontem pelo governador Geraldo Alckmin.

Uma área de 7.720 hectares, no Pontal do Paranapanema, constituiu o Parque Estadual do Rio do Peixe, como compensação ambiental pela construção da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sergio Motta, pela CESP. As estações experimentais de Assis, com 2.816 hectares, e de Pederneiras, com 1.941 hectares, foram transformadas em Florestas Estaduais, adequando-se à lei que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, o que lhes permitirá obter reconhecimento nacional e internacional e facilitar a obtenção de recursos para projetos de pesquisa, além de possibilitar a criação de seus respectivos conselhos consultivos, viabilizando uma gestão sustentável dos recursos naturais do Estado.

Outros dois decretos ampliam as Estações Ecológicas de Jataí, que ganha 4.000 hectares perfazendo um total de mais de 9.000 hectares, e de Assis, que incorpora mais 500 hectares e passa a ter 1.1000 hectares. Esta última medida aumenta a proteção de áreas de mananciais da cidade de Assis, protegendo as nascentes existentes no local.

Esta unidade de conservação constitui-se em um dos últimos fragmentos representativos de vegetação de Cerrado no Sul do país, abrigando espécies importantes da fauna como o veado catingueiro e a jaguatirica, além espécies botânicas como o capitão-do-campo e o ipê.

Centenário da Festa das Árvores

Para o secretário do Meio Ambiente, o primeiro centenário da Festa das Árvores no Brasil constitui o resgate de uma história que começou em 1865, nos Estados Unidos, quando surgiram os primeiros alertas sobre as conseqüências do abate de 50 milhões de búfalos e da derrubada de 200 milhões de hectares de vegetação nas grandes planícies americanas, para expansão da fronteira agrícola.

Em 1882, Sterling Norton, vendo a entrega de florestas inteiras a grupos madeireiros, propôs e realizou o primeiro "Arbor Day" ou Dia da Árvore na América do Norte, já prevendo a erosão que tomaria conta dessas áreas desmatadas e a grande seca que acabaria ocorrendo naquele país nos anos 30 do século passado.

Vinte anos depois, em 1902, quando o Instituto Florestal paulista estava prestes a comemorar sua maioridade, o pesquisador sueco Albert Loefgren convenceu o presidente do Estado em exercício, Domingos de Moraes, a participar de um evento em Araras e plantar a primeira muda na Festa da Árvore. O ato seria considerado como o início da restituição da mata que as fornalhas das locomotivas da São Paulo Railway e a expansão cafeeira estavam consumindo.

Segundo Goldemberg, São Paulo, com 770 mil hectares de áreas reflorestadas, foi o estado pioneiro em reflorestamento, prática introduzida pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, para substituir a madeira nativa utilizada para aquecer as caldeiras de vapor dos trens. "Por este motivo, o Governo do Estado considera a retomada do plantio extensivo de florestas um imperativo econômico e ambiental para São Paulo", disse.

"Podemos dizer que a muda simbólica de 1902 floresceu e resultou nas 184 unidades de conservação federais existentes em 1998, abrangendo 39 milhões de hectares ou 4,6% do território nacional; resultou nas 451 unidades de conservação estaduais que somam outros 30,5 milhões de hectares e que, adicionando-se a esta conta a área de mais de 350 reservas particulares de proteção, temos hoje mais de 8% do país sob proteção integral."

Setor fatura US$ 21 bilhões

O setor florestal representa hoje importante segmento da economia nacional, faturando US$ 21 bilhões por ano, arrecadando cerca de US$ 2 bilhões em impostos anualmente e gerando dois milhões de empregos. Mas, apesar desses resultados, o país não explora todo o potencial do setor que movimenta, em escala mundial, US$ 300 bilhões por ano, segundo a Societé de Coopération pour le Dévélopment International (SOCODEVI).

Para efeito de comparação, basta lembrar que o café, que sempre teve muita importância para a economia brasileira, movimenta em todo o mundo cerca de US$ 20 bilhões anuais, menos de 10% do que representa a indústria florestal.

Para o diretor do Programa Nacional de Florestas, Raimundo Deusdará, que falou na abertura do encontro, o Brasil corre o risco de sofrer um "apagão florestal", pois o país planta, anualmente, cerca de 250 mil hectares de florestas, quando seriam necessários 630 mil hectares para reverter o déficit acumulado da produção de madeira. Sem matéria-prima, setores altamente competitivos como o siderúrgico e o de papel e celulose estão deixando de exportar. A maior dificuldade do setor florestal é a escassez de financiamentos compatíveis com suas necessidades.

Apesar desse quadro, o presidente da Sociedade Brasileira de Silvicultura - SBS, Nelson Barboza Leite, que participou do painel "Estratégia mundial e local de recursos florestais", declarou em Rio Claro que o balanço de um século da produção florestal brasileira ainda pode ser considerado positivo. "Saímos do extrativismo para o modelo auto-sustentável", avalia.

Segundo Barboza Leite, o maior desafio nos próximos dez anos é tornar as florestas nativas totalmente auto-sustentáveis, com exploração controlada, para termos "uma silvicultura que permita produzir madeira, preservar e enriquecer o meio ambiente, os valores culturais e econômicos das regiões".

Há vinte ou trinta anos atrás, houve um boom que provocou um desmatamento irracional, ocasionando graves problemas ambientais. Mas estas áreas então devastadas - devidamente somadas - caberiam hoje em cerca de 15 a 20% do total de 4,8 milhões de hectares de florestas cultivadas existentes atualmente no Brasil. Dos 300 milhões de metros cúbicos de madeira consumidos por ano no país, cerca de 40% provêm de matas nativas, "o que seria uma proporção razoável, se não houvesse exploração clandestina", segundo o presidente da SBS.

Barboza Leite acredita que a exploração sustentável deve se consolidar nos próximos anos, já que a legislação tornou-se mais rigorosa. Além disso, o governo tem criado áreas específicas para o manejo florestal e as exportações do setor estão melhor controladas.

Dos US$ 21 bilhões anuais corrrespondentes ao faturamento total desse setor florestal no Brasil, US$ 16,1 bilhões provêm da silvicultura, o que representa aproximadamente 3% do Produto Interno Bruto - PIB de 2001. Desse total, o segmento de papel e celulose contribui com 57,1%; a indústria moveleira, 15,5%; siderurgia, 14,3%; e o setor de madeira sólida, 13,1%.

Recursos para o setor

Apesar da falta de mais recursos para o setor, os especialistas já vislumbram uma luz no fim do túnel. O governo federal promete destinar R$ 150 milhões em doze meses para pequenos produtores efetuarem o plantio de florestas, por meio do Pronaf Florestas, do Ministério da Agricultura, e do Propflor, do Ministério do Meio Ambiente, lançados em agosto último.

No Estado de São Paulo, o Governo estadual, por intermédio da Secretaria do Meio Ambiente, tem incentivado o plantio de florestas para atender à demanda. Recentemente, o Instituto Florestal publicou edital para o plantio de aproximadamente 180 mil mudas de árvores de madeira de lei, que serão cultivadas em 212 hectares distribuídos em cinco estações experimentais localizadas em Assis, Pederneiras, Itapetininga, Luís Antônio e Mogi-Guaçu e no Horto Florestal de Palmital. O plantio faz parte do Programa Estadual de Incentivo à Produção de Madeira de lei, para fomentar a formação de bosques-padrão de madeiras nobres.

Até o final do ano, este programa deverá plantar 1,2 milhão de mudas de pau-marfim, cabreúva, peroba, pinheiro-do-paraná, aroeira, ipê roxo e canela, sobretudo em áreas do Estado, com a intenção de criar, a médio prazo, mecanismos de comercialização antecipada de madeiras nobres.

Desta maneira, empresas dos setores de papel e celulose, móveis e aglomerados, ou mesmo proprietários rurais que precisarem recompor os 20% de reserva florestal em suas propriedades, como exige a lei, terão incentivos para investir na produção de madeiras de lei. Os mecanismos em estudo prevêem a criação de certificado para ser comercializado, na forma de "commoditties", na Bolsa de Mercadorias e de Futuro - BMF. Estuda-se ainda a adoção de um certificado de seqüestro de carbono que, futuramente, poderá ser objeto de comercialização.

 
 
Fonte: SMA – Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa
 
 
 
 
 
 

 

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