O professor José Goldemberg,
secretário estadual do Meio Ambiente, fez
uma avaliação dos resultados alcançados
na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável,
a Rio+10, na abertura do I Congresso de Direito
Ambiental, promovido pelo Centro Acadêmico
XI de Agosto, da Faculdade de Direito da USP -,
nesta terça-feira (10/9).
No seu entender, a conferência realizada em
Johannesburgo, na África do Sul, não
produziu os resultados desejados em relação
a metas e prazos que deveriam ser estabelecidos
para efetivamente se buscar o desenvolvimento sustentável
do planeta, principalmente com a implementação
da Iniciativa Brasileira de Energia, de sua autoria,
para atingir, em 2010, o percentual de 10% de adoção
de energia renovável no mundo todo.
"No entanto, considero uma vitória o
fato de que os participantes da conferência
acabaram reconhecendo o direito dos blocos regionais,
principalmente o bloco latino-americano, de seguir
adiante com a iniciativa de se estabelecer metas
com respeito à utilização de
energia renovável", argumentou o professor
Goldemberg, ex-reitor da Universidade de São
Paulo.
A proposta brasileira, segundo informou, teve como
grandes opositores o bloco integrado pelos países
produtores de petróleo do Golfo Pérsico,
que temiam a perda de mercado de produtos petrolíferos,
e os Estados Unidos, que recusaram unilateralmente
o estabelecimento de metas e prazos. "É
aquela velha tendência dos americanos seguirem
sempre isoladamente. Eles se consideram a Roma do
século XXI", disse.
Apesar da proposta brasileira
ter sido derrotada, Goldemberg acredita que o assunto
poderá voltar ao palco das discussões
internacionais em abril ou maio próximo,
quando as decisões sobre energia tomadas
em Johannesburgo serão avaliadas pela Comissão
de Desenvolvimento Sustentável das Nações
Unidas.