Panorama
 
 
 

SEMINÁRIO EM RIO CLARO É ENCERRADO COM MANIFESTO E CARTA AOS PRESIDENCIÁVEIS

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Setembro de 2002

O seminário "100 Anos da Festa das Árvores no Brasil: Balanço e Perspectivas da Atividade Florestal - Ecos da Rio+10" encerrou-se no último dia 20 de setembro, na Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade, em Rio Claro. Depois de três dias de debates, os especialistas em gestão de recursos florestais que participaram do encontro, junto com o público presente, aprovaram, por unanimidade, a "Carta de Rio Claro aos Presidenciáveis" e "Manifesto de Rio Claro".

Greenpeace
Os documentos, entre outras reflexões e reivindicações, dentro do "espírito do Dia da Árvore", propõem que sejam implementadas novas negociações, em todas as instâncias, para promover novas discussões em torno da proposta brasileira de adoção de 10% de energias renováveis na matriz energética mundial, para remover as rejeições que sofreu na conferência de Johannesburgo. Postulam, ainda, a inclusão, como crédito de carbono, da redução de 15 a 20% do desmatamento da Amazônia, à qual se obrigaria o Governo brasileiro.

O encerramento do seminário contou com a presença, entre outros, do secretário-adjunto da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Paulo Ferreira, do prefeito de Rio Claro, Cláudio Antonio De Mauro, e do representante do Ministério do Meio Ambiente, José Pedro de Oliveira Costa, além da Diretoria do Instituto Florestal, que promoveu o evento.
Os participantes do seminário procederam, também, na sexta-feira passada, aos últimos plantios previstos para os três dias do evento na Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade, chegando ao número de 100 árvores de espécies nativas brasileiras, numa alusãoaos 100 anos da Festa das Árvores no país.

 

Carta de Rio Claro aos presidenciáveis

Senhores postulantes ao cargo de Presidente da República do Brasil:

Reuniram-se em Rio Claro, São Paulo, tendo como palco a Floresta Estadual "Edmundo Navarro de Andrade", administrada pelo Instituto Florestal da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, de 18 a 21 de setembro de 2002, especialistas reconhecidamente expressivos na gestão dos recursos florestais tanto na área de produção quanto da conservação.

Por unanimidade, a sessão plenária do seminário, realizado como marco do centenário do primeiro movimento de mobilização da sociedade em defesa dos recursos naturais no Brasil - o Dia da Árvore celebrado em 07 de junho de 1902 na cidade paulista de Araras -, aprovou um conjunto de sugestões vitais e prioritárias, que submetemos à Vossa Excelência, na expectativa de que elas venham a ser inseridas na agenda governamental da próxima administração, a ser instalada na alvorada de 2003.

A adoção das medidas propostas a Vossa Excelência significará uma ação digna dos verdadeiros estadistas, na medida em que elas estarão respaldando, para as atuais e futuras gerações, o direito à qualidade de vida, ao emprego, à dignidade e ao bem-estar dos cidadãos brasileiro. Tais propostas representam, um compromisso inalienável para com o dever da cidadania e embutem, sem sombra de dúvida, um sentido extremamente patriótico.

1. Transformar a Floresta Estadual "Edmundo Navarro de Andrade" em referência nacional para pesquisas e desenvolvimento ambientais de florestas plantadas e ecossistemas autóctones.

2. Criação da Agência Nacional de Florestas para cuidar e normatizar, exclusivamente, o desenvolvimento e produção floresta, rompendo, dentro do conceito atual globalmente praticado, a dicotomia entre produção e conservação florestal.

3. Florestas plantadas, com todos os seus bens e serviços à coletividade, serão compreendidas como sistemas florestais em toda a sua abrangência funcional: água, clima, biodiversidade, ciclos biogeofísicos e biogeoquímicos, distingüindo-as, dessa forma, da agricultura tradicional.

4. O Brasil caminha sem retrocesso para e tornar uma importante potência florestal mundial, mas impõe-se buscar modelos que possibilitem incorporar pequenos e médios produtores rurais no mercado setorial, através de políticas públicas que conduzam à democratização dos bosques plantados.

5. O Congresso Nacional e o Executivo, em regime de urgência urgentíssima, precisam resgatar o Projeto de Lei da Senadora Marina Silva, já aprovado pelo Senado Federal em 1998; a medida possibilitará o efetivo controle da biopirataria e ensejará a defesa e desenvolvimento dos recursos genéticos da nossa biodiversidade.

6. Em todas as instâncias, municipal, estadual, nacional e internacional, urge promover tratativas para resgatar a proposta brasileira, formulada em Joanesburgo, no sentido de que a matriz energética planetária utilize, no mínimo, 10% de energia limpa renovável, excluindo a opção nuclear.

7. Na mesma linha de raciocínio, as tratativas internacionais devem postular a inclusão, como crédito de carbono, da redução de 15 a 20% do desmatamento da Amazônia, à qual se obrigaria o Governo Brasileiro.

8. Definir mecanismos e Políticas Públicas para as comunidades tradicionais e indígenas participarem da proteção, acesso e usufruto dos recursos genéticos imobilizados na nossa biodiversidade, dentro do princípio básico de que não há biodiversidade sem a sócio-biodiversidade, uma vez que referidas comunidades detêm o conhecimento e competência requeridos.

9. Promover, no território nacional, o fortalecimento em todas as esferas, da ciência e tecnologia que possibilitem ao País transformar-se em potência florestal em nível mundial.

10. Urge retomar taxas de reflorestamento compatíveis com as necessidades dos setores de base florestal, tais como celulósico-papeleiro, siderúrgico, moveleiro e de processamento mecânico, para que o país continue girando saldos positivos em sua balança de comércio, evitando os riscos do denominado "apagão florestal".

11. Que os conhecimentos gerados através do SIVAM e SIPAM sejam democratizados e efetivamente repassados à sociedade civil, livre de ônus e peias burocráticas, para que se possa ter um efetivo controle da ocupação do espaço amazônico.

12. Tendo em vista a escassez e má distribuição da água potável no Brasil e no mundo, torna-se necessário o fortalecimento democrático das instâncias que planejam e implementam as ações em recursos hídricos. É necessária a aceleração com qualidade dos processos educativos formais e informais que ampliem a consciência humana sobre os riscos da falta de água, recurso estratégico do milênio, para a vida no planeta.

13. O Brasil deve buscar respostas orçamentárias e outros mecanismos que garantam recursos financeiros necessários para recuperação e administração democrática dos recursos hídricos. A iniciativa privada, as organizações não-governamentais e todas as instâncias de governo devem ser convocadas a participar, se responsabilizando pela recuperação dos recursos hídricos nacionais e internacionais.

14. Os planos e ações referentes aos temas ambientais de nossas riquezas e bens naturais, devem ter abordagens transdiciplinares e integradas como condição indispensável para que sejam alcançados os objetivos técnicos e políticos da distribuição da riqueza. Água, energia e biodiversidade devem ser abordadas para garantir o presente e o futuro da vida em nosso planeta.

Rio Claro, 21 de setembro de 2002

Manifesto de Rio Claro

Um planeta doente gera filhos doentes: uma parte dos habitantes vitimada pela enfermidade do consumismo, enquanto outra, incluída no rol de exclusão social, sem acesso aos bens mínimos para uma vida digna. Isso ocorre neste raiar do Novo Milênio.

Nós aqui reunidos em Rio Claro, na comemoração do Centenário da Primeira Festa da Árvores realizada no Brasil, assumimos o solene compromisso de resgatar o direito à vida e à dignidade humana desta sociedade planetária.
A recente Reunião da Cúpula Mundial realizada em Johannesburgo, na África do Sul, em agosto de 2002, avaliou os Protocolos Internacionais lançados na Reunião das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em 1992. Esta reunião também chamada de Rio+10 corre o risco de tornar-se letra morta se ações concretas não forem implementadas nos países signatários. Mais uma vez os Estados Unidos da América do Norte adotaram teses retrógradas, desconsiderando as ameaças ambientais a que toda a humanidade vem se expondo em função de uma economia ecologicamente não sustentável e excludente para a participação da grande maioria da população do globo.

É indispensável o resgate do espírito do Dia da Árvore, realizado pela primeira vez no Brasil, na cidade de Araras em 1902, inspirado no "Arbor Day" adotado nos Estados Unidos a partir de 1872. Nos Estados Unidos, essa comemoração vinha insuflar novo alento à sociedade americana, restaurando a proteção e o uso racional das florestas com a sensibilização da consciência pública através do plantio de árvores.

Temos que nos espelhar naquele período negro da sociedade americana quando a ação dos maus políticos possibilitava a destruição de suas florestas pelos interesses privados e corporativos, quando o ministro do Interior, que administrava as reservas florestais, chegou às barras do tribunal. E foi essa revolução que alimentou o espírito que hoje mantém a importante rede de Unidades de Conservação e de Áreas de Produção Florestal naquele país.
No Brasil, o espírito do "Arbor Day", materializado há um século na "Festa Anual das Árvores", foi inspiração de Alberto Löfgren, primeiro diretor do Instituto Florestal do Estado de São Paulo, dando alento às pessoas que lutam pela causa florestal e pela preservação da biodiversidade brasileira. Esse foi o primeiro movimento de consciência cidadã pela proteção de seus bens naturais, reunindo em praça pública educadores, intelectuais, literatos, políticos, a juventude e os órgãos de comunicação.

Aqui, o espírito do "Dia da Árvore" reverteu não somente a atitude das companhias ferroviárias, que passaram da fase de devastação para a do plantio de florestas de produção, mas também induziu a criação de Parques, Reservas e Florestas Estatais, que só no Estado de São Paulo já se aproximam de 1 milhão de hectares. Esta Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade nasceu no bojo do movimento do "Arbor Day".

• Foi também daqui de São Paulo, do Instituto Florestal, que saíram as sementes para reverdecer a Hiroshima destruída pelo holocausto nuclear da 2ª. Grande Guerra.

• E também dessa Instituição saíram as plantas para arborização do eixo monumental de Brasília, símbolo do desvendamento do Planalto Central, que pretendia quebrar as barreiras entre Estados desenvolvidos e subdesenvolvidos, com restauração da eqüidade e da moralidade públicas.

• Das fileiras do Instituto Florestal saíram os homens que redigiram o primeiro Código Florestal de 1934 e o de 1965. Também dele saíram membros que ajudaram a redigir a Agenda 21 e subsidiaram a Conservação da Diversidade Biológica, dois protocolos aprovados na Reunião da Rio 92.

• Foi o secretário do Meio Ambiente de São Paulo, da pasta que abriga o Instituto Florestal, o autor da proposta brasileira em Johannesburgo, de aumento do percentual de energia renovável na matriz energética mundial.

Este seminário de Rio Claro deve ser o agente de uma nova empreitada, agora na materialização dessa nova tese onde as florestas terão papel fundamental na efetivação do Protocolo de Kyoto, de redução dos gases geradores do efeito estufa.

Aqui estão reunidos, além do Instituto Florestal, o setor empresarial florestal e outras instituições de pesquisa dessa área, além das respectivas corporações e da juventude universitária que representa a garantia de continuação desse ideal.

O Brasil não pode deixar passar a oportunidade dessa reversão na sua história. Temos um papel relevante a desempenhar na participação dos recursos mundiais para salvamento do planeta e um exemplo a dar na América Latina.

Vamos nos alinhar para salvar a rica diversidade biológica com que fomos privilegiados no Brasil, proteger nossas reservas de águas superficiais e subterrâneas e criar recursos materiais e divisas para nosso país, aumentando a oferta de empregos, com a implantação também de florestas de proteção e estrutura de turismo ambiental, aumentando a consciência cidadã, pela continuidade da vida no Planeta.

Rio Claro, 21 de setembro de 2002 - ano 2 do novo milênio;
502 anos do Descobrimento do País, que recebeu nome de árvores - o Pau-Brasil;
180 anos da Independência Colonial de Portugal, a primeira independência possível;
10 anos da reunião das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92, compromisso internacional para salvamento do Planeta;
100 anos da Primeira Festa Anual das Árvores, um grito de alerta como sentinela avançada.

Fonte: SMA – Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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