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GREENPEACE COBRA DO MINISTRO CELSO LAFER PROTEÇÃO PARA O MOGNO

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Novembro de 2002

Ativistas pedem que o Itamaraty ouça o Presidente Fernando Henrique Cardoso e o governo Lula e vote a favor da inclusão da espécie no Anexo II da Cites

Dez ativistas do Greenpeace protestaram hoje pela manhã em frente ao Palácio do Itamaraty contra a forte oposição da delegação brasileira à Cites de aumentar a proteção internacional ao mogno, mais valiosa madeira nobre das Américas, sob risco de extinção. A Cites (Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas), discute, em Santiago do Chile, medidas de proteção a várias espécies ameaçadas pela exploração predatória e o intenso comércio internacional (1).

O Greenpeace pediu ao Ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, que instrua a delegação brasileira, liderada pela diplomata Mitzi Gurgel Valente, a seguir a recomendação da equipe de transição do governo Lula em favor do Anexo II da Cites - medida que aumentará o controle sobre o comércio de mogno (2) - e a cumprir a palavra empenhada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso de proteção à essa espécie. A proposta de inclusão do mogno no Anexo II da Cites foi feita pela Nicarágua e Guatemala, e tem o apoio em bloco dos países da União Européia e da América Central, além do próprio Secretariado da Cites. A votação da proposta está prevista para acontecer entre terça (12/11) e quinta-feira (14/11).

Os manifestantes reproduziram em caixas de som um trecho do programa "Palavra do Presidente" do dia 09 de abril, no qual o Presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que "o governo fará tudo para proteger o mogno, uma riqueza de nossas florestas que infelizmente, como alvo da cobiça dos madeireiros, está ameaçada de extinção". Os ativistas utilizaram o lago ao redor do Itamaraty para representar a exploração destrutiva e predatória realizada pela indústria madeireira na Amazônia: centenas de tubos amarrados formavam uma grande "jangada simbólica de toras de mogno", enquanto ativistas locomoviam-se em pequenos botes infláveis, simulando o trabalho desenvolvido pelo Greenpeace na região amazônica.

Também foi protocolado na sede do Ministério das Relações Exteriores, a entrega de um banner que foi assinado por centenas de pessoas que expressaram em textos e desenhos sua preocupação em favor do mogno. Recebeu o banner o conselheiro do MRE, André Lago.

O local foi escolhido pelo fato de o Palácio do Itamaraty ser a sede do Ministério das Relações Exteriores, responsável pela delegação brasileira na Cites (3). O Greenpeace criticou a posição do Itamaraty e da delegação brasileira no Chile, que não reflete a postura do Presidente Fernando Henrique em favor do mogno nem a determinação presidencial de que a equipe de transição de Lula seja ouvida em questões que afetem o próximo governo. O responsável pela área de meio ambiente da equipe de transição de Lula, deputado Gilney Viana, enviou ao governo, na sexta-feira (08/11) a posição do PT em favor do Anexo II. "A inclusão do mogno no Apêndice II do Cites é uma ação necessária", disse Gilney na nota. Posição semelhante foi defendida pela Senadora Marina Silva, do PT.

Segundo Nilo d’Ávila, da campanha Amazônia, do Greenpeace, "o Itamaraty está defendendo interesses comerciais e lucros de curto prazo e não se preocupa com a sobrevivência do mogno a longo prazo, nem leva em conta que a intensa exploração dessa espécie está totalmente fora de controle do governo." Nilo lembrou declaração da Polícia Federal de que a maior parte do mogno é explorado ilegalmente por poucos grupos que operam como o crime organizado. "O mogno estará extinto em poucos anos se não for protegido já", disse ele.

Os ativistas presentes na manifestação de hoje estão participando da vigília montada pelo Greenpeace sob uma árvore de mogno na Esplanada dos Ministérios. A vigília começou no mesmo dia em que a 12ª Conferência das Partes da Cites, e deverá permanecer montada até que a proposta relativa ao mogno seja votada em Santiago.

1) A 12a Conferência das Partes (COP 12) da Cites discute, de 3 a 15 de novembro, mais de 50 propostas de aumentar ou reduzir a proteção de um grande número de espécies ameaçadas pelo comércio internacional. Em muitos casos, isto significa escolher entre pôr ou não uma espécie em risco para ter lucros de curto prazo ou proteger sua sobrevivência a longo prazo. O Greenpeace apóia várias iniciativas na Cites, em particular propostas para proteger o mogno, o bacalhau de profundidade (Tootfish) e tubarões, e se opõe à redução da proteção às baleias e elefantes.

2) Desde 1988, o mogno está listado no Anexo III, mas a medida se mostrou ineficaz para garantir a origem legal do mogno comercializado, bem como para dar transparência ao mercado e reduzir a pressão indiscriminada aos estoques remanescentes, como demostra a forte exploração em terras indígenas e áreas protegidas, a exportação de mogno ilegal com certificados Cites III e o contrabando.

3) Na quinta-feira (07/11), a delegação brasileira divulgou um documento chamado "Conservação da ‘Swietenia macrophylla’ (mogno) - Posição Brasileira", no qual afirmou ser contra a proposta de incluir a espécie no Anexo II da Cites. A delegação brasileira argumenta que o Sistema Integrado de Controle e Monitoramento dos Recursos Florestais (Sisprof), o aumento da fiscalização e a nova legislação para o manejo de áreas com ocorrência de mogno seriam suficientes para proteger a espécie. No entanto, o Sisprof ainda não foi implementado, e a legislação para o manejo de áreas com ocorrência de mogno ainda está sendo elaborada e precisa, depois, ser aprovada. Além disso, a fiscalização - que é de responsabilidade do Ibama - é, reconhecidamente, ineficaz, já que a instituição não dispõe dos recursos financeiros, técnicos e humanos necessários.

 
 
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa
 
 
 
 
 
 

 

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