O pau-brasil,
chamado pelos índios de "ibirapitanga",
que significa madeira vermelha, é uma espécie
de Mata Atlântica que ocorre naturalmente
do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Norte. No Estado
de São Paulo, porém, onde a espécie,
cujo nome científico é Caesalpinia
echinata, não é autóctone,
há vários plantios de pau-brasil desenvolvidos
principalmente por institutos de pesquisas.
O Instituto de Botânica, órgão
vinculado à Secretaria do Meio Ambiente do
Estado, iniciou no dia 4 de novembro passado o mapeamento
das ocorrências de pau-brasil no Estado. A
pesquisa, a cargo do pesquisador Yuri Tavares Rocha,
vai se estender até o dia 22, passando por
Campinas, Paulínia, Piracicaba, Iperó,
Botucatu, Bauru, Jaboticabal, Ribeirão Preto,
Franca, Mogi-Guaçu, Ilhabela e Santos, consistindo
na coleta de material botânico, registro fotográfico
e de coordenadas geográficas, entrevista
com administradores e pesquisadores e levantamento
de dados bibliográficos e históricos.
Guardadas as devidas proporções, o
pesquisador repete as expedições dos
naturalistas do século XIX, só que
munido de recursos modernos como o GPS, ou "Global
Positionning System", aparelho que fornece
as coordenadas geográficas por meio de satélites,
e no lugar de trilhas percorridas em lombos de burros,
estradas asfaltadas a bordo de Palio Adventure fornecido
pela Fiat, ornado com as folhas dessa espécie
arbórea.
Projeto Pau-brasil
Essa "expedição
científica" faz parte do Projeto Pau-brasil,
como os pesquisadores do Instituto de Botânica
nomeiam o projeto "Caesalpinia echinata Lam.
(pau-brasil): da semente à madeira, um modelo
para estudos de plantas arbóreas tropicais
brasileiras", financiado pela Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo - FAPESP.
O projeto, sediado no Instituto de Botânica,
é coordenado por Rita de Cássia Leone
Figueiredo Ribeiro, pesquisadora da Seção
de Fisiologia e Bioquímica de Plantas, com
a participação de Claudio José
Barbedo, pesquisador da Seção de Sementes
e Melhoramento Vegetal, e Yuri Tavares Rocha, pesquisador
da Seção de Ecologia e doutorando
do Departamento de Geografia, da Universidade de
São Paulo.
Várias instituições, como a
Universidade de São Paulo e o Instituto de
Pesquisas Tecnológicas, entre outras, inclusive
internacionais, participam do projeto iniciado em
2001, com término previsto para 2004, com
abordagens como a distribuição geográfica
e história de exploração; diversidade
polínica e variabilidade genética;
maturação, armazenamento e germinação
de sementes; propagação e cultivo
"in vitro"; manejo de bosque homogêneo;
padrão anatômico do lenho; estrutura,
propriedades físicas e mecânicas da
madeira; suscetibilidade e resistência de
plantas aos poluentes aéreos urbanos; e sanidade
biológica de árvores adultas.
O pesquisador vai buscar evidência científica
da ocorrência natural do pau-brasil no Estado
de São Paulo e pesquisar os plantios realizados
em vários campos universitários, parques,
bosques e jardins botânicos. São plantios
estimulados pela importância botânica,
histórica e simbólica da espécie,
visando a conservação da variabilidade
genética da espécie e objetivando
a ampliação do conhecimento científico
sobre a mesma.
Além disso, o pau-brasil é uma árvore
de grande efeito ornamental, com flores amarelas
manchadas de vermelho e um perfume marcante e agradável.
Atualmente a madeira, que era objeto de tráfico
intenso no período colonial para a retirada
de corante vermelho para tecidos, é usada
no fabrico de arcos de instrumentos musicais de
corda.