PEIXE-BOI "XICA" DEU
A LUZ UM FILHOTE
POSSIVELMENTE PREMATURO
Panorama Ambiental
São Paulo - Brasil
Novembro de 2002
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Xica, o peixe-boi mais velho
do Centro Mamíferos Aquáticos /IBAMA (CMA/IBAMA),
deu à luz ao seu segundo filhote. Infelizmente, o
animal, com 112 cm de envergadura e 20 Kg, encontrava-se
morto.
Os técnicos do Centro Mamíferos Aquáticos
/IBAMA suspeitavam que Xica estivesse gestante, devido a
uma edemaciação (inchaço) da vulva
do animal e abaulamento do abdômen. Não era
possível diagnosticar a gestação porque
evita-se o manejo de fêmeas com suspeita de prenhez,
a fim de não estressar a fêmea e não
fazer com que o peso da mãe comprima o feto durante
o esvaziamento da piscina.
Ainda não se sabe a causa da morte do filhote, mas
pelo tamanho do animal, suspeita-se que seja prematuro.
Um filhote de peixe-boi nasce com, aproximadamente, 30 kg.
Amostras foram recolhidas para o mapeamento genético
e só após a necropsia talvez seja possível
identificar as possíveis causas da morte.
O parto foi acompanhado pelo Chefe do CMA/IBAMA, Régis
Pinto de Lima, e por um funcionário, que relataram
que o nascimento foi rápido e que o filhote não
foi à superfície para respirar, indo direto
para o fundo do oceanário. Na tentativa de fazer
o animal respirar, o funcionário mergulhou e trouxe
o animal para fora da piscina, onde a veterinária
do CMA/IBAMA procedeu com as devidas condutas de emergência,
porém, sem obter sucesso.
Xica está isolada em um oceanário e passa
bem, apesar de demonstrar um pouco de cansaço. A
placenta foi expelida durante a madrugada e guardada para
análise. Mesmo assim, Xica continua em observação.
Em 11 anos, este foi o quarto filhote nascido em cativeiro,
no CMA/IBAMA. É o segundo filhote de Xica. O primeiro,
Xiquito, nasceu em 1996, com problemas de saúde e
viveu apenas até os três anos.
Xica
Xica é o peixe-boi
mais velho do Projeto. Foi capturada ainda filhote, com
aproximadamente um ano, por uma família, num curral
perto da praia de Pontas de Pedra, litoral norte de Pernambuco.
Foi mantida dentro de uma piscina durante cinco anos, sendo,
então, doada à Prefeitura do Recife, que a
colocou num tanque na Praça do Derby, onde permaneceu
por 27 anos.
Como o tanque em que foi mantida era muito pequeno e raso,
Xica teve sérios problemas na coluna vertebral, além
de atrofia na musculatura lombar direita. Tinha dificuldade
de deslocamento na água, nadando em círculos
e sempre em sentido horário. Por permanecer muito
tempo com a região dorsal fora d'água, ela
teve uma queimadura solar que lhe deixou com uma cicatriz
que até hoje pode ser vista.
Em agosto de 1992, Xica foi transferida para Itamaracá.
Ao chegar, estava muito magra, com cerca de 300 quilos.
Mas ela se recuperou muito bem. Em dezembro de 1996, teve
um filhote, o Xiquito. Mas, talvez por causa das deformidades
da mãe, ele nasceu com problemas, não resistiu
e morreu aos três anos.
Hoje, Xica pesa cerca de 550 quilos, está bem melhor
do seu problema, mergulha e nada bastante. Mas, por causa
das seqüelas do período em que viveu em cativeiro
inadequado, ela não voltará para o habitat.
Permanecerá no Projeto Peixe-Boi, onde recebe os
cuidados necessários.
CMA desenvolve projeto piloto para realizar
exame de Ultra-som em Peixes-bois
Para poder monitorar melhor
a prenhez de peixes-bois, o Centro Mamíferos Aquáticos/IBAMA,
em parceria com o Fundo Nacional de Meio Ambiente/MMA, está
realizando um projeto piloto para realização
de exames de ultra-som em fêmeas de peixes-bois.
O objetivo é diagnosticar e acompanhar a gestação
de peixes-bois, já que o animal não apresenta
alterações visíveis durante a gestação
e não é aconselhável fazer o manejo
em fêmeas de peixes-bois com suspeita de gestação
- para que o peso da mãe não machuque o filhote.
A prenhez de peixes-bois só é detectada no
final da gestação (muito próxima do
nascimento), porque o animal apresenta um inchaço
na vulva que demonstra a proximidade do parto.
Para poder aplicar o projeto piloto, o CMA/IBAMA começou
há um mês e meio um projeto de condicionamento
de uma fêmea de peixe-boi (Marbela) para que ela permita
espontaneamente a realização do exame dentro
da água - levantando o abdômen para fora da
água e permitindo a utilização do aparelho.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
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