Quem gosta
de ostras frescas poderá adquirir o produto
na 1ª Feira da Economia Solidária -
Ecosol 2002, que se realiza nos dias 20 e 21 de
dezembro, no horário das 9 às 18 horas,
com entrada gratuita, no Pavilhão de Exposições
do Parque da Água Branca localizado na Avenida
Francisco Matarazzo, 455, em São Paulo.
As ostras estarão sendo oferecidas pela Cooperativa
dos Produtores de Ostras de Cananéia - COOPEROSTRA,
formada por caiçaras e quilombolas que vivem
da pesca artesanal no Litoral Sul do Estado de São
Paulo. Outras cem cooperativas de setores variados,
como alimentação, artesanato, vestuário,
serviços e outros, também estarão
presentes na feira.
Manejo sustentável
As ostras produzidas pela COOPEROSTRA
são coletadas num sistema de manejo sustentável
nos manguezais de Cananéia, com a sua sanidade
garantida pelo Serviço de Inspeção
Federal - SIF. A entidade que foi premiada na Conferência
da ONU, a Rio+10, em Johannesburgo, juntamente com
outras 26 iniciativas bem-sucedidas de desenvolvimento
sustentável e de combate à pobreza,
já comercializa o produto no Litoral paulista,
devendo estender as vendas também para os
restaurantes da Capital.
O projeto que deu origem à COOPEROSTA é
coordenado pela Fundação Florestal,
órgão vinculado à Secretaria
de Estado de Meio Ambiente, e pelo Instituto de
Pesca, da Secretaria de Estado da Agricultura e
Abastecimento. O primeiro resultado prático
foi a organização da produção
de ostras, o que permitiu eliminar atravessadores
e aumentar a remuneração média
dos 48 cooperados. Em conseqüência, ocorreu
a diminuição do esforço de
coleta e do risco de sobreexploração.
Outro benefício foi a legalização
fiscal, sanitária e ambiental da atividade,
que até então era clandestina e desrespeitava
o defeso, período em que a captura é
proibida para não prejudicar a reprodução
dos moluscos. O manejo passou a ser feito com base
em pesquisas sobre a população da
espécie e a capacidade máxima de captura,
realizadas pelo Instituto de Pesca, resultando no
aumento da produtividade e na redução
do risco de esgotamento desse recurso natural.
Além de gerar renda e contribuir para a organização
da comunidade, o trabalho também visa a conscientização
dos envolvidos sobre a importância da preservação
do manguezal. Para garantir sua renda, os caiçaras
de Cananéia procuram zelar pela integridade
das árvores desse ecossistema em cujas raízes-escora
se fixam as ostras.
Berçário do Atlântico
A dependência da preservação
do manguezal confere relevância e potencial
de replicabilidade global ao projeto, pois esse
ecossistema concorre decisivamente para a sustentabilidade
da pesca oceânica em diversas regiões
do planeta. Além de abrigar os moluscos coletados
pelos cooperados, o manguezal proporciona alimento
e proteção para diversas espécies
de peixes e crustáceos marinhos, que procuram
refúgio nesse ambiente durante a fase de
reprodução ou crescimento, retornando
posteriormente ao mar.
Num passado recente, a inexistência de alternativas
ambientalmente sustentáveis favoreceu a destruição
de extensos maciços de manguezais na costa
brasileira, os quais foram submetidos a desmatamentos,
drenagens, aterros e poluição.
Entre as áreas remanescentes no Estado de
São Paulo, a maior e mais conservada situa-se
no Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape, Cananéia
e Paranaguá, onde está inserido o
projeto. Essa região foi declarada Sítio
do Patrimônio Mundial, pela Unesco, e costuma
ser chamada de "berçário do Atlântico"
devido à sua importância como criadouro
natural de muitas espécies marinhas.