Hoje (10/12), em Washington,
o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva,
confirmou á imprensa norte-americana que
a senadora Marina Silva (PT-AC) é a escolhida
para o Ministério do Meio Ambiente
Enquanto a mídia brasileira
está preocupada com a indicação
de um nome para a presidência do Banco Central,
o presidente Lula anunciou hoje, no National Press
Club, em Washington (EUA),que a senadora Marina
Silva (PT-Acre) será a ministra do Meio Ambiente
e Antonio Palocci, o coordenador do governo de transição,
ocupará a pasta da Fazenda. Lula falou à
imprensa depois de ter se reunido com o presidente
norte-americano George W. Bush.
A indicação da acreana Marina Silva
é, sem dúvida, uma excelente notícia
para o movimento ambientalista brasileiro. Afinal,
ela tem uma longa trajetória de atuação
em defesa da conservação, preservação
e da sociodiversidade do país. Ex-seringueira,
companheira de luta de Chico Mendes, assassinado
em 1988, Marina Silva, 44 anos, é uma incansável
batalhadora pelo desenvolvimento de modelos de sustentabilidade
econômica e social. Eleita no final de 1994,
aos 38 anos, foi a senadora mais jovem da história
da República. Reeleita este ano para mais
um mandato, sua atuação concentra-se
nas áreas de Direitos Humanos, Cidadania,
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Entre seus projetos de lei mais importantes destacam-se
o PL nº 306/1995 de Acesso a Recursos Genéticos
e o PL nº 116/1999 de Moratória de 5
anos para os transgênicos.
"O primeiro sinal que eu dei a todo o mundo
de que a Amazônia será tratada diferentemente
no meu governo foi que escolhi uma companheira que
a imprensa brasileira já cansou de citar
o nome. Mas certamente a companheira Marina, com
quem vou conversar nesses dias, vai tomar conta
da política ambiental no meu governo",
disse Lula.
"Estou convicto de que ela vai promover uma
política de desenvolvimento sustentado para
a Amazônia, que combina ao mesmo tempo a necessidade
de preservação ambiental com a criação
de empregos para as mais de 20 milhões de
pessoas que moram na região. Precisamos entender
que a maior riqueza da Amazônia, que é
a sua biodiversidade, é a grande fonte de
riqueza para o povo que mora na região".
Valorização do Meio
Ambiente
No início de novembro,
140 organizações ambientalistas, com
o apoio de políticos, cientistas, pesquisadores,
professores e representantes do setor empresarial
enviaram carta ao presidente eleito Lula defendendo
a nomeação da senadora como forma
de valorizar um Ministério que tem sido pouco
reconhecido e não raro desvalorizado.
"O fato de Lula indicar uma pessoa comprometida
de forma inequívoca e de ser um dos primeiros
ministérios a ser anunciado, quebra uma tradição",
diz João Paulo Capobianco, um dos coordenadores
do Instituto Socioambiental (ISA). "O Ministério
do Meio Ambiente era um dos últimos a serem
anunciados e sempre foi motivo de negociações
entre os partidos. É um sinal de mudança,
de que a questão ambiental passa a ter uma
nova inserção na estrutura de governo".
Diante da perspectiva de novos tempos para o ambientalismo,
vale lembrar uma das epigrafes que inspiraram a
fundação do ISA, em 1994, de autoria
do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro,
também sócio-fundador do instituto:
"Devastamos mais da metade de nosso país
pensando que era preciso deixar a Natureza para
entrar na História: mas eis que esta última,
com sua costumeira predileção pela
ironia, exige-nos agora como passaporte justamente
a Natureza".