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BANCO NORTE-AMERICANO
DECIDE NÃO FINANCIAR TÉRMINO
DO POLÊMICO PROJETO DE GASODUTO NA
AMAZÔNIA PERUANA
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Agosto de 2003
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Export-Import
decide não financiar término do Projeto
Camisea, polêmico gasoduto na Amazônia
peruana
A decisão
do banco norte-americano consiste na primeira vitória
de ambientalistas; resta agora a definição
do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),
nos Estados Unidos, e do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), no Brasil.
O conselho de diretores do banco público
norte-americano Export-Import (Ex-Im) votou hoje
(28/08) por rejeitar o financiamento de US$ 213
milhões ao Projeto Camisea, um complexo que
está sendo montado no meio de reservas da
Amazônia peruana para a exploração
das maiores jazidas de gás natural do país.
Trata-se da primeira grande vitória de ambientalistas
e ativistas de direitos humanos internacionais,
que vêm pedindo alterações no
modo como as obras de extração e transporte
estão sendo realizadas, causando impactos
na reserva indígena Nahua-Kugapakori, entre
vários outros, como noticiou o ISA em 07/08.
Com a definição do Ex-Im, as atenções
se voltam agora para o Banco Interamericano de Desenvolvimento,
que deve decidir na semana que vem sobre a liberação
de US$ 75 milhões em empréstimos diretos
e pelo menos US$ 200 milhões em créditos
indiretos. Os dois bancos já haviam adiado
suas decisões pelo menos três vezes,
uma em dezembro do ano passado e duas em agosto
de 2003. No Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social ainda não se posicionou
sobre o pedido de US$ 109 milhões, que seriam
utilizados pelo consórcio Transportadora
de Gas del Perú na compra de dutos brasileiros.
O caso está 'sob análise', o que significa
que o banco não pode dar declarações
a respeito, porém, uma das três vertentes
principais da Política de Meio Ambiente do
BNDES, publicada em 1999, condiciona o crédito
à regularidade ambiental do mutuário.
O Projeto Camisea está sendo feito por empresas
que possuem ligações suspeitas com
a administração do presidente norte-americano
George W. Bush ou com um passado de desastres ambientais.
“A não ser que os responsáveis pelo
projeto façam mudanças fundamentais
para reduzir seus riscos socioambientais, eles podem
esperar encontrar obstáculos em conseguir
financiamentos”, disse o diretor executivo da entidade
Amazon Watch, Atossa Soltani, conforme noticiou
a ONG Amazon Alliance. “As duas mudanças
que eles devem fazer são: abandonar os planos
de perfuração dentro da reserva indígena
e encontrar outra localização, longe
da Reserva Nacional de Paracas, para a planta de
fracionamento”. Soltani se refere aqui ao projeto
de criação de um porto de exportação
do gás, que seria construído ao lado
do santuário marinho reconhecido pela Convenção
de Ramsar.
Saiba mais sobre o Projeto Camisea, seu histórico
e suas implicações socioambientais:
veja a reportagem Bancos internacionais hesitam
em financiar término de polêmico gasoduto
no Peru.
http://www.socioambiental.org/website/noticias/noticia.asp?File=Geral\2003-08-07-19-19.html
Fonte: ISA – Instituto Sócio
Ambiental (www.socioambiental.org.br)
Flávio Soares de Freitas