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DECRETO
CRIA DIAS DO CERRADO E DA CAATINGA
Panorama Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Agosto de 2003
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O objetivo
é estimular discussão sobre a situação
dos biomas
Dois dos biomas mais
ameaçados do Brasil, a Caatinga e o Cerrado,
passam a ter um dia especial dedicado à reflexão,
mobilização social e à sua
defesa. O objetivo do decreto assinado pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva é estimular
sociedade e governo a realizarem uma discussão
nacional sobre a situação de cada
um desses biomas, que estão entre os mais
ricos em diversidade biológica, social e
recursos naturais.
O Dia do Cerrado foi fixado em 11 de setembro, data
de nascimento do ambientalista, ator, diretor de
teatro e árduo defensor dos direitos humanos
e do meio ambiente Ary José de Oliveira,
o Ary Pára-Raios. Já o Dia da Caatinga
será 28 de abril, em homenagem ao agrônomo
e ambientalista pernambucano João Vasconcelos
Sobrinho.
O Ministério do Meio Ambiente propôs
para o PPA 2004-2007 um programa de Conservação
e Recuperação dos Biomas. O objetivo
é desenvolver ações de monitoramento
da ação humana sobre os biomas, apoiar
planos de uso sustentável e permitir a recuperação
de áreas e ecossistemas degradados.
O MMA pretende, também, constituir núcleos
especialmente destinados ao planejamento e à
integração de esforços no MMA
com vistas a conservação dos biomas.
A idéia é que, como já existe
para a Mata Atlântica, cada bioma tenha um
Grupo de Trabalho formado pelo governo e a sociedade
civil dedicado a traçar as diretrizes de
atuação do Ministério em sua
conservação.
Cerrado
Com uma área
de cerca de 2.000.000 Km², o bioma reúne
de forma contínua parte dos estados do Maranhão,
Piauí, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Goiás,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo,
Paraná, Pará e Rondônia. Uma
das principais características do Cerrado
é a de ter contato com todos os outros biomas
brasileiros, permitindo um constante fluxo genético
entre as espécies, especialmente por suas
matas de galeria, onde são observadas diversas
espécies típicas dos biomas adjacentes.
Esses corredores ecológicos são tão
diversos que permitem encontrar em pleno Distrito
Federal espécies típicas da Mata Atlântica,
como o famoso Palmito Juçara (Euterpe edulis).
Rica em endemismos, a formação vegetal
do Cerrado é considerada a mais especializada
do território brasileiro, apresentando espécies
vegetais extremamente adaptadas aos solos ácidos
e com alto teor de alumínio livre, além
de grande resistência ao fogo. O problema
é que essas espécies não apresentam
vantagens competitivas em ambientes menos hostis,
tornando de extrema importância a conservação
de seus remanescentes.
Depois que passou a ser considerado como a principal
área de expansão para a agricultura,
o Cerrado tem perdido suas áreas naturais
em ritmo acelerado, contribuindo para a perda da
biodiversidade brasileira. Embora não haja
estimativas recentes e conclusivas que apresentem
o estágio atual de sua devastação,
os estudos de meados da década passada sinalizavam
que pelo menos cinqüenta por cento do Cerrado
já estavam totalmente comprometidos.
Caatinga
É o único
bioma exclusivamente brasileiro, o que significa
que grande parte do seu patrimônio biológico
não pode ser encontrada em nenhum outro lugar
do planeta. A Caatinga ocupa uma área de
cerca de 1000.000Km², englobando de forma contínua
parte dos estados do Maranhão, Piauí,
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais.
Anteriormente era consenso de que a Caatinga seria
um produto da degeneração de formações
vegetais mais exuberantes, como a Mata Atlântica
ou a Floresta Amazônica. Essa crença
sempre levou à falsa idéia de que
o bioma seria homogêneo, com biota pobre em
espécies e em endemismos, estando pouco alterada
ou ameaçada. Desde o início da colonização
do Brasil, tratamento este que tem permitido a degradação
do meio ambiente e a extinção em âmbito
local de várias espécies, principalmente
de grandes mamíferos, cujo registro em muitos
casos restringe-se atualmente à associação
com a denominação das localidades
onde existiram.
Entretanto, estudos e compilações
de dados mais recentes apontam a Caatinga como rica
em biodiversidade e endemismos, e bastante heterogênea.
Muitas áreas que eram consideradas como primárias
são, na verdade, o produto de interação
entre o homem nordestino e o seu ambiente, fruto
de uma exploração que se estende desde
o século XVI.
Fonte: Ministério
do Meio Ambiente (www.mma.gov.br)
Assessoria de Comunicação