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GUARDA VENEZUELANA
INVADE TERRITÓRIO
BRASILEIRO NA TERRA INDÍGENA YANOMAMI
Panorama Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Agosto de 2003
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Recentemente grupos
de militares venezuelanos vêm invadindo o
território brasileiro, cruzando a fronteira
internacional que constitui o limite oeste da Terra
Indígena Yanomami. O mais recente episódio
desta invasão ocorreu entre os dias 7 e 8
de junho passado. Um militar venezuelano e um guia
Yanomami da Venezuela fizeram uma rápida
incursão em território brasileiro
até uma aldeia chamada Poimopë, situada
no alto rio Mucajaí. No dia seguinte, um
grupo de militares venezuelanos armados chegou ao
mesmo local e acampou numa casa coletiva dos Yanomami.
Nesta aldeia - situada na área de atuação
da Urihi Saúde Yanomami, ONG parceira da
CCPY financiada pela FUNASA (Fundação
Nacional de Saúde) - o grupo impediu a auxiliar
de enfermagem de utilizar o rádio a fim de
alertar o Pelotão de Fronteira do Exército
brasileiro sediado na região, em Surucucus.
A auxiliar foi interrogada sobre o trabalho que
realizava no local e a quem estava subordinada.
Os militares venezuelanos ignoraram a informação
de que estavam em território brasileiro.
Pernoitaram na aldeia. Pela manhã, depois
do grupo ter deixado o local, a auxiliar de enfermagem
constatou que uma mulher yanomami, com várias
escoriações, teria sido vítima
de abusos sexuais dos militares venezuelanos. Verificou
ainda que 40 lâminas coletadas para diagnóstico
de malária tinham sido destruídas.
Na mesma ocasião, outra tropa de militares
venezuelanos teria se encontrada com cerca de 25
garimpeiros no lugar denominado Chico Veloso - pista
clandestina de garimpo - localizado no alto rio
Catrimani, em território brasileiro. Os garimpeiros
teriam sido torturados e saqueados pelos soldados
venezuelanos. Em depoimento à Polícia
Federal, os garimpeiros teriam se recusado a dar
informações sobre o proprietário
da aeronave utilizada para o ingresso ilegal deles
na área indígena.
Estas recentes incursões da Guarda Venezuelana
no país levantaram a suspeita de que quatro
índios Yanomami desaparecidos em 2001 na
região de Xitei poderiam ter sido seqüestrados
desta maneira . O seqüestro dos índios
teria ocorrido num lugar chamado Simoki, no início
de outubro daquele ano. Soldados venezuelanos teriam
ingressado em território nacional, espancado
os índios e seqüestrado quatro deles
para destino ignorado. Os índios desde então
não retornaram à aldeia.
Diante destes fatos e relatos o Exército
brasileiro montou em regime de urgência uma
operação para apurar as atividades
dos soldados venezuelanos em território nacional,
assim como para localizar acampamentos ilegais de
garimpeiros na Terra Indígena Yanomami. O
grupo militar contou para estas operações
com o auxílio de índios Yanomami,
conhecedores da região, e de funcionários
da CCPY.
A expedição percorreu entre 6 e 8
de agosto, a região de Morohusiu (alto Mucajaí),
ocupada por três comunidades yanomami, muito
próximas à fronteira Brasil-Venezuela.
A Guarda Nacional Venezuelana possui uma base ao
longo da fronteira, próxima a uma das aldeias
situadas em território brasileiro, com a
população da qual mantém uma
relação aparentemente problemática.
A expedição brasileira constatou que
os Yanomami manifestam muita insegurança
diante da presença militar, refletindo os
problemas que vêm enfrentando com as visitas
recorrentes dos soldados venezuelanos. As mulheres,
sobretudo, escondem-se e os homens recebem os visitantes
na entrada de suas casas com desconfiança,
não permitindo sua entrada.
O temor dos Yanomami tornou-se ainda mais claro
quando questionaram os integrantes da expedição
brasileira sobre o seu tempo de permanência
na aldeia. Mostraram-se preocupados sobre o que
poderia ocorrer quando a expedição
partisse. Explicaram que os soldados venezuelanos
deviam ter escutado o vôo do helicóptero
utilizado pela expedição e, com certeza,
iriam rapidamente até a aldeia indígena
para apurar o que havia ocorrido.
A questão destas incursões de soldados
venezuelanos no Brasil através da Terra Indígena
Yanomami está sendo também tratada
no alto escalão do Governo Federal. Assim,
durante o período de 26 a 28 de agosto está
acontecendo no Ministério das Relações
Exteriores, com a presença de uma delegação
de 11 pessoas do governo venezuelano, a VIIª
Reunião do Grupo de trabalho sobre mineração
ilegal Brasil-Venezuela. Na pauta do encontro está
prevista uma discussão específica
sobre o ingresso indevido de militares venezuelanos
em território nacional.
Fonte: Comissão Pró-Yanomami
(www.proyanomamicir.org.br)
Assessoria de imprensa