A apresentação da proposta à
comunidade local será nos dias 1º
e 02 de setembro. É a primeira experiência
do Núcleo do Ibama integrando empresa,
órgão público e comunidade
na gestão e na conservação
das plantas medicinais, como alternativa terapêutica
e de diversificação de renda
para a população local.
Participam do projeto-piloto o Laboratório
Centroflora-Anidro do Brasil-Desidratação
Ltda; a Associação Meridioneira
de Mata Grande, a prefeitura municipal de
São Domingos e o Incra. A primeira
etapa do projeto já começou.
O inventário das plantas nativas desta
região do Cerrado identificará
as espécies com potencial farmacológico
e comercial.
As mais importantes e ameaçadas de
extinção - como por exemplo
o Ipê-roxo e o jatobá - serão
escolhidas para manejo prioritário
e uso sustentável pela comunidade local.
O projeto se baseará no resgate do
conhecimento tradicional, associado ao uso
das plantas medicinais, para reforçar
a participação da comunidade
na gestão dos recursos naturais, incentivar
o manejo e o cultivo das espécies farmacológicas
e de outras fontes extrativistas da biodiversidade
local.
Está prevista a implantação
de uma farmácia viva ou horta medicinal,
de uma unidade de secagem e de outra de armazenamento.
E também de uma oficina de agroecologia
para incentivar atividades extrativistas típicas
da região, como o mel orgânico.
A coordenadora do Núcleo, bióloga
Suelma Ribeiro, disse que a iniciativa do
Ibama visa conter o processo de extrativismo
indiscriminado das plantas medicinais brasileiras
e colocar à disposição
da população a gigantesca coleção
de plantas medicinais.
Entre outros problemas, Suelma advertiu que
o acelerado processo de ampliação
da fronteira agrícola vem contribuindo
perigosamente para a perda da variedade genética
das populações das espécies
medicinais e aromáticas em todo o país.
Sem qualquer controle, o mercado de plantas
medicinais gira em torno de US$ 500 bilhões
anuais. A Organização Mundial
da Saúde calcula que mais de 80 por
cento da população do planeta
recorrem aos fitoterápicos para medicar-se
e que a tendência á aumentar
ainda mais.
Das 250 mil espécies da flora mundial,
75 mil são terapêuticas, cujas
propriedades químicas são desconhecidas
na grande maioria. Das estimadas 60 mil plantas
nativas brasileiras, as pesquisadas para fins
farmacológicos não representam
nem dez por cento do potencial nacional, situação
que o Ibama começa a reverter.
Ao desenvolver um trabalho estratégico
de incremento do plantio, do uso e do comércio
das plantas medicinais na agricultura familiar,
o Ibama também espera reverter uma
outra estatística lamentável.
Embora o Brasil seja o sétimo mercado
internacional de medicamentos e possua a maior
biodiversidade florística do mundo,
o mercado interno de fitoterápicos
naturais é de minguados US$ 260 milhões/ano,
contra US$ 85.1 bilhões dos EUA e US$
6 bilhões da Europa.
Mata Grande - O assentamento está em
uma importante área de mata nativa,
conhecida como mata seca ou floresta semidecidual
submontana do vale do Rio Paraná. Suelma
Ribeiro alerta que o elevado grau de exploração
predatória na região ameaça
o futuro de espécies medicinais de
grande importância ecológica
como a aroeira, a copaíba e a barriguda
- esta, bioindicadora da presença de
rochas calcárias no Cerrado.
Ascom - (61) 316-1015
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