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JUSTIÇA
FEDERAL MANDA RETIRAR
ÍNDIOS DA ALDEIA KAXIRIMÃ
Panorama Ambiental
Boa Vista (RR) - Brasil
Agosto de 2003
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O Juiz Federal Substituto,
Helder Girão Barreto, mandou cumprir a Liminar
publicada em 7 de março, que determina a
retirada de indígenas da aldeia Kaxirimã,
para reintegrar o posseiro Manoel Rufino na terra
Raposa Serra do Sol. A decisão foi assinada
no dia 18 e publicada em 23 de agosto de 2003.
Kaxirimã está localizada a cinco quilômetros
de Uiramutã, local onde o Exército
Brasileiro e a Prefeitura do município homônimo
reivindicam parte da aldeia ancestral da etnia macuxi
com o objetivo de favorecer a presença não
índia.
Os indígenas decidiram retornar à
antiga aldeia em janeiro de 2002, duas décadas
após o posseiro Manoel Rufino ter se apropriado
da área. À época, a comunidade
informou à Funai, a existência de túmulos
onde estão enterrados os antigos moradores
da aldeia.
Kaxirimã é “o lugar onde os nossos
avós de nome: Karotinu, Pedro Pakara esposa
Kurasa, Baitasa, Dian, Diego e seus familiares [que]
viveram utilizando recursos naturais daquele lugar,
que lá estão enterrados. E também,
o tuxaua Mauro de Pedra Preta que foi morto pelos
garimpeiros que lá está enterrado”,
informava a carta encaminhada ao administrador regional
da Funai, Martinho Andrade, datada de 30 de janeiro
de 2002.
O Juiz determina que a secretaria da 2ª Vara
da Justiça Federal certifique o cumprimento
da decisão, caso contrário, “determino
o desentranhamento e cumprimento do mandato de fls.
154 por dois (02) Oficiais de Justiça, e
desde logo autorizo a requisição do
concurso da Polícia Federal e da Polícia
Militar”, sentencia. O magistrado ordena que os
Oficiais de Justiça “deverão, inclusive,
prender em flagrante os desobedientes, principalmente
se forem servidores públicos”.
O posseiro Manoel Rufino argumenta na ação
judicial de Reintegração de Posse
que vive na área e da fazenda extrai o sustento
plantando cana-de-açúcar e fazendo
rapadura. As lideranças indígenas
garantem que desde o início dos anos 90 ele
não produz nada na região e recorrem
ao direito à posse imemorial à terra
Raposa Serra do Sol, demarcada desde 1998, através
da portaria nº 820 do Ministério da
Justiça.
O Conselho Indígena de Roraima - CIR, espera
que não ocorram conflitos na região
e excessos na ação das Polícias
Federal e Militar, além de cobrar a retirada
de todos os invasores da terra Raposa Serra do Sol.
Até o final da tarde desta terça-feira
(26/8), os Oficiais de Justiça não
haviam chegado ao local.
Fonte: CIR – Conselho Indígena
de Roraima (www.cir.org.br)
Assessoria de imprensa