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PROFESSORES
DAS ALDEIAS DO ACRE TÊM CURSOS
DE COMPLEMENTAÇÃO EM MAGISTÉRIO
INDÍGENA
Panorama Ambiental
Rio Branco (AC) - Brasil
Agosto de 2003
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Desde o início
de agosto, 80 professores indígenas de várias
aldeias do Estado estão em Plácido
de Castro participando de cursos de capacitação
em Magistério Indígena. Participam
professores das etnias Huni Kui, Yawanawá,
Shanenawa, Katukina, Nukini , Poyanawa, Apolima
Arara, Ashaninka , Madija, Yine e Jaminawa.
O curso em Plácido de Castro é parte
um amplo programa de formação de professores
indígenas que é desenvolvido pela
Secretaria de Estado de Educação em
parceria com a Comissão Pró-índio
do Acre. O objetivo é atender as especificidades
da Educação Escolar Indígena.
Hoje, o Programa de Formação Inicial
em Magistério Indígena atende 100%
do quadro de magistério indígena do
Estado. Um programa de complementação
em Magistério Indígena foi implantado
ainda em 2002, com apoio do Ministério da
Educação, com base no programa Parâmetros
em Ação para a Educação
Escolar Indígena.
Para o exercício do magistério indígena
é necessário que o professor dê
aulas para índios da sua própria etnia.
Só é permitido que o professor seja
de outra etnia se não houver ninguém
disponível para ser capacitado. Somente em
condições muito especiais, é
permitido que um professor não-indígena
lecione em escola indígena.
Em Plácido de Castro, os professores estão
estudando os fundamentos gerais da educação
escolar indígena, currículo e disciplinas
específicas: língua portuguesa e indígena,
matemática, ciências, história,
geografia, educação física
e artes. Em outro módulo, outros professores
fazem a formação inicial equivalente
ao Ensino Fundamental.
Segundo Manuel Estébio Cavalcante, gerente
de educação escolar indígena
da Secretaria de Educação, “não
há como transpor literalmente o sistema desses
povos com o nosso, embora eles também lidem
com operações matemáticas complexas.
Qualquer tentativa de fazer uma comparação,
sobretudo se tirarmos conclusão em favor
de nosso sistema, soará errôneo, para
não dizer preconceituoso”. Manoel Estébio
explica que o artesanato indígena, por exemplo,
tem desenhos geométricos de muita complexidade
que são executados pelos índios com
muita perfeição de simetria, utilizando
seus próprios conhecimentos matemáticos.
O Acre Indígena
Existem atualmente quatorze etnias no Estado, sendo
que duas, Arara ( Shawãdawa ) e Jaminawa-Arara
são provavelmente uma única etnia.
Há os Náwa, um povo resistente, identificado
em 1999 pelo Conselho Indigenista Missionário
(CIMI), e confirmado por um relatório antropológico
da FUNAI. Provavelmente, este grupo é remanescente
de uma etnia considerada extinta ou então
um grupo pertencente a alguma etnia ainda existente
que adotou a tática de camuflar sua identidade
étnica por medo das represálias dos
antigos exploradores de seringa e de caucho; há
os Apolima Arara, também um grupo resistente
em fase de reconhecimento por parte da FUNAI, que
deve constituir um caso semelhante aos Náwa.
Os outros onze grupos pertencem às seguintes
etnias: Yine, Ashaninka, Madija, Katukina, Huni-Kuin,
Nukini, Xawãdawa, Poyanawa, Shanenawa, Jaminawa
e Yawanawá. Os povos indígenas que
vivem no Acre falam línguas pertencentes
às famílias lingüísticas
Pano e Aruak. Estima-se que no Acre existem hoje
cerca de 12 mil índios, a maioria vivendo
em suas aldeias.
Fonte: Governo do Acre (www.ac.gov.br)
Assessoria de imprensa