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ONGS E MOVIMENTOS
SOCIAIS LEVAM PROPOSTAS
À CONFERÊNCIA NACIONAL DO MEIO
AMBIENTE
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Novembro de 2003
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Os 21 pontos foram
definidos durante o 17º Encontro Nacional do
Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais
para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (FBOMS),
realizado nos dias 26 e 27/11, em Brasília.
Serão defendidos durante o mais importante
evento promovido pelo atual governo sobre a temática
ambiental, que será aberto pelo presidente
Lula na manhã desta sexta-feira.
O século que
se inicia - mais especificamente a esperança
de transformação da humanidade depositada
nele - e a Agenda 21 foram as referências
para definir o número de propostas, definidas
durante o 17º Encontro Nacional do Fórum
Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio
Ambiente e Desenvolvimento (FBOMS) , que serão
defendidas por integrantes de ONGs e movimentos
sociais presentes à Conferência Nacional
do Meio Ambiente (CNMA), que acontece na Tenda Athos
Bulcão, no Centro Comunitário da Universidade
de Brasília (UnB), de hoje a domingo. Leia
o documento na integra .
Definida pela ministra do Meio Ambiente, Marina
Silva, como o “instrumento de articulação,
sistematização e consolidação
da participação social no estabelecimento
das grandes diretrizes de políticas ambientais
do governo”, a CNMA foi lançada no Dia Mundial
do Meio Ambiente (5/6). Desde então, foram
realizadas pré-conferências e conferências
estaduais em todo o país, um processo que
mobilizou cerca de 65 mil pessoas e elegeu 912 delegados
(participantes com direito a voz e a voto) para
a conferência nacional. Além desses,
participam como delegados os 165 conselheiros do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e do
Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH).Do
total de 1.077 delegados, os representantes de ONGs
e movimentos sociais somam 194, número inferior
apenas aos representantes dos governos federal,
estaduais e municipais - 305 delegados.
Didividos em grupos temáticos, os participantes
da CNMA discutirão e votarão as 1.044
emendas do documento-base da conferência,
uma sistematização das mais de 4 mil
elaboradas nas conferências estaduais e pré-conferências,
divididas em seis temas – água, bioversidade,
infra-estrutura, meio ambiente urbano, mudanças
climáticas e agricultura, pecuária,
pesca e florestas.
A incorporação da noção
de justiça ambiental, revertento a dinâmica
histórica que imputa às populações
mais vulneráveis e excluídas os impactos
socioambientais negativos de políticas públicas
mal planejadas. O investimento em programas de eficiência
e conservação de energia e em novas
energias renováveis, entre as quais eólica,
solar e de biomassa. A implementação
da Política Nacional de Educação
Nacional e da Política Nacional pelo Consumo
Sustentável. A limitação da
expansão das atividades produtivas a áreas
já degradadas ou subutilizadas e a priorização
da recuperação de Áreas de
Presevação Permanente (APPs). A garantia
efetiva dos direitos indígenas, quilombolas
e de outras populações tradicionais,
especialmentes os territoriais.
Essas são algumas das propostas consideradas
pelos participantes do encontro como imprescindíveis
para que a conferência represente um passo
concreto em direção à sustentabilidade
socioambiental do país. A maior parte delas
reforça pontos da publicação
Brasil Século 21: A Sustentabilidade que
Queremos , documento do FBOMS na qual são
definidas ações prioritárias
para a sociediversidade, água, comércio
e meio ambiente, energia, florestas e mudanças
climáticas e Agenda 21, defendidas durante
a Rio+ 10 e apresentadas aos candidatos à
Presidência da República no ano passado.
Durante a abertura do 17º Encontro Nacional
do FBMOS, o secretário-executivo do Ministério
do Meio Ambiente, Cláudio Langone, manifestou
preocupação em relação
à construção, até domingo
[data do encerramento da conferência], de
uma agenda factível, que possa ser cobrada.
“Nós estamos percorrendo um caminho de diálogo
e conversando com todos os segmentos – governos
federal, estaduais e municipais, setor produtivo
universidade e centros de pesquisa, ONGs e movimentos
sociais, juventude, índios, quilombolas,
populações tradicionais, entre outros
- que estarão presentes à conferência,
no sentido de tentar estabelecer quais são
as questões centrais que não podem
deixar de constar nas resoluções da
CNMA, independentemente da gente saber que cada
segmento tem seu foco prioritário”, afirmou.
Langone também destacou a participação
dos índios na CNMA – 38 delegados -, que,
segundo ele, identificaram o evento como um espaço
muito importante para colocar demandas relacionadas
à política indigenista do governo.
“Os integrantes do fórum esperam que o governo
Lula incorpore propostas de sustentabilidade em
todas as suas áreas e políticas e
não reduza a questão ambiental a uma
mera variável de obras do Poder Executivo”,
comentou Temístocles Marcelos, coordenador
do FBMOS e membro da Comissão de Meio Ambiente
da Central Única dos Trabalhadores (CUT),
sobre a expectativa em relação à
conferência.
Biossegurança
e Mata Atlântica são temas de manifestações
Durante a abertura
da conferência, que contará com a presença
do presidente Lula, serão realizadas duas
manifestações da sociedade civil:
uma a favor da aprovação do Projeto
de Lei (PL) da Mata Atlântica, - que tramita
há 11 anos no Congresso Nacional e está
prevista para ser votado na próxima quarta-feira
(3/12) - e a outra, organizada por integrantes da
campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos,
chamando a atenção para a possibilidade
de “desconfiguração” pela bancada
ruralista do PL da Biossegurança, que deverá
ser votado pela Câmara dos Deputados até
o dia 15 de dezembro.
Atividades paralelas
Hoje, durante todo
o dia será realizado o Encontro Nacional
de Agrobiodiversidade e Diversidade Cultural para
a Construção de Políticas Públicas.
À noite, a programação cultural
inclui shows da banda brasiliense Casa de Farinha
e da baiana Margareth Menezes. Durante toda a CNMA,
será realizada uma feira sustentável
e solidária, com produtos de projetos desenvolvidos
pelo Ministério do Meio Ambiente e pela sociedade
civil, entre os quais publicações
do Instituto Socioambiental (ISA).
Fonte: ISA – Instituto Sócio
Ambiental (www.socioambiental.org.br)
Cristiane Fontes