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PESQUISADORES
ENCONTRAM AVE RARA
NA CHAPADA DOS VEADEIROS
Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Novembro de 2003
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Três indivíduos
da espécie Mergus octosetaceus, conhecido
como pato-mergulhão, foram vistos por pesquisadores
do Ibama no rio das Pedras, próximo ao Parque
Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás.
O último registro de avistagem das aves no
local é do começo da década
de 50, o que torna o feito um fato raro e bastante
animador para a ornitologia nacional. A população
do pato-mergulhão está estimada em
cerca de 250 aves na América do Sul.
A espécie é considerada criticamente
ameaçada de extinção na lista
oficial brasileira e na da União Internacional
para a Conservação da Natureza-IUCN,
na sigla em inglês. O local de avistagem integra
a bacia do rio das Pedras, região pretendida
pelo Ministério do Meio Ambiente para a expansão
do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. A incursão
dos pesquisadores tinha como objetivo avaliar os
limites da proposta de ampliação do
parque para subsidiar a decisão do governo.
A avistagem da ave no rio das pedras justifica a
transformação da área em unidade
de conservação.
O rio das pedras - tido como uma das áreas
prioritárias para a conservação
do Cerrado - tem características favoráveis
à existência do pato-mergulhão
mas já começa ficar comprometido com
as alterações provocadas pela intervenção
humana. O Mergus sobrevive apenas em rios encachoeirados
e livres de qualquer poluição. “São
aves que podem servir como indicadores da qualidade
ambiental do local onde se encontram”, explica Carlos
Bianchi, biólogo e membro da equipe que avistou
as aves. A equipe era formada ainda pelos biólogos
Bernardo Brito, Reuber Brandão e o agrônomo
Sérgio Brant, ligados à Diretoria
de Ecossistemas do Ibama.
Segundo ele, entre as principais ameaças
de sobrevivência do pato-mergulhão
estão o desmatamento das margens dos rios,
a construção de hidrelétricas,
a poluição das águas e a expansão
da agricultura.
Além da Chapada dos Veadeiros, estão
identificadas pequenas populações
do pato-mergulhão no Parque Nacional da Serra
da Canastra, na região do Jalapão
(TO) e na província de Missiones, na Argentina.
Ecologia
desconhecida
Da ecologia do pato-mergulhão
pouco se sabe. Os estudos sobre essa ave no Brasil
se restringem à população encontrada
na serra da Canastra. A ave se alimenta de pequenos
peixes, tais como o lambari, larvas de insetos e
caramujos. É um bicho territorial, ou seja,
os casais vivem em áreas de aproximadamente
oito a dez quilômetros de extensão
ao longo do rio defendendo-a de outros animais da
própria espécie. Os patos dessa espécie
só deixam a água para se reproduzirem.
Os ninhos são feitos em cavidades nos troncos
das árvores às margens do rio. A cada
ninhada nascem entre quatro e seis filhotes.
Mais informações: Carlos Bianchi:
(61) 991000837