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IBAMA/AM APREENDE ANIMAIS
MANTIDOS
PELO PRIMATÓLOGO ROOSMALEN
Panorama
Ambiental
Manaus (AM) - Brasil
Fevereiro de 2003
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Foi o fim de um caso
que se arrastou por oito anos e acabou na última
terça-feira, dia 18, com um mandado de busca
e apreensão solicitado pela Gerência
Executiva do Ibama/AM, para recolher os macacos e
outros animais mantidos em criadouro do primatólogo
Marcus Gerardus Maria Van Roosmalen, montado na residência,
em um luxuoso conjunto residencial de Manaus.
A medida extrema foi necessária porque Roosmalen
se recusou a entregar os animais "mesmo depois
de ter feito um acordo no Ministério Público,
em dezembro, concordando com a mudança do criadouro
de sua casa para o Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (INPA)", explica José
Leland, gerente executivo do Ibama/AM.
A surpresa dos fiscais veio com a contagem dos animais,
quando foi detectada a falta de nove macacos aranha
(Ateles sp.), um parauacu (Pithecia) e um mico (Callithrix).
"Na checagem da apreensão realizada em
julho do ano passado, ficaram no local 23 animais,
tendo Roosmalen como fiél depositário",
conta Paulo Andrade, chefe do Núcleo de Fauna
do Ibama/AM.
Segundo Roosmalen, os animais foram soltos na natureza
porque ele estava tendo problemas financeiros para
mantê-los no criadouro. Em outro momento, diante
da imprensa, o primatólogo dá outra
justificativa e diz que os macacos poderiam ser uma
ameaça para os vizinhos se escapassem das jaulas
- uma estrutura de dez metros de altura e 15 de comprimento
feita com material e tecnologia alemã.
Estranhamente, foram encontradas pela fiscalização
e repórteres algumas caixas sendo construídas
com madeira compensada, típicas para o transporte
de animais, na garagem da casa. "Isso é
um forte indício de que ele pretendia levar
todos os animais do criadouro sabe lá pra onde",
alertou Leland.
As atitudes contraditórias de Roosmalen não
são novidade para Leland, que diz ser uma constante
as controvérsias criadas pelo primatólogo.
"Tivemos toda a tolerância possível
com ele, que sempre usou de subterfúgios para
não apresentar os documentos exigidos por lei,
para obter a autorização para realizar
as pesquisas", diz.
O mandado de busca e apreensão foi expedido
pelo juiz Adalberto Carin, da Vara Especializada do
Meio Ambiente e Questões Agrárias, que
foi claro em ordenar a apreensão de todos os
animais e a estrutura onde os bichos eram mantidos.
Roosmalen se recusou a entregar as gaiolas ao Ibama.
Resistência
ao mandado de busca e apreensão
Mesmo depois da retirada
pelo Ibama/AM ordenada no mandado de busca e apreensão,
dos animais mantidos no criadouro em sua residência
na última terça-feira, dia 18, o primatólogo
Marcus Roosmalen se recusa a entregar a estrutura
metálica da qual é feita o conjunto
de gaiolas onde os macacos eram mantidos. O oficial
de justiça deu um prazo de 48 horas, a partir
de quinta-feira passada, para que o pesquisador deixe
que os técnicos desmontem as grades.
Para o chefe do setor de fauna do Ibama/AM, Paulo
Andrade, esta é mais uma das muitas dificuldades
que Roosmalen tem criado no relacionamento com o órgão.
"Fiz um levantamento de todos os relatórios
que o pesquisador nos apresentou e existe um déficit
de 66 macacos, que, segundo ele, morreram ou foram
soltos, sem nunca ter apresentado os laudos das causas
ou as carcaças dos animais", diz Andrade.
A gravidade nas declarações de Roosmalen
são inacreditáveis, pois, como estudioso,
ele não poderia devolver à natureza
animais mantidos em cativeiro, por levar perigo de
doenças aos indivíduos na selva e o
risco de os próprios bichos morrerem por estarem
acostumados a ficar presos. "É de uma
irresponsabilidade extrema se não for mais
uma de suas muitas desculpas para dar um fim obscuros
aos animais", denuncia Andrade.
Os animais recolhidos de sua residência passam
bem no centro de triagem que o Ibama mantém
em sua sede, em Manaus, já que o número
de macacos foi bastante reduzido depois da última
soltura realizada por Roosmalen, de 23 foram encontrados
apenas 14 macacos pelos técnicos do órgão.
Na segunda-feira que vem, o oficial de justiça
vai voltar à residência do pesquisador
junto com os técnicos do órgão
para desmontar o criadouro. "Caso aconteça
mais algum imprevisto, ou uma liminar seja apresentada
por ele, nós teremos que construir uma nova
estrutura no Inpa", diz Andrade.
Fonte:
Ibama (www.ibama.gov.br)
Cristóvão Nonato |