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EXPOSIÇÃO
E LIVRO REVELAM A TRAJETÓRIA DE VIDA
DOS XAVANTE FOTOGRAFADA POR ROSA GAUDITANO
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Outubro de 2003
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Durante doze anos
a fotógrafa registrou os principais rituais
da comunidade Pimentel Barbosa (MT), do povo Xavante,
a pedido dos próprios índios. O trabalho
está em exposição no Conjunto
Cultural da Caixa Econômica Federal, em São
Paulo, e pode ser conferido no livro Raízes
do Povo Xavante
Meninos lutando no ritual de passagem Oi' (1999)
“A gente queria acabar com essa idéia de
que o índio é incapaz”. Assim o vice-cacique
e professor indígena Paulo Suprétaprã
justifica o convite feito a Rosa Gauditano para
documentar as festas e rituais que fazem parte da
formação espiritual, física
e cultural dos Xavante.
Tanto o livro (à esquerda) quanto a exposição
foram organizados na seqüência em que
os rituais acontecem na vida do índio Xavante,
desde sua primeira infância, explica Rosa
Gauditano. “Existem rituais que acontecem todo ano,
outros a cada cinco anos e o Aiá, que é
um ritual que dura um mês, ocorre a cada quinze.
Mas após tantos tempo de trabalho com eles,
aprendi que todos os rituais estão ligados
entre si”.
Quando Rosa diz que o trabalho foi feito junto com
os índios, não é uma mera figura
de linguagem. Além do convite inicial partir
dos Xavante, Rosa era chamada a cada evento significativo
daquele povo para registrá-lo. No momento
de editar as fotos, ela fazia uma primeira triagem
a partir da qualidade estética e técnica
das imagens, ficando a seleção com
base no conteúdo a cargo dos índios,
assim como diversos trabalhos de revisão.
Suprétaprã considera Raízes
do Povo Xavante um trabalho mais importante para
seu povo na relação com a sociedade
envolvente do que os estudos antropológicos.
“A antropologia é uma coisa muito diferente.
Você mexe, a pessoa já anota. Eles
escrevem a impressão deles e não o
que eles vêem. O trabalho da Rosa está
mais próximo do nosso pensamento. Ela transmite
o que está acontecendo e o que ela está
aprendendo lá”, define. E Rosa confirma:
“Aprendi um outro olhar. Foi uma honra muito grande.”
29/10, no Conjunto Cultural da Caixa Econômica
Federal, em São Paulo, a exposição
traz 50 fotos do livro, em tamanho ampliado, e vai
até 25/01/2004. Na ocasião, 16 índios
Xavante mostrarão trechos de danças
rituais. Além disso, durante a permanência
da exposição, serão exibidos
dois vídeos realizados pelo professor Xavante
Caimi Waiassé: Tem que ser curioso, que fala
sobre o impacto de uma filmadora na comunidade Xavante,
e Saúde Bucal, que é um vídeo
educativo. Caimi também ministrará
palestras nos dia 30 (15h) e 31/10 (às 10h
e 15h), na sala da mostra. O livro estará
à venda na abertura da exposição
a R$ 80, com renda revertida à Associação
Xavante.
A'uwê
uptabi zari
Um desejo dos índios
Xavante ao propor o trabalho para Rosa Gauditano
era que o material pudesse auxiliá-los na
difusão de sua cultura para a sociedade não-indígena.
Daí surgiu a idéia de se fazer um
segundo livro, voltado ao ensino escolar. A versão
Tradição e rituais, do trabalho Raízes
do Povo Xavante (A'uwé uptabi za'ari) feita
em formato de cartilha, traz além de algumas
das fotos tiradas por Rosa Gauditano, textos explicativos,
com linguagem simples para a utilização
em sala de aula.
O professor indígena Caimi Waiassé
explica que serão feitas palestras em escolas
do Mato Grosso, onde está localizada a Terra
Indígena Pimentel Barbosa, para introduzir
assuntos como a organização das aldeias
Xavante, o Warã, que é a reunião
de homens realizada todos os dias no nascer e no
pôr do sol, a corrida de toras, as lutas corporais,
e as diversas cerimônias, como a furação
da orelhas, a apresentação de máscaras
e o casamento. “No município de Canarana
já foi reservada uma semana nas escolas para
a gente ter essa conversa”, anuncia Caimi.
Exposição Raízes do Povo Xavante
de 30/10 a 25/01, de segunda a sexta, de 10h às
18h (após as 16h, entrada pela rua Vencesleu
Brás). Praça da Sé, 111, 3º
andar Entrada Franca Informações:
3107-0498 ou remaisp@caixa.gov.br
Fonte: ISA – Instituto Sócio
Ambiental (www.socioambiental.org.br)
Ricardo Barreto
