 |
MINISTÉRIO
DE MINAS E ENERGIA
NÃO ESTÁ DIALOGANDO COM ONGS
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Novembro de 2003
|
 |
Após diversas
tentativas frustradas de agendar uma audiência
com a ministra Dilma Rousseff, para discutir, entre
outros temas, a representação da sociedade
civil no Conselho Nacional de Políticas Energéticas
(CNPE) e projetos controversos do Plano Plurianual
(PPA) 2004-2007, como Angra 3 e as hidrelétricas
e os gasodutos na Amazônia, integrantes do
Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais
para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS)
devem se manifestar sobre o assunto durante a Conferência
Regional para América Latina e Caribe sobre
Energias Renováveis, que ocorre nesta quarta
e quinta-feira em Brasília.
Convocada pelo governo brasileiro e organizada pela
Comissão Econômica para América
Latina e Caribe das Nações Unidas
(Cepal), a Conferência Regional para América
Latina e Caribe sobre Energias Renováveis,
que acontece nos dias 29 e 30/10, no Palácio
do Itamaraty, em Brasília, e tem como objetivo
aprovar uma plataforma regional sobre energias renováveis,
a ser apresentada na Conferência Internacional
sobre Energias Renováveis, que será
realizada em Bonn, na Alemanha, em junho de 2004.
Amanhã à tarde, durante a terceira
sessão de trabalho da conferência,
haverá um espaço para a manifestação
da sociedade civil. Integrantes do Grupo de Trabalho
(GT) Energia do Fórum Brasileiro de ONGs
e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(FBOMS) deverão expor as diversas tentativas,
desde meados de agosto, de estabelecer um diálogo
com a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff,
para discutir a representação da sociedade
civil no Conselho Nacional de Política Energética,
ainda não definida; os critérios adotados
para a definição de projetos controversos
no Plano Plurianual (PPA) 2004-2007, como Angra
3 <http://www.greenpeace.org.br/Nuclear/angra/home.asp>
e as hidrelétricas e os gasodutos na Amazônia,
entre outros temas - íntegra da carta aberta
do FBOMS à ministra abaixo.
A ministra de Minas e Energia terá a oportunidade
de esclarecer às indagações
das ONGs na quinta-feira, quando participará
de uma sessão plenária na conferência
pela manhã.
De acordo com Lúcia Ortiz, integrante do
GT Energia do FBOMS, desde o início do atual
governo, o CNPE, presidido pela ministra de Minas
e Energia, reuniu-se apenas uma vez, em agosto,
quando foram tomadas decisões sem a participação
da sociedade civil, como a criação
de um Grupo de Trabalho para analisar Angra 3 e
a definição de um novo modelo para
o setor elétrico.
Carta Aberta
a Dilma Rousseff
Sra. Ministra das
Minas e Energia Presidente do Conselho Nacional
de Política Energética O Fórum
Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS) foi criado
em 11000 visando facilitar a participação
da sociedade civil em todo o processo da Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento (UNCED), a Rio-92 Atualmente conta
com os seguintes grupos de trabalho (GTs): GT Agenda
21, GT Água, GT Sociobiodiversidade, GT Comércio
e Meio Ambiente, GT Energia, GT Floresta e GT Clima.
No dia 21 de julho enviamos à senhora uma
carta pleiteando "assento destinado a um cidadão
brasileiro especialista em matéria de energia
no Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE)". A senhora não respondeu. No
dia 14 de agosto encaminhamos à senhora "solicitação
de audiência do GT Energia e da coordenação
do FBOMS com a Exma. Ministra Dilma Rousseff".
A senhora não respondeu. No dia 23 de agosto
a coordenação do FBOMS, acompanhada
pelo WWF, Greenpeace Internacional, Amigos da Terra
e Vitae Civilis, compareceu a recepção
de sua sala. Após uma hora e meia e muita
insistência conseguimos falar com sua secretária,
que não conseguiu estabelecer perspectiva
de quando a senhora poderá nos atender. No
dia 8 de setembro enviamos novamente ofício
re-reiterando o pedido de audiência. A senhora
não respondeu. Desde quando enviamos o primeiro
ofício estamos telefonando para seu gabinete
duas vezes por semana. Desta forma nos dirigimos
publicamente à senhora para reiterar nossa
solicitação de audiência, bem
como enfatizar a fundamental importância de
diálogo do Ministério de Minas e Energia
(MME) com a sociedade civil organizada. Exigimos
que o MME proceda da mesma forma que ministérios
como o das Cidades, Saúde, Meio Ambiente,
Reforma Agrária, Relações Exteriores
e a Secretaria Geral da Presidência da República,
que vêm atendendo às demandas de interlocução
com a sociedade, seguindo diretrizes de transparência
e controle social definidos pelo presidente Lula.
Constatamos que a senhora vem dialogando prioritariamente
com a indústria do setor, com vistas ao estabelecimento
do "Novo Modelo para o Setor Elétrico"
e com as instituições que estão
dando consultoria para estabelecer as tarifas do
setor. Temos acompanhado pela mídia sua atribulada
agenda pública. No entanto, consideramos
a interlocução entre o MME e o FBOMS,
incluindo também a comunidade científica,
importante para tratar do funcionamento do CNPE
e representação da sociedade civil
no mesmo; das resoluções e perspectivas
quanto à energia nuclear no Brasil; da regulamentação
da Lei 10.438/2002 - PROINFA, Programa de Universalização
e CDE; dos critérios para a definição
de projetos controversos definidos como prioritários
no Plano Plurianual (PPA) 2004-2007 - Angra 3, hidrelétricas
e gasodutos na Amazônia, carvão mineral;
e do papel do MME e da participação
da sociedade civil na pré-cúpula regional
da Conferência Mundial sobre Energias Renováveis.
Enfatizamos ainda que as últimas resoluções
do Conselho Nacional de Política Energética
o qual a senhora preside, foram tomadas à
revelia da sociedade civil e ferem o próprio
regimento interno do Conselho. Fórum Brasileiro
de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente
e o Desenvolvimento.
Fonte: ISA – Instituto Sócio
Ambiental (www.socioambiental.org.br)
Cristiane Fontes