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MINISTROS
DO BRASIL E DA ALEMANHA
DISCUTEM AGENDA COMUM
Panorama Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Novembro de 2003
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A ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva, e o ministro do Meio Ambiente
da Alemanha, Jürgen Trittin, realizaram ontem
a 4ª Reunião da Agenda Comum Brasil-Alemanha.
A agenda bilateral abrange temas como Comércio
e Meio Ambiente, Florestas e Biodiversidade, Energias
Renováveis, Mudanças Climáticas
e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Participou,
ainda, o chefe do Departamento de Meio Ambiente
do Ministério das Relações
Exteriores, ministro Everton Vargas.
A ministra Marina Silva afirmou que a expectativa
é de que o encontro possa ter como resultado
o fortalecimento das ações de cooperação
entre a Alemanha e o Brasil em três pontos
prioritários, o apoio à implementação
da segunda fase do Programa Piloto para a Proteção
das Florestas Tropicais do Brasil (PPG-7); o fortalecimento
do programa bilateral regular de cooperação,
com ênfase nas questões ambientais
urbanas e industriais, gerenciamento de recursos
hídricos e gerenciamento de resíduos;
e no apoio ao esforço brasileiro de prestar
cooperação técnica a outros
países em desenvolvimento, principalmente
da África e da América Latina.
A ministra destacou que um dos itens da pauta de
cooperação entre Brasil e Alemanha,
os programas do PPG-7, beneficiam hoje cerca de
2 mil comunidades na Amazônia. Transformado
em programa do governo brasileiro, o PPG-7 poderá
beneficiar 30 mil comunidades, gerando cerca de
100 mil empregos diretos.
Abaixo a íntegra do comunicado conjunto assinado
pelos ministros de Meio Ambiente do Brasil e da
Alemanha.
Comunicado Conjunto da Ministra do Meio Ambiente
da República Federativa do Brasil, Marina
Silva, e do Ministro do Meio Ambiente, Proteção
da Natureza e Segurança Nuclear da República
Federal da Alemanha, Jürgen Trittin, sobre
Cooperação na área de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
A Ministra do Meio Ambiente da República
Federativa do Brasil e o Ministro do Meio Ambiente,
Proteção da Natureza e Segurança
Nuclear da República Federal da Alemanha.
Desejosos de fortalecer as relações
entre os dois países.
Reconhecendo a necessidade de dar seguimento à
promoção do desenvolvimento sustentável
iniciada com a adoção da Agenda 21,
da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento e da Declaração
de Princípios sobre as Florestas, por ocasião
da Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada
no Rio de Janeiro em 1992, e reafirmada com a adoção
do Plano de Implementação de Joanesburgo,
pela Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável, realizada em Joanesburgo em
2002.
Conscientes de que ambos os países enfrentam
o desafio de elevar a qualidade de vida em seus
respectivos territórios soberanos com um
padrão ambiental que atenda às necessidades
sociais e ambientais das gerações
presentes e futuras, levando em consideração
o princípio das responsabilidades comuns
porém diferenciadas dos Estados,
Recordando a Agenda Comum Ambiental bilateral, acordada
pelo Brasil e pela Alemanha em 1996.
Desejosos de estimular a cooperação
nos campos do meio ambiente e do desenvolvimento
sustentável e, assim, promover os objetivos
sociais, econômicos e de desenvolvimento sustentável
que ambas as sociedades estabeleceram para seus
países,
Reconhecendo os ganhos significativos já
obtidos pela cooperação teuto-brasileira
na área ambiental, de modo geral, e na conservação
e no uso sustentável das florestas, de modo
específico, traduzidos no apoio alemão
ao Programa Piloto para a Proteção
das Florestas Tropicais do Brasil,
Declaram sua intenção de:
1. Fortalecer o diálogo no âmbito da
Agenda Comum Brasil Alemanha para o Meio Ambiente
com o objetivo de implementar projetos que contribuam
para a colocação em prática
das prioridades dos dois governos.
2. Buscar o intercâmbio de perspectivas sobre
questões ambientais de interesse comum como
mudança do clima, destruição
da camada de ozônio, conservação
e uso sustentável da diversidade biológica,
manejo, conservação e uso sustentável
de todos os tipos de florestas e de outros recursos
naturais, desertificação, proteção
dos oceanos, gerenciamento de recursos hídricos,
gerenciamento dos resíduos perigosos e substâncias
tóxicas, produção de energias
renováveis, reconhecendo os compromissos
internacionais assumidos por cada país, bem
como o princípio das responsabilidades comuns
porém diferenciadas dos Estados.
3. Contribuir para o fortalecimento institucional
nas diferentes esferas de governo, nos setores acadêmicos
e de pesquisa, buscando a incorporação
do setor privado e setores da sociedade civil, a
difusão e transferência dos resultados
obtidos, particularmente para informação
dos órgãos públicos e das populações
envolvidas, e a valorização social,
ambiental e econômica.
4. Apoiar o Plano de Implementação
de Joanesburgo e o recém criado programa
de trabalho da Comissão de Desenvolvimento
Sustentável e ressaltar a importância
dos próximos ciclos sobre questões
criticas como recursos hídricos, saneamento,
assentamentos humanos, energia e desenvolvimento
industrial, e diversidade biológica.
5. Promover o fortalecimento do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
6. Utilizar o enorme potencial das energias renováveis
para o desenvolvimento sustentável para erradicação
da pobreza e proteção do clima.
7. Apoiar-se mutuamente na preparação,
bem como empreender esforços conjuntos, para
alcançar resultados positivos na Conferência
Internacional sobre Energias Renováveis 2004,
a ser realizada em Bonn. A Alemanha manifestou seu
agradecimento ao Governo do Brasil por organizar
a conferência regional preparatória
para a América Latina e o Caribe em Brasília.
8. Promover a declaração O Caminho
para o Futuro das Energias Renováveis na
forma acordada pela Coalizão de Joanesburgo
para Energias Renováveis.
9. Realizar um Workshop teuto-brasileiro sobre a
conciliação da conservação
da biodiversidade nas áreas protegidas com
a erradicação da pobreza levando em
consideração as necessidades das populações
locais e dos povos indígenas.
Os Ministros também:
1. Instam as Partes que ainda não ratificaram
o Protocolo de Quioto a fazê-lo o quanto antes.
Ademais, ambos os Países continuarão
a ter papel de liderança no processo internacional
sobre a mudança do clima e a implementar
seus compromissos no âmbito do Protocolo de
Quioto.
2. Realçam que progressos substanciais são
cruciais no campo da conservação e
do uso sustentável da biodiversidade, por
meio do fortalecimento da Convenção
da Diversidade Biológica, são cruciais
para reduzir de forma significativa a atual taxa
de perda de diversidade biológica até
2010 e pretendem apoiar decisões da COP7,
com vistas a por em prática um processo para
desenvolver um regime internacional transparente,
eficaz e abrangente para promover e salvaguardar
a distribuição justa e eqüitativa
dos benefícios advindos da utilização
dos recursos genéticos.
Trabalharão juntos para conservar a diversidade
biológica de maneira eficiente e utilizá-la
de forma sustentável, promover e apoiar as
iniciativas nas áreas de interesse especial
e outras áreas fundamentais para a diversidade
biológica, bem como promover o desenvolvimento
de redes e corredores ecológicos nacionais
e regionais.
Promovem a grande importância da proteção
às baleias na esfera internacional, especialmente
no âmbito da Comissão Internacional
das Baleias e do novo Comitê de Conservação
bem como ressaltam sua estreita cooperação,
particularmente em relação ao estabelecimento
de um santuário de baleias no Atlântico
Sul.
Encorajam os esforços de desenvolver capacidades
para mitigar os efeitos prejudiciais dos resíduos,
especialmente nos países que carecem dessa
capacitação e que provavelmente não
poderão desenvolver essa capacidade num futuro
próximo. Sublinham que a coleta e disposição
ambientalmente saudável de resíduos
perigosos e outros resíduos devem ser entendidas
no contexto do manejo integrado do ciclo de vida
dos materiais e que devem ser realizadas mais pesquisas
e maior desenvolvimento nesse sentido
Os Ministros decidem que:
1. A cooperação bilateral em questões
ambientais deverá incluir as seguintes prioridades:
i) implementação da segunda fase do
Programa Piloto para a Proteção das
Florestas Tropicais do Brasil, com ênfase
nas questões afetas ao ordenamento territorial,
na conservação da Mata Atlântica,
na contribuição para a implementação
do Programa Amazônia Sustentável e
do Programa Nacional de Florestas; e ii) fortalecimento
do programa bilateral de cooperação
técnica com ênfase nas energias renováveis
e na segurança química, nas questões
ambientais urbanas e industriais, gerenciamento
de recursos hídricos, gerenciamento de resíduos,
programas para promover as energias eólica
e solar bem como a eficiência energética
e a produção mais limpa.
2. A cooperação em energias renováveis
será aprofundada com vistas a um acordo bilateral
sobre cooperação entre o Brasil e
a Alemanha em energias renováveis.
3. Para implementar as ações objeto
desta Declaração, ambos os Governos
utilizarão as consultas bilaterais regulares
já estabelecidas sobre cooperação
para o desenvolvimento e sobre ciência e tecnologia
e, se necessário, realizarão consultas
específicas, seminários, reuniões
de peritos brasileiros e alemães e programas
conjuntos de treinamento, sempre visando facilitar
o diálogo e a cooperação em
áreas específicas de interesse mútuo.
4. Ambos os Governos continuarão sua estreita
cooperação nas questões desta
Declaração no âmbito dos fóruns
regulares já estabelecidos mencionados acima.
Brasília, 29 de outubro de 2003.
Fonte: Ministério do Meio
Ambiente (www.mma.gov.br)
Assessoria de imprensa