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WASHINGTON
NOVAES ALERTA
PARA O PROBLEMA DO LIXO NO MUNDO
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Novembro de 2003
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Pedro Calado/SMA
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O
Programa Estadual de Apoio às ONG's
– PROAONG, da Secretaria do Meio Ambiente,
dentro da sua proposta de aprofundar os conhecimentos
ambientais dos membros das Organizações
Não-Governamentais, promoveu nesta
quinta-feira (30/10) uma palestra com o jornalista
Washington Novaes, que abordou a problemática
do lixo no Brasil e no Mundo. A experiência
do jornalista nessa questão vem de
quatro vertentes. Foi secretário do
Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia
do Distrito Federal, época em que enfrentou
uma série de dificuldades para tentar
implantar um sistema de coleta seletiva e
reciclagem no município. Trabalha há
50 anos como jornalista e realizou uma série
de documentários sobre o lixo, para
a TV Cultura, denominada “Ciclo do Lixo”,
quando percorreu diversos países e
cidades do Brasil. |
Foi
diretor do Instituto D. Fernando, em Goiânia,
onde implantou, entre outros projetos, uma
cooperativa de coleta seletiva. Também
foi o responsável pela concepção
do Plano Diretor de Limpeza Urbana na cidade
de Goiânia. Após viver todas
essas experiências, o jornalista chegou
à conclusão de que é
muito difícil mexer com o lixo, que
constitui um dos temas mais polêmicos
da área ambiental, envolvendo muitos
interesses financeiros e políticos,
o que dificulta a implantação
de sistemas eficientes de coleta e reciclagem,
pelo menos no Brasil. Quanto ao lixo no mundo,
os números são assustadores.
Entre lixo domiciliar e comercial são
produzidas, por dia, 2 milhões de toneladas,
o que equivale a 700 gr por habitante de áreas
urbanas. Só em Nova York, porém,
são gerados 3 kg de lixo/dia por pessoa,
enquanto em São Paulo esse número
chega a 1,5 kg/dia por pessoa. O Brasil produz
de 125 a 130 mil toneladas/dia de lixo, resultando
em 45 milhões de toneladas por ano.
Analisando esses números, fica claro
que o Brasil, que concentra 3% da população
mundial, é responsável por 6,5%
da produção de lixo no mundo.
Fica evidente, conforme Novaes, que estamos
vivendo numa sociedade consumista e que gera
muito lixo, sendo que apenas 11% desse lixo
vai para aterros adequados. Vale ressaltar
que nesses números não estão
incluídos o lixo industrial, hospitalar,
rural e tecnológico. Para o jornalista,
a situação nacional só
não é pior porque temos uma
“legião de heróis” que são
os catadores, que hoje já estão
organizados reivindicando o reconhecimento
da profissão. "Se não fossem
eles já estaríamos numa situação
dramática", afirmou.
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Europa
A Europa está
muito à frente do Brasil e a legislação
da União Européia é progressiva,
sendo que o não cumprimento significa advertências
e punições. Na Alemanha, a legislação
responsabiliza os produtores de embalagem por todo
o ciclo do produto, a coleta seletiva é obrigatória
em todo o país e o gerador de entulho paga
pelo recolhimento e reciclagem. Na Suécia,
a proposta é a eliminação da
coleta domiciliar, com a instalação
de postos públicos para receber o lixo levado
pelos cidadãos. Esse é o único
país onde existe reciclagem de veículos,
cujos proprietários, já na compra,
pagam uma taxa de reciclagem. O último usuário
do veículo, ao decidir levá-lo para
a reciclagem, recebe de volta a taxa paga na compra,
com o rendimento acumulado no período. Já
na Noruega, que tem um território muito pequeno
e exporta o seu lixo para a Suécia, o próprio
rei faz a compostagem do material orgânico
dentro da sua propriedade, que fica aberta à
visitação pública. Exemplos
de criatividade e experiências bem-sucedidas
são inúmeros, porém, o drama
da depredação ambiental é crescente.
Novaes ressaltou que "os padrões de
produção e consumo no mundo, hoje,
estão 20% acima da capacidade de reposição
da biosfera, isso porque existe mais de 1 bilhão
de pessoas passando fome”. Se essas pessoas saírem
da linha da miséria serão necessários
mais dois ou três planetas para atender às
necessidade de extração dos recursos
naturais, segundo alertou o jornalista.
Fonte: Secretaria Estadual do
Meio Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa
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