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PARQUE ESTADUAL
FARÁ CENSO DA FAUNA
QUE UTILIZA FUTURA ESTRADA-PARQUE
Panorama Ambiental
São Miguel Arcanjo (SP) – Brasil
Maio de 2003
|
 |
Censo diagnóstico
da fauna que usa a rodovia SP 139
Objetivos
O Conselho Consultivo
do Parque Estadual “Carlos Botelho” adotou como
tema prioritário para suas atividades o estudo
dos reflexos decorrentes da readequação
da rodovia SP-139 nos programas de Visitação
Pública/Ecoturismo, Educação
Ambiental e Pesquisa Científica. Foram formados
três grupos de trabalho sobre cada um dos
programas acima citados.
Notadamente, com relação à
Pesquisa Científica, o grupo de trabalho
responsável elaborou um projeto para ser
apresentado junto à Comissão Técnico
Científica do Instituto Florestal, o qual
visa avaliar qualitativa e quantitativamente o uso
do trecho da rodovia SP 139 que corta o Parque Estadual
"Carlos Botelho" pela fauna e fornecer
subsídios para mitigar o impacto da readequação
da rodovia e conseqüente aumento do tráfego
sobre a mesma.
Justificativa
Sendo o Parque Estadual
"Carlos Botelho" uma unidade de conservação
que possui uma grande diversidade e abundância
faunística a presente proposta se justifica
pela necessidade de conhecer a fauna que utiliza
a rodovia SP 139 a fim de tomar medidas que mitiguem
o impacto causado pela sua perenização
e conseqüente aumento de tráfego.
Revisão
bibliográfica
O Parque Estadual
"Carlos Botelho", localizado nos municípios
de São Miguel Arcanjo, Sete Barras, Capão
Bonito e Tapiraí (24°00’ - 24°15’
Sul; 47°45’ - 48°10’ Oeste), tem uma área
de 37.644 hectares e integra desde 1992 a Reserva
da Biosfera da Mata Atlântica - UNESCO. Apresenta
uma das mais altas taxas de biodiversidade do país
e constitui, junto com o Parque Estadual Intervales,
o Parque Estadual do Alto do Ribeira e a Estação
Ecológica de Xitué um dos maiores
corredores de Mata Atlântica protegidos do
Brasil.
A rodovia SP 139 (Figura 1) liga São Miguel
Arcanjo a Sete Barras e foi concluída em
1937; possui ao todo 112 km, 52 km asfaltados. O
Parque Estadual "Carlos Botelho" é
cortado por 33 km de rodovia sem asfalto e atualmente
em péssimas condições, possuindo
devido a isso um tráfego muito reduzido.
Atualmente a SP 139 está sendo perenizada,
e a melhoria nas condições da rodovia
resultará em aumento do tráfego de
veículos e sua velocidade.
Î N
Figura
1: Localização do trecho da rodovia
SP 139 (linha inicialmente contínua, passando
a tracejada)
no Parque Estadual Carlos Botelho (contorno).
A morte de animais
por atropelamento em estradas é um problema
comum em muitos países, tais como os Estados
Unidos, Canadá, Inglaterra e Brasil (Vieira,
1996). O número de mortes de mamíferos
que ocorre nas estradas brasileiras não pode
ser desprezado, segundo Vieira (1996). O autor estimou
mais de 2.700 animais mortos por ano nas estradas
do cerrado, sendo as espécies mais afetadas
os canídeos Cerdocyon thous e Dusicyon vetulus,
o tatu Euphractus sexcinctus e o furão Galictis
cuja. As duas primeiras espécies usam freqüentemente
as estradas para se deslocar e forragear, um fator
que provavelmente causa a alta freqüência
de mortes destes animais por atropelamento. No Parque
Estadual “Carlos Botelho”, muitas espécies
de mamíferos usam a estrada para deslocamentos
extensivos e outras atividades tais como marcação
territorial (Beisiegel, 2000, ver Tabela I), e suas
populações devem ser mais vulneráveis
ao impacto do aumento de tráfego na SP 139.
Para alguns grupos de répteis e anfíbios
o impacto do aumento do tráfego em estradas
pode ser ainda maior do que para mamíferos.
Rosen e Lowe (1994) verificaram que o número
de serpentes vivas observadas na Route 85, estrada
que cruza o deserto de Sonora (EUA) diminuiu quase
dez vezes nos cinqüenta anos que se seguiram
à pavimentação da rodovia.
Os autores predizem que o aumento da malha de estradas
com tráfego intenso pode chegar a causar
a extinção local de certas espécies
de serpentes, e afirmam que “da perspectiva da conservação
de répteis, estradas de tráfego intenso,
e principalmente estradas pavimentadas de alta velocidade,
são claramente impróprias para áreas
naturais tais como reservas, parques, monumentos
e refúgios de vida selvagem, onde a conservação
das espécies e ecossistemas é uma
prioridade” (p. 148). Para anfíbios, o impacto
do aumento do tráfego em rodovias pode ser
ainda mais grave: estes animais parecem estar sofrendo
um declínio populacional mundial e a mortalidade
em estradas parece ser um dos fatores causadores
deste declínio (Fahrig et al., 1995).
A morte de animais por atropelamento, associada
a outros impactos promovidos pela estrada, tais
como facilidade de acesso a caçadores, palmiteiros
e turistas, pode tornar-se um fator de declínio
populacional importante para a fauna que utiliza
as estradas no PECB caso o manejo da SP 139 não
seja cautelosamente planejado.
Material
e métodos
A Tabela 1 (em anexo)
apresenta, para cada espécie ou táxon
superior, o tipo de contato esperado durante o censo.
Um estudo piloto foi realizado nos dias 14 e 15/12
de 2002 e 7 e 8/2/2003, com o objetivo de obter
fidedignidade entre os observadores e testar a metodologia
proposta, principalmente quanto à adequação
do esforço de amostragem pretendido, já
que é necessário obter um número
de observações suficientemente alto
para cada espécie ou taxon superior para
que as densidades populacionais estimadas tenham
um baixo intervalo de confiança (Sutherland,
1996).
Será utilizado o método de transecto
linear, como detalhado por Sutherland (1996). Esse
método consiste em caminhar lentamente por
trilhas retas, registrando os animais observados,
a distância em relação à
trilha e ao observador do primeiro animal avistado
e o ângulo formado entre este animal, a estrada
e o observador. A própria rodovia será
utilizada como transecto. O registro de distâncias
de avistamento e de distância percorrida permite
o cálculo da área amostrada e a densidade
populacional é calculada em função
do número de avistamentos nesta área.
Para efetuar os cálculos de densidade populacional
utilizaremos o programa DISTANCE 3.5 (Ó Thomas,
L., Laake, J. e Derry, J., 1988-1999). Para animais
cuja probabilidade de detecção visual
fora da rodovia é muito baixa ou nula, tais
como anfíbios e répteis (Thompson
et al., 1998) a largura da rodovia será utilizada
como distância de detecção total.
A rodovia será dividida em 8 trechos de 4
quilômetros de extensão, sendo cada
um deles percorrido por uma equipe de 3 pessoas,
em dois horários: no começo da manhã
(7-11 h) e à tarde (14-18 h). Cada equipe
andará 4 km em cada período de 4 horas
durante o dia, de forma que toda a extensão
da rodovia será coberta em um dia. Será
realizado também um censo noturno, no começo
e fim da noite (iniciando-se às 19 e às
4 horas, respectivamente), tanto à pé
quanto pelo método “quantitativo de percorrer
a estrada” (quantitative road cruising, Eisenberg
et al., 1979; Fahrig et al., 1994; Rosen e Lowe,
1994), que consiste em percorrer a estrada de carro,
lentamente (20-30 km/h). Este método permite
a observação de animais noturnos que
teriam tempo de fugir ao ouvirem a aproximação
dos pesquisadores à pé. Cada percurso
será repetido durante os meses de maio de
2003 a maio de 2004, no segundo sábado de
cada mês.
Rastros e fezes serão utilizados para calcular
índices de densidade populacional. Tais índices
serão utilizados para comparar diferentes
trechos da rodovia entre si e para comparar a densidade
populacional das espécies na rodovia ao longo
dos meses. Para o cálculo das densidades
populacionais será utilizado o programa Distance
3.5 (Ó1998-1999 Research Unit for Wildlife
Population Accessment, University of St. Andrews).
Os animais encontrados mortos serão identificados
a nível de espécie no local ou coletados
(ou fotografados) para posterior identificação.
Para estas espécies serão calculados
os índices DOR e LOR (dead on road e live
on road; Rosen e Lowe, 1994) que permitem uma estimativa
do impacto da rodovia sobre as populações,
ao longo dos meses.
Para completar o levantamento da fauna que usa a
rodovia e potencialmente será impactada pelo
aumento do tráfego de veículos, utilizaremos
armadilhas fotográficas (CamtrakkerÒ).
Dez destas armadilhas serão colocadas ao
longo da estrada, com intervalos de aproximadamente
três quilômetros entre elas, suficientemente
próximas à pista para garantir que
os animais fotografados representam espécies
que sofrem a influência da proximidade da
rodovia, porém em locais que não sejam
vistos da rodovia para evitar o roubo das câmeras.
As armadilhas fotográficas podem registrar
a presença de espécies indistiguíveis
pelos rastros, tais como as “catitas” Monodelphis
americana e M. scalops (Marsupialia: Didelphidae),
espécies raras já registradas por
armadilhas fotográficas no PECB. Também
é possível o registro de espécies
principalmente arborícolas como o gato-maracajá,
Leopardus wiedii. Além disto, as armadilhas
fotográficas registram a hora precisa depassagem
dos animais, fornecendo subsídios adicionais
para medidas de proteção.
A localização exata de todos os avistamentos,
indícios e animais mortos encontrados será
obtida com o uso de um aparelho de GPS. Assim serão
mapeadas as áreas de importância para
cada grupo da fauna e as áreas onde já
ocorrem atropelamentos.
Os animais e seus indícios serão identificados
com a maior precisão possível (a nível
de espécie, sempre que possível) com
o auxílio de guias e listas de espécies
para a Mata Atlântica e o PECB (fotos de um
trabalho realizado no PECB para anfíbios;
Marques et al., 2001, para serpentes; Frisch, 1981
e Barbosa, s/d, para aves; Becker e Dalponte, 1991,
para rastros de mamíferos; Emmons e Feer,
1997, para mamíferos).
Resultados
preliminares do estudo piloto
A grande quantidade
de espécies da fauna com alguma evidência
de uso da SP 139 (Tabela 2) encontrada com um esforço
de amostragem de apenas dois finais de semana reflete
a grande diversidade e abundância da fauna
do PECB. Muitas das espécies que usam a estrada
(por exemplo a anta, todos os felinos e o guaxinim)
são consideradas ameaçadas de extinção
e devem ser alvo de atenção especial
(Secretaria do Estado do Meio Ambiente, 1998).
O cálculo das densidades populacionais das
espécies que utilizam a rodovia SP 139 ainda
não foi efetuado, sendo necessário
o esforço de mais meses de coleta para permitir
cálculos com baixos intervalos de confiança.
Entretanto, os resultados preliminares já
demonstram o uso intenso da SP 139 pela fauna (Tabela
2, Figuras 2 a 4), já havendo mortes de animais
por atropelamento (Figura 3). Uma característica
comum aos animais encontrados mortos é a
lentidão do deslocamento no solo, apontando
para a necessidade de placas e/ou outras medidas
que advirtam os motoristas da necessidade de uma
baixa velocidade ao percorrer a rodovia.
Estes resultados apontam para a necessidade de medidas
mitigadoras do impacto da rodovia sobre a fauna
ainda antes da inauguração da mesma
e o próprio estudo piloto já representa
uma contribuição para a tomada destas
medidas, tendo mapeado vários “carreiros”
(locais utilizados constantemente pela fauna para
entrada e saída da mata; ver Figura 4) e
trechos onde o uso da estrada pela fauna é
mais intenso.
Tabela 2:
Resultados preliminares do estudo piloto, mostrando
a fauna que utiliza a SP 139 e o tipo de evidência
de uso encontrada.
Espécie |
Nome popular |
Animal
vivo
observado ou ouvido |
Rastros
e/ou carreiros |
Animal
morto |
MAMÍFEROS |
|
|
|
|
Didelphis sp. |
gambá ou guaxica |
|
x |
x |
Dasypus sp. |
tatu galinha |
|
x |
|
Cebus apella |
macaco-prego |
x |
|
|
Procyon cancrivorus |
guaxinim |
|
x |
|
Cerdocyon thous |
lobinho |
x |
x |
|
Leopardus cf. tigrinus |
gato do mato |
x |
x |
|
Leopardus pardalis |
jaguatirica |
|
x |
|
Puma concolor |
onça parda |
x |
|
|
Agouti paca |
paca |
x |
x |
|
Dasyprocta azarae |
cutia |
|
x |
|
Guerlinguetus ingrami |
esquilo |
x |
|
|
Rodentia sp. |
roedor |
|
|
x |
Tapirus terrestris |
anta |
|
x |
|
Mazama spp. |
veado |
|
x |
|
|
|
|
|
|
AVES |
|
|
|
|
Aramides sp. |
saracura |
x |
x |
|
Columbidae sp. |
pomba |
|
|
x |
Tinamus solitarius |
macuco |
x |
x |
|
Penelope sp. |
jacu |
x |
|
|
Psitacidae spp. |
maitacas, papagaios, etc |
x |
|
|
Caprimulgidae spp. |
curiango |
x |
|
|
Trochilidae spp. |
beija-flor |
x |
|
|
Ramphastos dicolorus |
tucano de bico verde |
x |
|
|
Campephilus sp. |
pica pau de cabeça vermelha |
x |
|
|
Trogon sp. |
surucuá |
x |
|
|
Cacicus chrysopterus |
xexéu |
x |
|
|
Procnias nudicollis |
araponga |
x |
|
|
Piroderus scuttatus |
pavó |
x |
|
|
Chiroxiphia caudata |
tangará |
x |
|
|
|
|
|
|
|
RÉPTEIS |
|
|
|
|
Xenodon sp. |
jararaquinha |
|
|
x |
Colubridae sp. |
cobra |
x |
|
x |
cf. Helicops carinicaudatus |
|
|
|
x |
Teiidae sp. |
teiú |
x |
|
|
|
|
|
|
|
ANFÍBIOS |
|
|
|
|
Bufo sp. |
sapo |
|
|
x |
Anura spp. |
rãs, pererecas |
|
|
x |
|
|
|
|
|
ARTRÓPODOS |
|
|
|
|
Arachnida sp. |
armadeira |
|
|
x |
Insecta sp. |
cigarra |
|
|
x |
Coleoptera spp. |
besouro |
|
|
x |
Hymenoptera spp. |
formigas de correição |
|
|
x |
|
|
|
|
|
MOLUSCOS |
|
|
|
|
Pulmonado |
Caramujo |
|
|
x |
|
|
|
|
|
ANELÍDEOS |
|
|
|
|
Oligochaeta sp. |
Minhocoçu |
|
|
x |

Î N |
Figura 2: Representação
esquemática da Rodovia SP 139 mostrando
os Núcleos São Miguel Arcanjo
e Sete Barras (casinhas acima e abaixo, respectivamente)
e alguns dos locais onde foram observados animais
vivos durante o censo piloto (animal marrom
= mamífero; estrela = ave; bola azul=
réptil e bola verde com seta dentro =
anfíbio). |

Î N |
Figura 3: Representação
esquemática da Rodovia SP 139 mostrando
os Núcleos São Miguel Arcanjo
e Sete Barras (casinhas acima e abaixo, respectivamente)
e alguns dos locais onde foram encontrados animais
atropelados durante o censo piloto (cruz dentro
de lápide vermelha = mamífero;
cruz amarela= réptil e quadro amarelo
com X preto dentro = anfíbio). |

Î N |
Figura 4: Representação
esquemática da Rodovia SP 139 mostrando
os Núcleos São Miguel Arcanjo
e Sete Barras (casinhas acima e abaixo, respectivamente)
e alguns carreiros encontrados durante o censo
piloto (setas vermelhas). |
Bibliografia
Barbosa, A. C. Aves
do Parque Estadual Carlos Botelho. Em “Levantamento
da Biodiversidade nas Unidades do Instituto Florestal
do Estado de São Paulo”, obtido na Base de
Dados Tropical, sem data.
Beisiegel, B. M. (2000). Uso da rodovia SP 139 pelos
mamíferos. Relatório não publicado
apresentado ao PECB.
Becker, M. e Dalponte, J. C. Rastros de mamíferos
silvestres brasileiros: um guia de campo. Brasília:
Editora Universidade de Brasília, 1991.
Eisenberg, J. F., O'Connell, M. A. e August, P.
V. (1979). Density, productivity, and distribution
of mammals in two Venezuelan habitats. Em: Eisenberg,
J. F. (Ed.), Vertebrate ecology in the northern
Neotropics. Washington, D.C.: Smithsonian Institution
Press. 187-207.
Emmons, L.H. e Feer, F. Neotropical rainforest mammals:
a field guide. Chicago: University of Chicago Press,
1997.
Fahrig, L., Pedlar, J., Shealag, E., Taylor, P.
e Wegner, J. (1995). Effect of road traffic on amphibian
density. Biological Conservation, 73, 177-182.
Frisch, J. D. Aves Brasileiras. Volume I. São
Paulo: Dalgas-Ecoltec Ecologia Técnica e
Comércio Ltda, 1981
Marques, O. A. V., Eterovic, A. e Sazima, I. Serpentes
da Mata Atlântica. Guia ilustrado para a Serra
do Mar. Ribeirão Preto: Holos, 2001.
Rosen, P. e Lowe, C. (1994). Highway mortality of
snakes in the Sonoram desert of Southern Arizona.
Biological Conservation, 68, 143-148.
Secretaria do Estado do Meio Ambiente. Fauna ameaçada
no Estado de São Paulo. São Paulo:
SMA/CED, 1998.
Sutherland, W. J. (1996). Ecological census techniques
: a handbook. Cambridge: Cambridge University Press,
1996.
Thompson, W. L., White, G. C.e Gowan, C. (1998).
Amphibians and reptiles. Em: Thompson, W. L., White,
G. C. e Gowan, C. (Eds.), Monitoring vertebrate
populations. San Diego: Academic Press. 233-261.
Vieira, E.M. (1996). Highway mortality of mammals
in central Brazil. Ciência e Cultura, 48,
270-272.
Cronograma
físico
A tabela abaixo mostra
o cronograma previsto até Abril de 2004.
A coleta será realizada no segundo final
de semana de cada mês. A duração
total do censo ainda não foi determinada;
consideramos necessária uma duração
mínima de um ano. O censo diurno será
realizado no sábado e o noturno, na noite
de sábado (descida para Sete Barras) e madrugada
de domingo (subida para a sede). A análise
dos dados será realizada de duas formas:
uma análise preliminar concomitante à
coleta de dados em cada mês, com o objetivo
de avaliar a necessidade de medidas imediatas tais
como a colocação de placas de advertência
e redutores de velocidade em determinados locais,
e uma análise global em intervalos de seis
meses.
Mês |
Coleta
de dados |
Análise
global dos dados |
Maio / 2003 |
24 e 25/5 |
|
Junho / 2003 |
14 e 15/6 |
|
Julho / 2003 |
12 e 13/7 |
|
Agosto / 2003 |
9 e 10/8 |
|
Setembro / 2003 |
13 e 14/9 |
|
Outubro / 2003 |
11 e 12/10 |
X |
Novembro / 2003 |
8 e 9/11 |
|
Dezembro / 2003 |
13 e 14/12 |
|
Janeiro / 2004 |
10 e 11/1 |
|
Fevereiro / 2004 |
14 e 15/2 |
|
Março / 2004 |
13 e 14/3 |
|
Abril / 2004 |
10 e 11/4 |
X |
Origem dos
recursos
O projeto será
apresentado a várias financiadoras potenciais,
tais como à Companhia Suzano de Papel e Celulose,
SP-Vias, Rotary Club e Prefeituras dos Municípios
envolvidos.
Orçamento
O orçamento
está previsto para doze pessoas, formando
quatro equipes de três.
Contrapartida do
parque: Alojamento e transporte para as equipes.
Alojamento: seis a dez pessoas dormirão na
hospedaria da Sede do Parque em São Miguel
Arcanjo, nas noites de sexta para sábado
e sábado para domingo do segundo fim de semana
do mês. Duas a seis pessoas dormirão
no Núcleo de Sete Barras na noite de sábado
para domingo do segundo fim de semana do mês.
Transporte: Necessitaremos de um veículo
que leve as equipes ao ponto de início do
trabalho de cada uma, no segundo sábado de
cada mês, às sete horas da manhã,
descendo em direção a Sete Barras,
e suba a estrada recolhendo as equipes à
tarde, desça novamente às sete da
noite e suba às quatro da manhã do
domingo, totalizando duas viagens de ida e volta
ao Núcleo Sete Barras.
Quantidade
e descrição |
Material
necessário para a
implantação do projeto |
Material
de consumo mensal |
|
Preço
unitário |
Total |
Preço
unitário |
Total
mensal |
4 Cilibis |
R$
80,00 |
R$
320,00 |
|
|
4 Baterias de moto para
os cilibis |
R$
120,00 |
R$
480,00 |
|
|
4 Guias para identificação
de mamíferos (Emmons e Feer, 1997) |
US$
26,00 |
US$
104,00 |
|
|
4 Guias para identificação
de serepentes (Marques et al., 2001) |
RS$
30,00 |
R$
120,00 |
|
|
4 Guias para identificação
de rastros (Becker e Dalponte, 1991) - xerox
(livro esgotado) |
R$
10,50 |
R$
42,00 |
|
|
12 Capas de chuva |
R$
30,00 |
R$
360,00 |
|
|
4 Bússola Silva |
US$
60,00 |
US$
240,00 |
|
|
4 GPS Garmin |
R$
840,00 |
R$
3.360,00 |
|
|
10 rolos de fitas para
marcar trilhas |
US$
1,65 |
US$
16,50 |
|
|
1 Trena de 50 m |
R$
63,00 |
R$
63,00 |
|
|
4 Binóculos |
R$
600,00 |
R$
2.400,00 |
|
|
4 passômetros |
R$
200,00 |
R$
800,00 |
|
|
4 pranchetas |
R$
3,50 |
R$
14,00 |
|
|
4 canetas marcadoras permanentes |
R$
4,00 |
R$
16,00 |
|
|
1 Palm Top Palm M 515 |
R$
1.699,00 |
R$
1.699,00 |
|
|
10 Armadilhas fotográficas
Camtrakker |
U$
399,95 |
U$
3.999,50 |
|
|
1 Freezer horizontal Eletrolux
500 litros H 500 |
R$
1.129,00 |
R$
1.129,00 |
|
|
1 recarregador de pilhas |
R$
110,00 |
R$
110,00 |
|
|
Quantidade
e descrição |
Material
necessário para a
implantação do projeto |
Consumo
mensal |
|
Preço
unitário |
Total |
Preço
unitário |
Total
mensal |
10 pares de pilhas recarregáveis
para as armadilhas fotográficas |
R$
22,00 |
R$
220,00 |
|
|
Alimentação
para doze pessoas |
|
|
R$
17,00 |
R$
204,00 |
Combustível para
o transporte das equipes na SP 139 (duas viagens
de 33 km) |
|
|
R$
1,00/litro de diesel |
R$
50,00 |
Xerox de fichas de coleta
de dados (20 cópias/mês) |
|
|
R$
0,25 |
R$
5,00 |
4 folhas de acetato
para desenhar rastros |
|
|
R$
1,50 |
R$
6,00 |
Gesso para a preservação
de rastros |
|
|
|
R$
4,50 |
Formol para a preservação
de animais mortos encontrados na estrada |
|
|
|
R$
50,00 |
Sacos de lixo para a
coleta de fezes e animais mortos |
|
|
|
R$
5,00 |
Luvas descartáveis
e máscaras para a manipulação
de animais mortos e fezes |
|
|
|
R$
20,00 |
4 Filmes de 24 fotos |
|
|
R$
11,00 |
R$
44,00 |
4 Revelações |
|
|
R$
19,20 |
R$
76,80 |
10 Filmes de 12 fotos
para as armadilhas fotográficas |
|
|
R$
8,00 |
R$
80,00 |
10 Revelações |
|
|
R$
9,60 |
R$
96,00 |
7 Diárias para os
pesquisadores |
|
|
R$
120,00 |
R$
840,00 |
5 Diárias para
estagiários e motorista |
|
|
R$
25,00 |
R$
125,00 |
Total em US$ (material
importado) |
|
US$
4.360,00* |
|
|
Total em R$ |
|
R$
11.133,00 |
|
R$
1.606,30 |
TOTAL
GERAL (estimando a duração do
censo em 12 meses) : US$ 4.360,00*+ R$ 30.408,60 |
* Não estão
incluídas as taxas de importação.
Cronograma
de desembolso
Verba para a aquisição
do material necessário para a implantação
do projeto(U$ 4.360,00 + R$ 11.133,00):
até 5 de Maio de 2003.
Material de consumo mensal (R$ 1.606,30): Até
a segunda feira anterior ao censo, em cada mês
(ver tabela abaixo).
Mês |
Desembolso
da verba relativa ao consumo mensal |
Maio / 2003 |
19/5 |
Junho / 2003 |
9/6 |
Julho / 2003 |
7/7 |
Agosto / 2003 |
4/8 |
Setembro / 2003 |
8/9 |
Outubro / 2003 |
6/10 |
Novembro / 2003 |
3/11 |
Dezembro / 2003 |
8/12 |
Janeiro / 2004 |
5/1 |
Fevereiro / 2004 |
9/2 |
Março / 2004 |
8/3 |
Abril / 2004 |
5/4 |
Justificativa
dos itens incluídos no orçamento
Cilibis e baterias
de moto para os cilibis: melhor forma de iluminação
para o censo noturno, já que são muito
mais potentes do que lanternas comuns.
Guias de identificação de mamíferos,
répteis e rastros: serão utilizados
na identificação dos animais e seus
indícios.
Capas de chuva: permitirão o trabalho sob
chuvas de intensidade moderada.
Bússolas: para medir o ângulo entre
os animais vistos e a estrada; esta medida é
utilizada na estimativa de densidade populacional
pelo método de transecto linear.
GPS: para o georeferenciamento dos dados coletados.
Fitas marcadoras: para carreiros, latrinas, etc.
Trena: para treino de fidedignidade das distâncias
estimadas.
Binóculos: para identificação
dos animais.
Passômetros: para estimativa da distância
percorrida pelos animais na estrada através
de seus rastros.
Pranchetas: para apoiar as fichas de anotações.
Canetas marcadoras: para anotações
nas fitas plásticas e para desenhar rastros
sobre acetato.
Palm Top: para otimização da coleta
de dados e análise imediata dos dados coletados.
Armadilhas fotográficas: para registrar espécies
da fauna que utilizam a SP 139 mas não são
registradas por outros métodos.
Freezer horizontal: para conservar animais mortos
até sua identificação e taxidermização.
Recarregador de pilhas e pilhas recarregáveis:
para utilização nas armadilhas fotográficas.
Filmes e revelação: para registro
de rastros, animais atropelados, animais observados
e para uso nas armadilhas fotográficas.
Diárias para os pesquisadores: estamos solicitando
uma diária por mês, para o dia de coleta
de dados (avaliada pela tabela FAPESP) para cada
um dos membros da equipe, com exceção
de Beatriz de Mello Beisiegel, que é bolsista
da FAPESP (processo 00/14591-0).
Estamos também solicitando uma diária
por mês para cada um dos estagiários
que devem participar do projeto, completando as
quatro equipes de três pessoas cada, e para
um motorista que deve transportar as equipes nas
duas viagens até Sete Barras.
Tabela 1: Fauna a ser potencialmente amostrada durante
o censo. Inclui o período de atividade (D=diurno,
C=crepuscular, N=noturno); uso esperado da rodovia
(E = espécie que usa a rodovia para deslocamentos
extensivos, A= espécie que apenas atravessa
a rodovia); tipo de contato com a espécie
esperado durante o censo (A= avistamento de animais
vivos; M= animais mortos, provavelmente atropelados;
R= rastros e F = fezes). Os dados se baseiam no
uso das estradas internas do PECB pela fauna (Beisiegel,
2000).
|
Ordem |
Espécie |
Período
de atividade |
Uso
esperado da rodovia |
Tipo
de contato esperado |
Observações |
Anfíbios |
Anura |
sapos, rãs, pererecas |
|
|
|
|
Répteis |
Squamata |
Serpentes, lagartos |
|
|
|
|
Aves |
Galliformes |
Penelope obscura |
DC |
|
|
|
|
Gruiformes |
Aramides spp |
DC |
|
AM |
|
Mamíferos |
Marsupialia |
Principalmente Didelphis |
|
|
|
|
|
Primates |
Cebus apella |
D |
|
A |
|
|
|
Brachyteles arachnoides |
D |
|
A |
|
|
|
Alouatta fusca |
D |
|
A |
|
|
Xenarthra |
Dasypus spp. |
|
|
MA |
|
|
|
Cabassous sp. |
|
|
MA |
|
|
|
Bradypus variegatus |
|
|
A |
Improvável |
|
|
Tamandua tetradactyla |
NC |
|
AR |
|
|
Lagomorpha |
Lepus sp. |
NC |
E |
ARM |
|
|
|
Silvilagus brasiliensis |
NC |
E |
ARM |
|
|
Rodentia |
Coendou prehensilis |
NC |
|
ARM |
|
|
|
Guerlinguetus ingrami |
D |
|
AM |
|
|
|
Agouti paca |
N |
A |
ARM |
|
|
|
Dasyprocta azarae |
D |
|
ARM |
|
|
|
Pequenos roedores |
N |
|
M |
|
|
Carnivora |
Cerdocyon thous |
NC |
E |
ARMF |
|
|
|
Speothos venaticus |
DC |
|
ARM |
Improvável |
|
|
Eira barbara |
DC |
|
ARM |
|
|
|
Conepatus sp |
DC |
|
ARM |
|
|
|
Galictis sp |
NC |
|
ARM |
|
|
|
Nasua nasua |
D |
|
ARM |
|
|
|
Procyon cancrivorus |
D |
A |
ARM |
|
|
|
Panthera onca |
DCN |
E |
ARMF |
Avistamentos de felinos
são improváveis |
|
|
Puma concolor |
DCN |
E |
ARMF |
|
|
|
Leopardus pardalis |
CN |
E |
ARMF |
|
|
|
Leopardus wiedii |
CN |
? |
ARMF |
Rastros e fezes de pequenos
felinos não são diferenciáveis
para observadores inexperientes |
|
|
Leopardus tigrinus |
CN |
E |
ARMF |
|
|
|
Herpailurus yagouaroundi
|
DCN |
E |
ARMF |
|
|
Perissodactyla |
Tapirus terrestris |
CN |
E |
ARMF |
|
|
Artiodactyla |
Tayassu tajacu |
D |
A |
ARM |
|
|
|
Tayassu pecari |
D |
A |
ARM |
|
|
|
Mazama americana |
DCN |
E |
ARM |
Rastros de Mazama spp são
muito semelhantes |
|
|
Mazama gouazoubira |
DCN |
E |
ARM |
|
Equipe Executora:
Orientação - Beatriz de Mello Beisiegel
- Pós Doutoranda, Departamento de Ecologia
do IB-USP
Alexandre Bastos Fernandes Lima - Associação
Promuriqui
Camila Câmara Pianca -pós graduanda,
Esalq - USP
Célio Paulo Ferreira - Biólogo
Francisco Balboni - APAZ
Kátia Pisciotta - Fundação
Florestal
Paula Fogaça - Bióloga - APAZ
Wagner Gomes Portilho - Fundação Florestal
Instituição: Instituto
Florestal - Parque Estadual Carlos Botelho
Atividades a serem desenvolvidas por cada
autor: Beatriz de Mello Beisiegel - redação
e orientação do projeto e participação
na coleta de dados e análise dos mesmos.
Demais membros da equipe: coleta e análise
dos dados.
Palavras-chave: Mata Atlântica;
ecologia de populações; censo por
transecto linear; avaliação de impacto
ambiental
Resumo do objetivo: Avaliar qualitativamente
e quantitativamente o uso do trecho da rodovia SP
139 que corta o Parque Estadual "Carlos Botelho"
pela fauna e fornecer subsídios para mitigar
o impacto da readequação da rodovia
e conseqüente aumento do tráfego sobre
a fauna.
Resumo da justificativa: Sendo o Parque Estadual
"Carlos Botelho" uma unidade de conservação
de grande diversidade e abundância faunística,
a presente proposta se justifica pela necessidade
de conhecer a fauna que utiliza a rodovia SP 139
a fim de tomar medidas que mitiguem o impacto causado
pela sua perenização e conseqüente
aumento de tráfego.
Local de implantação do projeto:
Parque Estadual “Carlos Botelho”, na Sede em São
Miguel Arcanjo e no Núcleo Sete Barras.
Início previsto: Maio de
2003.
Término previsto: Maio de
2004
Fonte: Parque Estadual Carlos
Botelho
José Luiz Camargo Maia, diretor do parque