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PESQUISA
ORGANIZA MAPA DA CROSTA
PARA LOCALIZAR RECURSOS NATURAIS
Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2003
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O Brasil ainda desconhece
grande parte de suas riquezas naturais localizadas
no interior da terra. Mapear os pontos em que elas
se encontram exige altos investimentos, porém
tem grande retorno devido à importância
estratégica e econômica. A delimitação
de alvos para exploração mineral pode
ser auxiliada pelo processamento e integração
de dados geofísicos, como ocorre nos projetos
desenvolvidos pelo geofísico Eder Cassola
Molina do Instituto de Astronomia, Geofísica
e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade
de São Paulo (USP).
A pesquisa utiliza a gravimetria, que se destaca,
dentre os outros métodos geofísicos
usados para esse fim, por ser relativamente barata
e abrangente. Antes de entender o método,
deve-se saber que a geofísica estuda as partes
profundas da terra que não são vistas
por meio de observações diretas. Suas
propriedades físicas são medidas com
instrumentos apropriados, geralmente colocados na
superfície, e depois são interpretadas
para se obter informações sobre a
estrutura e composição.
A gravimetria mede o campo da gravidade em um determinado
local. Muitos pensam que a gravidade terrestre é
de 10 ou 9,8 m/s². Entretanto, esse número
varia de ponto para ponto devido à presença
de corpos mineralizados e pode ser medido com maior
precisão. Por exemplo, no IAG, a gravidade
é de 9,7863808m/s². As variações
são muito pequenas e equipamentos extremamente
sensíveis denominados gravímetros
são normalmente capazes de detectá-los
até a sexta ou sétima casas decimais.
São alterações mínimas,
mas que indicam grandes diferenças na composição
da crosta.
As modificações no campo de gravidade
podem ser causadas por estruturas com diferentes
densidades. Além disso, importantes informações
sobre a distribuição de massa no subsolo
são fornecidas pela gravidade. Então,
sabendo a gravidade em um ponto pode-se determinar
a densidade e, portanto, que material ali se encontra?
Não, a altitude também influencia
na gravidade porque conforme a distância em
relação à superfície
aumenta, a gravidade diminui. Assim, a determinação
de um valor exato para a densidade depende da extrema
precisão da altitude, que tem que ser conhecida
com erros menores que um metro. Para isto podem
ser usados dados de altimetria do IBGE. Estes foram
obtidos partindo-se da medição do
nível médio do mar em Ibituba, em
Santa Catarina. A partir deste ponto zero e por
meio de instrumentos que utilizam a observação,
chegou-se a altitude dos demais pontos.
A coleta de dados associados ao campo gravitacional
ainda está sendo feita, mas é muito
cara e demorada. A gravidade só é
medida em locais acessíveis e onde a altitude
correta é conhecida. Assim as regiões
centro-oeste e norte possuem normalmente poucos
dados em pontos esparsos. Para reconhecimento regional
tem-se um ponto a cada 3 km, já para localizar
estruturas locais pode ser necessário usar
um espaçamento de até 50 m entre as
estações. A região sudeste
tem a melhor distribuição de pontos
em escala regional.
O pesquisador Eder Molina utiliza estes dados, processando-os,
ou seja, homogeneizando as informações
e integrando-os, para interpretar os resultados
e obter informações sobre a distribuição
da massa em subsuperfície.
A homogeneização faz correções,
como, por exemplo, na altitude, onde ainda restam
algumas falhas. A latitude e longitude do local
fornecem o padrão de altitude para cada ponto.
A interpretação tenta reduzir a ambigüidade
do método gravitacional (onde um valor de
gravidade pode representar diferentes distribuições
de densidades, ao passo que uma distribuição
de densidade acarreta um valor único de gravidade).
O geofísico pode restringir o número
de configurações possíveis
utilizando outros métodos, como o magnético
e o sísmico (são mais caros e específicos,
por isso são utilizados em uma etapa mais
avançada). Portanto, pode-se descobrir riquezas
minerais no subsolo como estruturas favoráveis
ao acúmulo de petróleo para posteriormente
explorá-los. (AUN/USP)
Fonte: Agência Brasil (www.radiobras.gov.br)
Assessoria de imprensa