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COOPERAÇÃO
ITALIANA PODERÁ INVESTIR EM CONSERVAÇÃO
DA BIODIVERSIDADE EM RESERVA EXTRATIVISTA
NO ACRE
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2003
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Entre os dias 7
e 10 de abril, uma comitiva com representantes do
Programa de Cooperação Itália-Brasil
visitará a Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema,
no Acre, para identificar comunidades e parceiros
dispostos a desenvolver ações de conservação
e uso sustentável da biodiversidade na região.
O programa visa facilitar o acesso dos países
em desenvolvimento ao uso sustentável das
tecnologias e de outros instrumentos para a conservação
e valorização dos recursos genéticos
de espécies de interesse econômico.
Planos de pesquisa aplicada com o objetivo de contribuir
para a solução dos problemas de segurança
alimentar também fazem parte das estratégias
do programa. A comitiva será conduzida pelos
técnicos do Centro Nacional de Desenvolvimento
Sustentável das Populações
Tradicionais – CNPT/Ibama, representante do Ministério
do Meio Ambiente na execução de ações
relacionadas às reservas extrativistas.
As ações previstas pelo programa incluem
a realização de projetos de manejo
comunitário em áreas de floresta tropical
para fins de utilização sustentável
de produtos florestais nativos. Estudos e pesquisas
em relação a matrizes da fauna e da
flora com potencial valor comercial alimentício,
fitoterápico e ornamental estão entre
os aspectos que podem ser atendidos no âmbito
da cooperação. Em outra linha de atuação,
em parceria com a Embrapa, o programa também
pretende instalar ou apoiar programas de melhoramento
genético para culturas escolhidas para a
conservação dinâmica dos recursos
fitogenéticos agrícolas.
O objetivo é incrementar a produtividade
e preservar as qualidades de interesse local e a
capacidade de adaptação. Para isso,
o programa poderá financiar o aperfeiçoamento
de instrumentos de análise de diversidade
genética, incluindo marcadores bioquímicos
e moleculares e os sistemas de informação
geográfica para o mapeamento e a gestão
da biodiversidade.
Reserva é
pioneira em projetos-piloto de conservação
e uso sustentável
A Reserva Extrativista
Cazumbá-Iracema será uma das primeiras
– entre as 18 reservas florestais existentes na
Amazônia – a implantar um projeto de criação
de animais silvestres com o objetivo de aumentar
a oferta de proteína animal para os moradores.
A iniciativa do Centro Nacional de Desenvolvimento
Sustentável das Populações
Tradicionais – CNPT/Ibama pretende melhorar a qualidade
alimentar da população, criar alternativas
econômicas sustentáveis e contribuir
para a conservação da biodiversidade.
Iniciativas como essa estão no âmbito
de interesse da cooperação.
Reservas
extrativistas terão plano de manejo sustentável
Até o final
deste ano, onze das trinta reservas extrativistas
do país terão seus planos de manejo
concluídos e em funcionamento. Isso significa
que essas unidades de conservação
de uso sustentável, responsáveis pela
preservação de cerca de cinco milhões
de hectares – a maior parte em áreas de floresta
-, contarão com um documento técnico
que definirá as prioridades e a forma de
exploração dos recursos naturais da
fauna e da flora, além da prestação
de serviços de ecoturismo. A informação
é do chefe do Centro Nacional de Populações
Tradicionais e Desenvolvimento Sustentável-
CNPT/Ibama, Atanagildo de Deus Matos. As reservas
que serão contempladas com os planos de manejo
este ano são as seguintes: Alto Tarauacá,
Cazumbá-Iracema e Chico Mendes (AC); Jutaí
e Médio Juruá (AM); Barreiro das Antas,
Lago do Cuniã e Rio Ouro Preto(RO); Rio Cajari(AP);
Tapajós-Arapiuns e Soure(PA).
A novidade é que os planos de manejo das
reservas permitirão às populações
residentes fazerem o manejo de madeira e de animais
silvestres quando esses recursos estiverem disponíveis
na área, o que até então não
era permitido. Além dos dois novos itens
as reservas já produzem borracha, castanha,
palmito, essências vegetais, óleos,
mel, peixes e fibras variadas. Em algumas delas
destaca-se ainda a produção artesanal.
Os planos de manejo serão úteis na
orientação dessa produção
e garantirão o uso sustentável dos
recursos naturais, ajudando a preservar a floresta
para as gerações futuras.
As reservas extrativistas são um modelo genuinamente
brasileiro de ocupação sustentável
de áreas nativas. Ao criar uma reserva, o
governo tira os habitantes tradicionais da condição
de posseiros e dá a eles o status de cidadãos,
com direito ao usufruto da terra e seus recursos
naturais. Além ter os direitos garantidos
por lei, os extrativistas ainda recebem ajuda de
custo para a reforma da casa e a compra de equipamentos
essenciais, financiamentos para a produção
extrativa sustentável e assistência
técnica – como é o caso dos planos
de manejo que serão elaborados com apoio
do Ibama.
Com a vida lastreada no meio ambiente, os extrativistas
das reservas tornam-se fundamentais na conservação
dos recursos naturais. “Nas reservas não
existe grilagem de terra, ocupação
desordenada, retirada ilegal de madeira ou tráfico
de animais”, explica o chefe do CNPT. Segundo ele,
a profunda relação dos moradores das
reservas com a natureza cria uma simbiose que garante
a sobrevivência de ambos.
Reservas
nasceram da luta dos seringueiros do Acre
No
Brasil, existem em funcionamento 30 reservas extrativistas,
sendo 23 na Amazônia Legal. As demais estão
distribuídas nas regiões Sul, Sudeste
e Nordeste. Elas se dividem entre reservas extrativistas
de recursos florestais e recursos pesqueiros. (veja
quadro abaixo). Juntas, as resex somam 5 milhões
hectares de áreas protegidas. Isso significa
o equivalente ao Estado de Sergipe. Esse conjunto
de reservas, estabelecido com a importante ajuda
de organismos internacionais, é resultado
de apenas onze anos de trabalho. A primeira delas
a surgir no mapa da conservação brasileira
é emblemática: chama-se reserva extrativista
Chico Mendes, localizada na região de Xapuri-AC.
Foi criada dois anos após a morte do líder
seringueiro, assassinado em dezembro de 1988 por
defender os direitos dos povos da floresta. Chico
Mendes é o símbolo máximo do
movimento que resultou na criação
das reservas extrativistas.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Assessoria de imprensa (Atanagildo de Deus Matos/Jaime
Gesisky)