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GOVERNO
ELABORA NOVO MODELO
DE REFORMA AGRÁRIA PARA A AMAZÔNIA
Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2003
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Integrantes
de diversos órgãos governamentais
e da sociedade civil estiveram reunidos na sede
do Incra, em Brasília, para iniciar uma discussão
sobre a implementação de assentamentos
baseados na exploração florestal sustentável.
A alteração é proposta pelo
Ministério do Desenvolvimento Agrário
e pelo Ministério do Meio Ambiente, uma resposta
aos dados alarmantes do desmatamento entre agosto
de 2001 e agosto de 2002 na região e aos
compromissos assumidos pelo PT.
O
Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (Incra) e a Secretaria
de Biodiversidade e Florestas do Ministério
de Meio Ambiente (MMA) realizaram ontem (03/07),
em Brasília DF), o seminário Política
de Reforma Agrária para a Amazônia
– Assentamento Florestal e o Plano Plurianual (PPA),
para discutir a implementação de um
novo modelo de assentamentos na Amazônia Legal,
baseado na exploração florestal sustentável.
Além da presença de representantes
das Secretarias de Biodiversidade e Florestas (SBF)
e Secretaria de Coordenação da Amazônia
(SCA) do MMA e do Ministério de Desenvolvimento
Agrário (MDA) e do Incra, o evento contou
com a presença de representantes da Casa
Civil, da Embrapa, do Centro Nacional de Populações
Tradicionais do Instituto Nacional do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (CNPT/Ibama),
do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra
(MST), do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA),
das Federações dos Trabalhadores na
Agricultura do Acre e de Rondônia (Fetacre
e Fetagro), do Conselho Nacional dos Seringueiros
(CNS), do Instituto de Manejo e Certificação
Florestal e Agrícola (Imaflora) e do Instituto
Socioambiental (ISA). Participaram também
o senador Sibá Machado (PT/AC) e o deputado
federal Anselmo de Abreu (PT/RO).
Os
pontos principais discutidos foram:
-
a
falta de uma política que tenha os assentamentos
florestais como um de seus instrumentos prioritários;
-
a
viabilidade econômica e ambiental da exploração
florestal na agricultura familiar considerando-se
a dimensão dos lotes e dos assentamentos
na Amazônia;
-
a
necessidade de diagnóstico atualizado da
demanda social por terras na Amazônia, considerando-se
a população da região, inclusive
os extrativistas, os ribeirinhos, os posseiros
e os quilombolas;
-
a
necessidade dos assentamentos estarem baseados
na diversificação da produção;
-
a
flexibilização dos critérios
para manejo florestal comunitário de baixa
intensidade e impacto;
-
a
necessidade de controle da oferta de madeira proveniente
de desmatamento e exploração ilegal
que reduz o preço do produto e prejudica
o manejo florestal sustentável;
-
a
falta de um zoneamento fundiário e da implementação
do Cadastro Nacional de Imóveis Rurais;
-
a
necessidade de considerar as Unidades de Conservação
(UCs) e Terras Indígenas prioritárias
para conservação e uso sustentável
da biodiversidade na Amazônia para a definição
das áreas prioritárias para a reforma
agrária na região;
-
a
adequação da legislação
de licenciamento ambiental à dinâmica
e às especificidades da reforma agrária
na região.
As
recomendações derivadas do seminário
ao Ministério de Meio Ambiente e ao Ministério
de Desenvolvimento Agrário foram:
1) Permitir a participação das comunidades
beneficiárias na definição do
modelo de Assentamento Florestal que deverá
atender às peculiaridades de cada população
e de cada região;
2) Recuperar o histórico do tema ambiental
e florestal no Incra para considerar os modelos alternativos
já propostos e em implementação
no governo anterior, tais como o Projeto de Desenvolvimento
Sustentável (PDS), as Reservas Extrativistas
(RESEX), os Projetos de Assentamento Agroextrativista
(PAE), as Reservas de Desenvolvimento Sustentável
(RDS) e os assentamentos agrícolas clássicos;
3) Ampliar e adaptar os mecanismos e instrumentos
de implantação de modelos sustentáveis
de assentamentos: assistência técnica,
crédito, novas tecnologias produtivas, programas
de saúde e educação, infra-estrutura,
estimulo ao fortalecimento das organizações
dos agricultores familiares e populações
tradicionais;
4) Estabelecer regime jurídico apropriado considerando-se
a legislação fundiária e ambiental
como, por exemplo, a questão da concessão
de uso para os assentamentos florestais ao invés
do título de propriedade;
5) Observar modos de planejamento integrado no assentamento
florestal para diversificar a produção
considerando-se a cadeia produtiva - plantas medicinais,
criação animal, piscicultura, agricultura,
água, produção de energia;
6) Estudar melhor dimensionamento dos lotes e dos
assentamentos com flexibilidade para ajustes a serem
definidos em conjunto com os assentados;
7) Estudar processo para definir localmente cadeias
produtivas e as possibilidade de agregar valor aos
produtos;
8) Considerar a necessidade de recuperação
florestal dos assentamentos já existentes na
região;
9) Definir com clareza a demanda por assentamento
- quem, onde e quando - por meio da atualização
do diagnóstico de acampamentos;
10) Estabelecer articulação permanente
e orgânica com outros programas governamentais
- Programa Nacional de Florestas, Proambiente, Proteger,
Programa Nacional de Biodiversidade, entre outros.
11) Articular os Ministérios do Transporte,
Minas e Energia, Integração Regional
e Planejamento nas instâncias de gestão
do programa de reforma agrária na Amazônia.
12) Cruzar mapas fundiários, de demanda por
assentamentos, de conflitos sociais, de prioridades
para conservação, de infra-estrutura,
de Terras Indígenas, de Unidades de Conservação
e de terras públicas federais e estaduais.
13) Revisão e adaptação do licenciamento
ambiental para os assentamentos florestais e da regulamentação
do manejo florestal.
Entre
1995 e 2002, foram implementados 1.609 assentamentos
na Amazônia Legal, que totalizam 14.474.101
hectares, dos quais apenas cerca de 10 foram classificados
como Projetos de Assentamentos Agroextrativistas (PAE)
ou Projetos de Desenvolvimento Sustentável
(PDS). Os demais se enquadram nos modelos clássicos
de assentamentos. Apesar disso, apenas 25% do total
desmatado na região entre agosto de 2001 e
agosto de 2002 – 25.476 km2 - foi provocado por pequenas
propriedades, de acordo com uma análise do
Museu Emílio Goeldi (PA), apresentada no dia
30/06, na sede do Ibama, em Brasília.
Durante o seminário, o Incra apresentou as
propostas que estão trabalhadas para serem
incluídas no Plano Plurianual (PPA) que vai
orientar a destinação orçamentária
do governo entre 2004 e 2007.
Um Grupo Interministerial será criado para
definir o modelo de assentamento florestal para a
Amazônia Legal. Foi sugerido que seja composto
por cinco representantes governamentais - Ministério
de Meio Ambiente, Ministério de Desenvolvimento
Agrário, dois representantes de governos
estaduais e a Embrapa - e cinco não-governamentais
- dois representantes do Fórum Nacional pela
Reforma Agrária, dois representantes do Grupo
de Trabalho Amazônico e um representante do
Fórum Brasileiro de Organizações
Não Governamentais e Movimentos Sociais pelo
Desenvolvimento Sustentável.
Propostas
do Incra para o PPA
Programa
1: Gestão da Estrutura Fundiária
Linhas de Ação: - Fiscalização
cadastral de imóvel rural; - Regularização
fundiária; - Georreferenciamento de imóveis
rurais públicos e privados - Gerenciamento
do cadastro rural - Estruturação Territorial.
Sistema de Cadastro rural; - Implantação
do Cadastro Nacional de Imóveis Rurais – CNIR
- Sistema de Cadastro rural
Programa
2: Assentamentos Sustentáveis para os Biomas
Brasileiros
Linhas de Ação: Obtenção
de terras; Acompanhamento de implementação
de projetos de assentamento; Implementação
de projetos de assentamento; Concessão de crédito
- implementação; Concessão de
crédito - PRONAF “A”.
Programa
3: Desenvolvimento Sustentável na Reforma Agrária
Linhas de Ação: - Articulação
nos âmbitos interno e externo das ações
necessárias à integração
dos assentamentos no desenvolvimento local; - Cooperação
e gestão; - Apoio a projetos solidários;
- Concessão de créditos - Projetos solidários
- instalações, máquinas e equipamentos;
- Recuperação de projetos de assentamento;
- Concessão de crédito s - Recuperação;
- Consolidação Sustentável de
Assentamentos de Reforma Agrária;
Programa
4: Brasil Alfabetizado
Linhas de Ação: - Educação
e formação profissional de jovens e
adultos; - Produção de material específico
para a escolarização e formação
profissional;
Programa
5: Assessoria técnica, acesso ao conhecimento
e cidadania na Reforma Agrária
Linhas de Ação: - Apoio social, técnico
e jurídico, às famílias acampadas
e; - Assessoria técnica e capacitação
para a Reforma Agrária.
Fonte: Instituto Sócio-ambiental
(ISA) (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (André Lima)
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