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A LUTA CONTRA
ANGRA III
Panorama Ambiental
Porto Alegre (RS) – Brasil
Junho de 2003
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O Conselho Nacional de
Política Energética (CNPE)
é o órgão responsável
pela decisão sobre a construção
da terceira usina nuclear no Brasil, Angra
III.
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Presidido
pela ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef,
o CNPE é composto por um representante
da sociedade civil, Euclides Scalco, um representante
das universidades, José Goldemberg,
um representante dos Estados, Mauro Arce,
e pelos ministros da Ciência e Tecnologia,
Roberto Amaral, Planejamento, Guido Mantega,
Fazenda, Antônio Palocci, Indústria
e Comércio, Luiz Furlan, e Meio Ambiente,
Marina Silva, além do chefe da Casa
Civil, José Dirceu.
Em setembro passado, o CNPE autorizou a Eletronuclear,
empresa estatal que pleiteia a construção
de Angra III, a iniciar o licenciamento ambiental,
o debate sobre a armazenagem dos rejeitos
radioativos e o equacionamento econômico-financeiro
da proposta. A decisão final sobre
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Angra
III será tomada na Segunda quinzena
de maio, durante a próxima reunião
do CNPE. O Greenpeace tem trabalhado para
demostrar que é possível atender
às necessidades crescentes da população
e estender a eletrificação aos
mais distantes rincões do país
através de fontes de energia renováveis. |
As usinas nucleares no
Brasil
A
história da energia nuclear no país
teve início por volta de 1945, ano
da explosão das bombas atômicas
de Hiroshima e Nagasaki e do final da 2ª
Guerra Mundial. Apesar de pobre em reservas
conhecidas de urânio, o Brasil era um
grande exportador de monazita, um mineral
radiativo.
No entanto, essa exportação
foi alvo crescente de denúncias de
favorecimento a interesses estrangeiros e
contrabandos. Na tentativa de moralização
dessa situação, o governo passou
a incluir nos contratos de |
exportação,
a exigência de beneficiar-se o minério
antes de remetê-lo para o exterior.
Assim, foram formados os primeiros grupos
de pesquisas e implantadas as primeiras unidades
de beneficiamento, o que despertou desvarios
sobre a fabricação de uma bomba
atômica nacional.
A primeira central nuclear brasileira começou
a ser construída em 1971, em Angra
dos Reis (RJ), sob suspeitas de instabilidade
geológica e sísmica do local
escolhido. O nome da praia, Itaorna, em língua
tupi significa “pedra podre”. Simulações
de acidentes revelaram a fragilidade do projeto
e a impossibilidade de evacuação
dos moradores da região no caso de
uma emergência.
Angra I, conhecida popularmente como “vagalume”,
devido às freqüentes |
interrupções
de funcionamento por motivos técnicos,
foi inaugurada em 1982, em meio a controvérsias,
já que a fabricante norte-americana,
a Westinghouse, recusou-se a transferir tecnologia
aos brasileiros.
Em 1975, ainda sob o regime militar, o Brasil
firmou com a Alemanha um acordo de cooperação
na área nuclear. Pelo acordo, seriam
instalados mais oito reatores no país:
dois em Angra dos Reis, ao lado de Angra I,
e outros seis no litoral sul do Estado de
São Paulo. Reagindo rapidamente, a
população paulista impediu a
construção de “suas” usinas
através da criação de
uma estação ecológica
exatamente no local onde seria implantada
a central nuclear.
Assim, dos reatores previstos no acordo com
a Alemanha, somente Angra II foi construído,
tendo sido inaugurado em 2000. O projeto de
Angra III foi paralisado em 1992 por motivos
econômicos.
Hoje, no mundo inteiro, inclusive na Alemanha,
reatores nucleares têm sido gradativamente
desativados e não há praticamente
nenhuma nova usina sendo planejada ou construída,
já que são consideradas caras
e perigosas. |
Escolha energia renovável
O
Greenpeace tem em suas raízes a oposição
à energia nuclear, seja ela para os
alegados “fins pacíficos”, seja para
armamentos. A organização surgiu
em 1971 através da ação
de um grupo que pretendia mostrar a sua rejeição
aos teses com bombas nucleares que eram realizados
no Pacífico. No Brasil, desde a sua
chegada em 1992, o Greenpeace tem se manifestado
contra a energia nuclear, escolhendo como
alvo de sua primeira ação no
país a Central de Angra dos Reis.
Se por um lado, o “apagão” de 2001
ressuscitou o ultrapassado projeto nuclear
brasileiro, por outro lado demonstrou que
é possível criar uma nova matriz
energética para o país, contemplando
a redução de desperdícios
e privilegiando a geração de
energia a partir de fontes limpas, renováveis,
economicamente viáveis e socialmente
justas.Boa parte dos brasileiros ainda não
recebe eletricidade em suas casas. Cerca de
40% das escolas em zonas rurais não
possui luz elétrica.
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Imensas
áreas no Norte e no Centro-Oeste do
país não são atendidas
pela rede de distribuição de
energia. O Brasil precisa rever a sua maneira
de gerar energia e o CNPE poderá desempenhar
um papel importante nessa mudança,
optando por abandonar de vez velhas propostas
e por viabilizar formas de energia modernas,
seguras e limpas. |
Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Diário de Bordo
Fotos: Divulgação/Greenpeace
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