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GREENPEACE
INTERCEPTA CARREGAMENTO
DE MADEIRA DE CONFLITO NA ITÁLIA
Panorama Ambiental
Salerno – Itália
Junho de 2003
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Ativistas do Greenpeace
interceptaram hoje um carregamento de madeira
de conflito (1) a bordo do navio MV |
Mentor
no porto italiano de Salerno. A área
em torno do carregamento de madeira foi cercada
e marcada pelos ativistas como "Cena do
Crime Florestal" e as toras foram identificadas
com as palavras "Crime Africano" e
"Madeira de Guerra". Depois, a madeira
foi estampada com "selos" para "Retorno
ao Remetente".
"O Greenpeace pediu à Receita Federal
italiana que investigue cuidadosamente o carregamento
de madeira e insistiu para que o governo do
país implemente imediatamente as sanções
das Nações Unidas que proíbem
importações de madeira proveniente
da Libéria", disse Sergio Baffoni,
da campanha de Florestas do Greenpeace em Salerno.
"Estas toras de madeira devem ser mandadas
de volta. A Itália não pode liderar
o processo político europeu que discute
o controle da exploração e comércio
ilegais de madeira através do acordo
sobre Legislação Florestal, . |
Governabilidade
e Comércio (FLEGT) ao mesmo tempo em
que importa madeira ligada aos conflitos armados
daquele país". Investigações
do Greenpeace revelaram a relação
entre importações de madeira pela
Itália, a guerra civil e a destruição
de florestas. No dia 06 de maio, o Conselho
de Segurança das Nações
Unidas incluiu a madeira às sanções
impostas à Libéria, por causa
do envolvimento do setor florestal daquele país
no tráfico de armas, que alimenta os
conflitos civis da região da África
Oriental. A proibição às
importações de madeira entrará
em vigor no dia 07 de julho. |
O
carregamento de madeira de conflito pertence
à empresa Maryland Wood Processing Industries
(MWPI), uma madeireira da Libéria que,
segundo informações da organização
inglesa Global Witness, está envolvida
no comércio de armas do país.
A MWPI, que administra o Porto Harper na Libéria,
desempenha papel-chave na importação
de armas pela Libéria através
do porto. Em 2002, a empresa esteve envolvida
com carregamentos de armas destinados aos rebeldes
na Costa do Marfim (2).
Além disso, o navio deixou o Porto Harper
depois de ser notificado oficialmente sobre
a inclusão da madeira nas sanções
das Nações Unidas impostas à
Libéria. Foi uma clara tentativa de exportar
o máximo de madeira proveniente daquele
país antes que as sanções
entrassem em vigor. As companhias que compram
estas toras estão cientes que são
parceiras no crime que alimenta os conflitos
armados da região.
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O
Greenpeace está pedindo à Federação
Italiana de Madeira para localizar e expulsar
eventuais compradores de madeira referente a
estes carregamentos. Em abril de 2002, o Greenpeace
e a Federação de Madeira assinara
um acordo comum para barrar a exploração
ilegal de madeira. Por este acordo, a Federação
se comprometia em separar a madeira de conflito
importada pela Itália. Mas tais carregamentos
nunca pararam de chegar à Itália.
Depois do protesto, as autoridades portuárias
da Itália concordaram em se reunir para
discutir o assunto com o Greenpeace e iniciar
uma profunda investigação sobre
o assunto. |
Notas:
(1) A expressão
"madeira de conflito" ou "madeira de
guerra" foi utilizada pela primeira vez em 2001
em um informe do Painel de Especialistas das Nações
Unidas sobre a Exploração Ilegal dos
Recursos Naturais e outras Fontes de Riqueza na República
Democrática do Congo. A Global Witness, uma
ONG britânica especializada em florestas e direitos
humanos, definiu a madeira de conflito como "madeira
que tem sido utilizada, em algum ponto de sua cadeia
de custódia, por grupos armados, facções
rebeldes, soldados regulares ou da administração
civil, com o objetivo de perpetuar um conflito ou
beneficiar-se das situações de conflito
em proveito próprio". Atualmente, a madeira
procedente de regimes ditatoriais, forças de
ocupação ou facções rebeldes
em países em conflito, como Burma, Libéria
ou República Democrática do Congo, é
considerada sob esta definição.
(2) The Usual Suspects:
Liberia`s Weapons and Mercenaries in Cote d`Ivoire
and Sierra Leone - Why it`s Still Possible, How it
Works, and How to Break the Trend (Veja: www.globalwitness.org)
Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa |