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MMA/IBAMA APÓIA
CRIAÇÃO DE REDE DE MONITORAMENTO
PERMANENTE EM ÁREAS DE MANEJO DA
FLORESTA AMAZÔNICA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Março de 2003
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"Só a
exploração manejada de forma sustentável
garantirá que os estimados 45 bilhões
de metros cúbicos de madeira da Floresta
Amazônica continuem em pé e permitam
ao Brasil dominar o comércio internacional
de madeira tropical neste século, tendo em
vista o declínio do estoque do produto asiático",
alertou o diretor de Florestas do Ibama, Antônio
Carlos Hummel.
Para atingir esta meta, no entanto, o Ibama precisa
conhecer o padrão e a dinâmica de crescimento
da floresta explorada por plano de manejo sustentável
- indispensável para desenvolver modelos
de utilização adequada dos recursos
florestais, adiantou Hummel. Com este objetivo,
o MMA/Ibama traçou três linhas de ação:
implantar uma rede de Inventário Florestal
Contínuo (IFC); divulgar e atualizar a base
técnica sobre o comportamento da floresta
pós-exploração manejada; e
revisar e aperfeiçoar a metodologia para
o manejo florestal sustentável.
Estas diretrizes permitirão à diretoria
de Florestas do Ibama informar com exatidão:
Por que a floresta é mais rentável
em pé do que no chão? Como ocorre
a recuperação da floresta para os
próximos cortes de árvores depois
da exploração manejada? Quais as técnicas
de manejo mais adequadas para garantir a sustentabilidade
da exploração e a perenidade das madeiras?
Que métodos adotar para evitar a extinção
local e a erosão genética das espécies,
apressar o ciclo de crescimento e a intensidade
de corte das árvores? Quais as modificações
ecológicas pós-exploração
e o tempo correto para novos cortes? Qual a intensidade
ideal de exploração manejada para
garantir a sustentabilidade da floresta e a continuidade
de geração de benefícios ecológicos,
econômicos e sociais por ela proporcionados?
Por que o manejo é indispensável para
garantir que as árvores continuem em pé?
São algumas das muitas respostas que deverão
estar disponíveis para a sociedade dentro
de cinco anos com a criação da Rede
de Inventário Florestal Contínuo (IFC)
- um esforço pioneiro do ministério
do Meio Ambiente/Ibama, através do programa
ProManejo (PPG-7), para aperfeiçoar, unificar
e padronizar as normas e os procedimentos técnicos
do manejo florestal, tornando-o economicamente viável,
desde que ecologicamente aceitável, anunciou
o diretor de Florestas do Ibama.
Para tanto, serão monitoradas diversas áreas
da Amazônia submetidas a manejo florestal
- base para o aperfeiçoamento das metodologias
do uso sustentável da floresta e de subsídios
de políticas públicas coerentes para
o setor. As pesquisas sustentarão o primeiro
banco de dados com informações unificadas
de todos os parceiros envolvidos na rede para permitir
ao governo revisar e aperfeiçoar constantemente
as normas técnicas para manejo florestal,
adequando-as às peculiaridades de cada microrregião
amazônica.
Para gerenciar a rede, que deverá estar totalmente
implantada em dois anos, a diretoria de Florestas,
através do ProManejo, criou um grupo de trabalho
integrado por instituições com grande
experiência em monitoramento de florestas
pós-exploração: Embrapa (AM,
PA e AC), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa), Instituto do Meio Ambiente e do Homem da
Amazônia (Imazon), Universidade Federal do
Amazonas (Departamento de Ciências Florestais),
Faculdade de Ciências Agrárias do Pará
e consultores independentes representados por empresas
madeireiras certificadas.
Hummel admitiu que, embora várias instituições
venham fazendo pesquisas neste sentido, como a Embrapa,
as informações são fragmentadas,
comprometendo a troca e a disseminação
dos seus resultados. Ele reconhece que apesar do
grande avanço dos estudos em manejo realizados
há mais de duas décadas na Amazônia,
ainda falta suporte técnico para embasar
aspectos ecológicos inerentes ao processo
de recuperação da floresta manejada
para os próximos ciclos de corte das árvores.
Falta estabelecer, por exemplo, intensidades de
exploração manejada que sejam economicamente
viáveis, informou Hummel. Por outro lado,
dependendo da intensidade do corte e do sistema
de exploração adotado, podem ocorrer
mudanças dramáticas na estrutura e
na composição da flora manejada, ressaltou
o diretor de Florestas. As pesquisas também
responderão por que a abertura de trilhas
e de clareiras em diferentes escalas aumentam o
ritmo de crescimento e de mortalidade das árvores,
provocando mudanças na dinâmica de
toda a floresta.
Mesmo a Embrapa, que monitora a Floresta Amazônica
há 23 anos em suas regionais do Amazonas,
Pará e Acre, não se arrisca a afirmar,
com exatidão, qual o comportamento da mata
pós-exploração manejada. Mas
está certa dos benefícios dos planos
de manejo. Seu representante no Pará e na
rede de monitoramento, Natalino Silva, garante:
"a árvore manejada cresce muito mais
rápido que a explorada de forma predatória".
O mesmo assegura o representante do Imazon na rede,
Edson Vidal. "A longo prazo, a exploração
com plano de manejo sustentável fica até
13 por cento mais barata que a predatória,
além de permitir o crescimento mais rápido
das espécies cortadas corretamente".
Com isto também concorda a Eco Florestal
Ltda., da qual faz parte a Mil Madeireiras - a primeira
indústria certificada do País a trabalhar
e lucrar com manejo empresarial. Seu representante
no grupo de trabalho, Delman Gonçalves, admite
que "a árvore manejada cresce 5,5 vezes
mais que a derrubada com corte raso e predatório",
resultado de sua tese de pós-graduação
em engenharia florestal.
Monitoramento
Para um planejamento
eficiente das atividades florestais e um bom manejo,
a rede de monitoramento espera obter informações
confiáveis para abastecer o banco de dados
e definir modelos de crescimento e de produção
da Floresta Amazônica: identificação
correta e distribuição espacial das
espécies, estrutura da vegetação,
auto-ecologia das espécies, parâmetros
demográficos da regeneração
natural, biologia e dinâmica reprodutiva,
que deverão ser obtidas em cada área
ou formação vegetal da Amazônia
delimitada para a minuciosa pesquisa de campo.
Para a análise de crescimento, as árvores
acima de 5 cm serão medidas e identificadas
com plaquetas, e até a iluminação
de suas copas será considerada. As espécies
serão estudadas em pé, viva quebrada,
morta e cortada. Para a definição
da estrutura da floresta, os pesquisadores a analisarão
sob quatro aspectos: madura, em construção,
explorada e clareira natural. As formas de copa
das árvores serão observadas: em círculo
completo, meio círculo, menos que meio círculo,
rebrota e sem copa. O grau de comercialização
das espécies será obtido pela análise:
100 por cento aproveitáveis, parcialmente
aproveitáveis e sem aproveitamento comercial.
Danos: aparentes, físicos de causas naturais,
biológicos e causados por exploração.
E até a presença de cipós será
considerada: sem e com cipós fortemente atados
às árvores, afetando o seu crescimento.
O Brasil possui um terço das florestas tropicais
do mundo. A Amazônia Legal abrange uma área
de 4,8 milhões de quilômetros quadrados
cobertos com 285 milhões de hectares de floresta
nativa, dos quais 246 milhões de hectares
são produtivos. É a maior riqueza
extrativa da Amazônia.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Assessoria de imprensa (Antonio Carlos Hummel)