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MEL ORGÂNICO
DO XINGU CHEGA
ÀS PRATELEIRAS DE SUPERMERCADOS
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2003
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Único no Brasil,
o mel orgânico produzido por comunidades do
Parque Indígena do Xingu será vendido,
a partir de amanhã (06/05), em algumas lojas
do Pão de Açúcar em São
Paulo. Também a cestaria Baniwa, que já
é comercializada pela Tok & Stok, passará
a ser vendida pela rede. Ambas as iniciativas estão
ligadas às parcerias que o ISA mantém
com duas associações de povos indígenas.
É a primeira vez que o Mel dos Índios
do Xingu será vendido por uma grande rede
de lojas. Até agora, sua comercialização
acontecia em exposições de produtos
típicos e alternativas econômicas sustentáveis
para a Amazônia, na Associação
Terra Indígena Xingu (Atix), no Instituto
Socioambiental e, esporadicamente, em lojas menores.
“Essa iniciativa é um reconhecimento aos
apicultores indígenas e ao projeto como um
todo”, afirma Yanuculá Kaiabi, integrante
da diretoria da Associação Terra Indígena
do Xindu (Atix), encarregada de produzir e vender
o mel. Essa atividade integra um projeto de alternativas
econômicas desenvolvido pela Atix em parceria
com o ISA, com apoio técnico da Associação
Paulista dos Apicultores Criadores de Abelhas Melíferas
Européias (Apacame). O objetivo é
suprir necessidades básicas de consumo das
comunidades, sem causar impactos culturais e ambientais.
Apicultor indígena manuseia caixa de produção
de mel no Parque do Xingu.
A apicultura no Parque do Xingu (www.socioambiental.org/website/pib/epi/xingu/xingu.shtm)
(PIX) teve início no ano de 1996 e, em 2001,
o mel foi certificado como produto orgânico
pelo Instituto Biodinâmico (IBD), instituição
avaliadora reconhecida internacionalmente, sediada
em Botucatu, interior de São Paulo.
Yanuculá Kaiabi conta que, apesar disso,
a comercialização do produto é
uma tarefa difícil, pois de um lado as lojas
exigem grandes quantidades de potes e de outro os
exportadores pagam muito pouco. Nesse sentido, o
projeto do Pão de Açúcar vai
de encontro aos interesses das comunidades do PIX
porque estabelece em contrato o respeito às
especificidades da produção indígena.
“Os índios se dedicam a muitas atividades
cotidianas e não só à produção
do mel. Por isso, tem que seguir o ritmo da cultura
e do calendário indígena”, explica
Yanuculá.
Cestaria
baniwa
Arte Baniwa: à
venda no Pão de Açúcar. Os
cestos produzidos pelos índios Baniwa (www.socioambiental.org/website/pib/epi/baniwa/baniwa.shtm),
que habitam a região do Rio Negro (AM), também
serão vendidos pelo Pão de Açúcar.
Trançados com fibra de arumã, os cestos
têm grafismos que fazem parte de uma tradição
de 2000 anos entre o povo Baniwa.
Em 1998, a Organização Indígena
da Bacia do Içana (Oibi), a Federação
das Organizações Indígenas
do Rio Negro (Foirn) e o ISA deram início
ao projeto Arte Baniwa de produção
e comercialização da cestaria, com
o objetivo de valorizar o patrimônio cultural,
estimular a reciclagem e disseminação
dessa tradição cultural milenar, identificar
nichos de mercado compatíveis com a capacidade
de produção das comunidades e gerar
renda para os produtores indígenas e suas
associações.
Um dos resultados dessa parceria é o fornecimento
regular, desde 1999, da cestaria para a rede Tok
& Stok de móveis e objetos de decoração.
O Pão de Açúcar se torna, portanto,
a segunda grande rede a comercializar os cestos.
Caras do
Brasil
O mel do Xingu e
os cestos Baniwa fazem parte de um conjunto de 800
produtos escolhidos pelo projeto Caras do Brasil,
do grupo Pão de Açúcar, cujo
objetivo é abrir um canal de vendas para
as chamadas comunidades manufatureiras, bem como
buscar produtos com valor social agregado. Hugo
Bethlem, diretor executivo comercial da empresa,
diz que o Pão de Açúcar espera
assim contribuir para a geração de
renda dessas populações e para a preservação
e divulgação de suas atividades tradicionais,
permitindo que se fixem em seus locais de origem
por meio do desenvolvimento sustentável.
A rede Pão de Açúcar espera
ainda incluir alguns desses produtos na lista de
mercadorias que exporta.
Os pontos de venda que integram o projeto Caras
do Brasil ficam em São Paulo, e correspondem
às lojas Brigadeiro Luís Antônio,
Jardim Paulista, São Gabriel e Alphaville.
Fonte: ISA – Instituto Sócio
Ambiental (www.socioambiental.org.br)
Marcos Rufino