Apesar
de ser praticamente desconhecido, o mutum-de-Alagoas
(Mitu mitu) é uma das aves brasileiras
com o maior risco de desaparecer do planeta.
Extinta na natureza desde a década
de 80, a ave endêmica da Mata Atlântica
de Alagoas, tem situação semelhante
à da ararinha-azul, cujo último
exemplar sumiu do sertão da Bahia |
há
quase três anos. Do mutum-de-Alagoas,
resta apenas uma população de
cerca de 70 indivíduos. Com um agravante:
mais da metade desse plantel é formada
por aves híbridas, ou seja, são
resultado de cruzamentos com uma espécie
próxima, o Mitu tuberosa. Legítimos
exemplares só mesmo cerca de 20 indivíduos.
Para tentar encontrar um meio de reverter
a iminente extinção do mutum-de-Alagoas,
alguns dos maiores especialistas em aves do
país se reúnem entre os dias
8 e 9 de maio no Hotel Maceió Mar,
na capital alagoana. O evento, coordenado
pelo Ibama, conta ainda com a parceria do
Instituto para a Preservação
da Mata Atlântica-IPMA, importante aliado
na luta pela preservação do
Mitu mitu.
Com tão poucas aves legítimas
para a elaboração de um programa
de conservação e manejo do mutum-de-Alagoas,
o Ibama espera, em primeiro lugar, estabelecer
oficialmente durante o encontro um grupo de
trabalho, com vistas a se tornar um comitê
de especialistas, a exemplo do que já
acontece para algumas espécies de araras
e outras aves com alto risco de ameaça.
O grupo terá pela frente o desafio
de aprimorar geneticamente a população
remanescente dos mutuns, num processo de “purificação”
da espécie por meio de cruzamentos
que possam aumentar a variabilidade genética
do grupo. |
O segundo
passo é o estabelecimento de um programa
de recuperação de habitat na
região de origem da ave, praticamente
todo transformado em canaviais. Da mata original,
restaram apenas algumas "ilhas".
Para restabelecer a Mata Atlântica,
os ambientalistas contam com a colaboração
de usineiros e donos de terra da região
que se propuseram a participar da criação
de Reservas Particulares do Patrimônio
Natural- RPPNs. Algumas dessas reservas já
estão sendo criadas. Pelo ato, o dono
da reserva recebe como contrapartida incentivos
fiscais e prioridades de fiscalização
ambiental e combate de incêndios florestais.
|