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MARINA SILVA
APRIMORA PORTARIAS QUE PRESERVAM
FLORESTAS DE ARAUCÁRIA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2003
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A ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva, aprimorou os textos das
portarias 506, 507 e 508, assinadas em dezembro
de 2002, definindo áreas prioritárias
no sul da Bahia, Santa Catarina e Paraná
para a criação de unidades de conservação
de matas de araucária. O Diário Oficial
da União de (09.4.03) publica as portarias
176, 177 e 178 que dão nova redação
ao artigo 4º que suspendia o reflorestamento
com espécies exóticas no interior
e no entorno de 10 quilômetros das áreas
delimitadas.
Para o secretário de Biodiversidades e Florestas,
João Paulo Capobianco, a medida atende as
comunidades agrícolas da região. As
portarias anteriores geravam a interpretação
equivocada de que as atividades agropecuárias
estavam totalmente proibidas na região. “O
objetivo é preservar as matas de araucárias
sem prejudicar as atividades econômicas”,
disse o secretário.
Os novos textos são resultado de uma reunião
promovida pela ministra Marina Silva, em março,
com secretários estaduais de Santa Catarina
e do Paraná, associação de
prefeitos, representantes do Ibama, organizações
não governamentais e instituições
de pesquisa. O encontro, presidido pelo secretário
de Biodiversidades e Florestas do MMA, João
Paulo Capobianco, aprovou a nova redação
para o artigo 4. Na reunião, também
foi aprovada a criação de um grupo
de trabalho com representantes dos governos estaduais
e municipais e da sociedade civil dos estados do
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,
além de representantes de organizações
não governamentais e da Secretaria de Biodiversidades
e Florestas e do Ibama, para criar alternativas
de preservação e criação
de unidades de conservação das matas
de araucária. Em maio, esse grupo reúne-se
para apresentar e analisar as primeiras propostas.
Ameaça
antiga
A preocupação
com as matas de araucária são antigas.
Em 1928, o assistente-chefe de botânica a
agronomia do Instituto Biológico de Defesa
Agrícola e Animal, do Estado de São
Paulo, F.C.Hoehne, impressionado com o corte das
árvores pelas madeireiras, alertava para
o perigo. “Urge que os governos oponham um dique
à onda devastadora de madeiras, que ameaça
transformar nossa terra em deserto”, disse Hoehne,
após percorrer de trem a região das
matas de araucária, nos estados do Paraná
e Santa Catarina. Anos mais tarde, em 1963, um estudo
da Fundação de Pesquisas Florestais
do Paraná (Fupef) apontava para o fim das
florestas em 15 anos. Hoje, constata-se uma área
remanescente de 0,8% das matas, no Paraná,
e menos de 3 % em Santa Catarina.
Foi a partir de uma reunião do Conama, realizada
em Joinville (SC), em 2001, que o governo começou
a tratar com mais profundidade do tema. Na época,
criou-se uma comissão para identificar as
áreas onde ainda existem o ecossistema nativo,
as formas de agressão e para sugerir alternativas
de preservação e recuperação.
Segundo representantes de ONGs, estudos realizados
- que selecionaram 25 áreas para serem transformadas
em unidades de conservação - concluíram
que as plantações de pinus e os desmatamentos
para assentamentos e para exploração
da madeira são as atividades que mais ameaçam
as florestas de araucária.
As plantações de pinus, incentivadas
por programas de governo e pela indústria
do papel, estão invadindo as paisagens onde
antes predominavam as araucárias, árvore
símbolo do Paraná. Além dos
programas de incentivo, estudos técnicos
comprovaram que o pinus cresce mais rápido
que a araucária e se alastra com facilidade.
Essas características determinaram a suspensão
da plantação dessa espécie
num entorno de 10 quilômetros do núcleo
das matas de araucária e gerou protestos
entre madeireiros.
Caberá ao grupo de trabalho, criado na reunião
de março que discutiu o novo texto das portarias,
propor alternativas de desenvolvimento para as comunidades
das regiões envolvidas. O grupo reúne-se
em maio já para apresentar algumas dessas
propostas. Segundo o coordenador do Núcleo
Mata Atlântica da SBF, Wigold Schaffer, “o
objetivo é criar uma agenda positiva, com
a valorização e recuperação
das florestas, definindo uma estratégia geral
para a conservação dos remanescentes
e recuperação de áreas já
desmatadas, além de propor formas de agricultura
sustentável com espécies que não
coloquem em risco a biodiversidade.”
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Assessoria de imprensa