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ENCONTRO
BUSCA MELHORAR COMERCIALIZAÇÃO
DA PESCA COMUNITÁRIA DA AMAZÔNIA
Panorama Ambiental
Belém (PA) – Brasil
Julho de 2003
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O manejo sustentável
da pesca na várzea amazônica tem uma
produtividade 60% maior do que o método convencional
e traz inúmeras vantagens para todos os setores
envolvidos com essa atividade, principalmente as
populações ribeirinhas que dependem
do peixe para seu sustento e alimentação.
O sucesso do manejo comunitário depende dos
acordos de pesca, que são estabelecidos com
a participação das comunidades e,
reconhecidos pelo Ibama, têm força
de lei. Para que os benefícios ambientais,
sociais e econômicos da pesca sustentável
sejam mais disseminados entre as populações
ribeirinhas e para servir de ferramenta aos técnicos
e tomadores de decisão de órgãos
governamentais e não-governamentais envolvidos
com a questão pesqueira, o WWF-Brasil lança
nesta quarta-feira, 9 de julho, um vídeo
e uma cartilha sobre este tema. Os produtos serão
apresentados durante o II Encontro sobre Manejo
Comunitário de Pesca na Amazônia, que
acontece no Paraíso Praia Hotel e Resort,
na Ilha de Mosqueiro, em Belém (PA), de 9
a 11 de julho. O evento, promovido pelo WWF em parceria
com o ProVárzea/Ibama, com o apoio do HSBC,
visa desenvolver estratégias para melhorar
a comercialização da pesca comunitária
da Amazônia, bem como para disseminar os acordos
de pesca e as práticas do manejo sustentável.
"A pesca é a principal fonte de renda
e de alimento das comunidades ribeirinhas. Existem
experiências de sucesso que precisam ser multiplicadas
para melhorar a qualidade de vida e de renda da
população local e, ao mesmo tempo,
garantir a conservação do meio ambiente
e dos recursos naturais da várzea amazônica.
O principal gargalo, agora, é a comercialização.
As comunidades não possuem capital de giro
nem dispõem de informações
sobre como ter uma melhor inserção
no mercado. Para isso, é importante formar
redes para troca de experiência e para possibilitar
o desenvolvimento de estratégias conjuntas
e de busca de parcerias. É este o objetivo
deste II Encontro", diz Antonio Oviedo, coordenador
do Programa Várzeas da Amazônia do
WWF-Brasil.
Com o título "Acordos de Pesca: a comunidade
é quem faz" e com uma tiragem de 15
mil exemplares, a cartilha publicada pelo WWF-Brasil
em parceria com o ProVárzea/Ibama mostra,
em 20 páginas bem ilustradas e com texto
acessível, por que os recursos pesqueiros
devem ser controlados e bem administrados, as vantagens
das práticas sustentáveis, o passo-a-passo
para as comunidades se organizarem e fazerem um
acordo de pesca, como legitimar o acordo e monitorar
a sua aplicação e o seu resultado,
e quais as organizações que podem
ajudar nesse processo. Filmado na ilha de Ituqui
(município de Santarém, PA), o vídeo
"Manejo Sustentável da Pesca na Amazônia
- a experiência do Projeto Várzea"
foi produzido pelo WWF em parceria com o Ipam -
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.
Em linguagem jornalística e com 20 minutos
de duração, o vídeo apresenta
problemas e soluções para o uso dos
recursos naturais da várzea, com destaque
para o manejo comunitário da pesca. O II
Encontro sobre Manejo Comunitário de Pesca
na Amazônia. O evento reúne representantes
das comunidades ribeirinhas da Amazônia, de
organizações governamentais e não
governamentais, frigoríficos, institutos
de pesquisa, bancos e agências financiadoras,
órgãos setoriais e sindicais envolvidas
com a pesca na região. Cerca de 80 pessoas
participam do encontro, cuja programação
inclui palestras, painéis, debates e oficinas.
Destaques:
- 8% do pescado capturado
em água doce em todo o mundo provêm
da Amazônia.
- 100 mil toneladas de pescado por ano são
produzidas na Amazônia brasileira e o valor
da produção é de aproximadamente
100 milhões de dólares. O potencial
da pesca na região é de 1 milhão
de toneladas por ano, o que equivale a 50% da produção
total dos rios e lagos do país.
- Pescadores de pequena escala representam 94% do
total de 51 milhões de pescadores existentes
hoje no mundo e 95% destes encontram-se em países
em desenvolvimento, como o Brasil. (fonte: Centro
Internacional de Manejo dos Recursos Aquáticos).
- 250 milhões de pessoas em países
em desenvolvimento são dependentes da atividade
da pesca e aproximadamente 1 bilhão depende
da proteína de produtos de origem aquática.
O peixe é a principal fonte de proteína
das populações ribeirinhas, com um
consumo per cápita entre 100 e 550 gramas
por dia. Além de importante fonte de alimento
e de subsistência, a pesca é uma atividade
tradicional da humanidade.
- Na várzea da Amazônia (região
inundada durante a cheia), 84% das famílias
pescam e a renda dessa atividade representa um terço
da renda total familiar
- A produtividade média da pesca nas áreas
manejadas* isto é, onde a pesca é
feita com práticas sustentáveis -
chega a 41 quilos de peixe por hectare, enquanto
nas áreas sem manejo cai para 26 quilos.
- O manejo da pesca também melhora a renda
da comunidade. Por exemplo: na Reserva de Desenvolvimento
Sustentável de Mamirauá, o manejo
do pirarucu (Arapaima gigas) melhorou o preço
de venda do pescador, que em três anos aumentou
de R$ 3,40 para R$ 8,00 o quilo; e na região
de Gurupá, estado do Pará, o manejo
comunitário do camarão fez aumentar
de 5 centímetros para 9.5 centímetros
o tamanho do camarão e a renda familiar aumentou
em 30%.
- Espécies de peixes da Amazônia que
são mais apreciadas na culinária estão
mais valorizadas no mercado, como o tambaqui (Colossoma
macropomum), o pirarucu (Arapaima gigas), o surubim
(Pseudoplatystoma fasciatum) e o piramutaba (Brachyplatystoma
vaillantii) já estão com seus estoques
sobreexplorados.
- 87 mil toneladas de pescado são desembarcadas
ao longo do Rio Amazonas (8 principais cidades)
e o potencial está estimado em 1 milhão
de toneladas. Esse número não inclui
o peixe consumido pelos pescadores e suas famílias.
Na calha do Solimões e Amazonas (sem os tributários),
a captura total atinge 166.320 kg. Para toda a área
dos estados do Pará e Amazonas, o total de
peixe capturado está estimado em 232.848
kg. - R$ 455 milhões é a renda gerada
pelo setor pesqueiro na Amazônia,
sendo que 48% desse total são gerados pelos
frigoríficos, 18% pela pesca artesanal e
16% pelos pescadores comerciais. As feiras são
responsáveis por 9%.
- Cerca de 75% do volume pescado é resultado
da atividade de 10 mil famílias baseadas
na região do Baixo Amazonas e os outros 25%
são capturados pela frota pesqueira comercial.
- 87 mil empregos/ano são gerados pela pesca
na Amazônia, sendo que 57% desse total são
gerados pela pesca comunitária, 33% pela
pesca comercial e 5% pelos frigoríficos.
- A pesca comercial no rio Amazonas movimenta cerca
de 5,5 mil embarcações, envolve mais
de 37 mil pescadores comerciais (registrados nas
colônias de pescadores) e gera mais de 87
mil toneladas de pescado. A frota pesqueira gera
mais emprego do que a indústria de processamento
do pescado, mas a maior renda é gerada pelos
frigoríficos
O WWF-Brasil é uma organização
da sociedade civil autônoma e sem fins lucrativos,
sediada em Brasília, com atuação
nacional para que a sociedade brasileira conserve
a natureza, harmonizando a atividade humana com
a proteção da biodiversidade e o uso
racional dos recursos naturais em benefício
dos cidadãos de hoje e das futuras gerações.
O ProVárzea - Projeto de Manejo dos Recursos
Naturais da Várzea é um projeto do
Ibama inserido no Programa Piloto para a Proteção
das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7). Seu principal
objetivo é estabelecer as bases técnica,
científica e política para a formulação
de políticas públicas para a conservação
e gerenciamento dos recursos naturais da várzea
da região central da bacia amazônica,
com ênfase nos recursos pesqueiros. O ProVárzea
está sediado em Manaus, AM.
Mais informações com Regina Vasquez,
assessora de Comunicação do WWF-Brasil,
pelo tel. celular (61) 9286-7724 e no evento pelo
tel. (91) 228-3950 e 228-2925, e com Bruno Henrique
Marsiaj, na Comunicação do WWF em
Brasília, pelo telefone (61) 364-10004 e
pelo e-mail brunoh@wwf.org.br.
A partir do dia 14 de junho, contate Regina pelo
e-mail regina@wwf.org.br
e pelo tel. (61) 364-10003.
Fonte: WWF-Brasil (www.wwf.org.br)
Assessoria de comunicação (Regina
Vasquez/Bruno Henrique Marsiaj)