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UNESCO AMPLIA
SÍTIO DO PATRIMÔNIO
NATURAL DA HUMANIDADE NA AMAZÔNIA
Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2003
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Criado no interior
do Estado do Amazonas, o novo Complexo de Conservação
da Amazônia Central é composto pelas
Unidades de Conservação Anavilhanas,
Amanã, Jaú e Mamirauá
A aprovação
de um novo Patrimônio Natural da Humanidade
no Brasil pelo Fundo das Nações Unidas
para Educação, Ciência e Cultura
(Unesco) aconteceu na última quarta-feira
(02/07), quando o Comitê do Patrimônio
Mundial se reuniu em Paris, mas a confirmação
só se deu esta semana. O chamado Complexo
de Conservação da Amazônia Central
foi criado no próximo a Manaus e dos rios
Negro e Solimões (veja a imagem ao lado).
O sítio aumentará a área do
Patrimônio Natural, reconhecida em 2000 pela
Unesco, e da qual fazia parte o Parque Nacional
do Jaú, segundo maior do Brasil. A ele serão
incorporadas a Estação Ecológica
de Anavilhanas, um dos maiores complexos fluviais
do mundo, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável
de Amanã e parte da Reserva de Desenvolvimento
Sustentável de Mamirauá. Ao todo,
são mais de 6 milhões de hectares,
área maior do que o estado do Espírito
Santo (4,6 milhões de hectares).
As quatros unidades de conservação
haviam sido consideradas "áreas de extrema
importância" durante o Seminário-Consulta,
realizado em Macapá (www.socioambiental.org/website/bio/index.htm),
em 1999. Uma das recomendações, na
ocasião, era a de que fosse implantada, no
médio prazo, fiscalização nas
mais de 400 ilhas que compõem Anavilhanas.
Já a Reserva de Mamirauá recebeu,
em 2001, por meio do Instituto de Desenvolvimento
Sustentável Mamirauá, o Prêmio
Unesco de Meio Ambiente.
Atualmente, o Brasil possui outros seis Patrimônios
Naturais, entre eles, o Vale do Ribeira (www.socioambiental.org/website/noticias/noticia.asp?File=Brasil\2001-07-20-16-11.html).
Mas este número pode subir. De acordo com
o gerente de projetos de Áreas de Preservação
do Ministério do Meio Ambiente, Fenelon Muller,
o Parque Nacional Serra da Capivara, em São
Raimundo Nonato (PI), ainda espera a aprovação
da Unesco. Este é, por enquanto, o último
projeto brasileiro para a transformação
de uma área em Sítio do Patrimônio
Natural; caso ela ocorra, o parque se tornaria um
sítio misto, por ostentar, desde 1991, o
título de Sítio do Patrimônio
Cultural.
A criação do Complexo de Conservação
da Amazônia Central deverá incentivar
parcerias entre as entidades envolvidas com a região.
Este é um dos aspectos ressaltados por Carlos
Durigan, secretário executivo da Fundação
Vitória Amazônica (FVA) (www.fva.org.br/fr-institucional.html),
ONG que atua principalmente no Parque Nacional do
Jaú. "Há vários projetos
acontecendo ao mesmo tempo, entre eles, o Corredor
Ecológico da Amazônia Central, envolvendo
cerca de 30 milhões de hectares, dos quais
fazem parte as unidades de conservação",
diz. De acordo com Durigan, o projeto encontra-se
agora em fase de licitação para a
elaboração de um plano de co-gestão
e de implementação de um plano de
fiscalização, do qual o Instituto
de Proteção Ambiental do Amazonas
(IPAAM) é o coordenador no estado.
Mamirauá e
Amanã
A proposta de ampliação
do Sítio do Patrimônio Natural foi
elaborada pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável
Mamirauá (www.mamiraua.org.br), de acordo
com procedimentos e perspectivas traçados
pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo IPAAM.
Originalmente, ela considerava toda a Reserva de
Mamirauá, mas, a partir de uma visita de
James Barborack, consultor internacional da Unesco,
ao final de 2002, decidiu-se limitar a inclusão
da reserva à área de abrangência
do Plano de Manejo local (pouco menos de 25% do
total). O trecho restante pode entrar para o Sítio
no futuro.
Para Helder Queiroz, diretor técnico-científico
do Instituto Mamirauá, trata-se de um final
feliz para um longo processo, que teve início
ainda em 2001. "Este anúncio chega em
tempo para reforçar a importância das
duas reservas para a conservação da
biodiversidade amazônica, para conferir a
elas o status de áreas de relevância
e importância internacionais e para simbolizar
a disposição do Brasil em garantir
a sua conservação", escreveu
ele, no dia seguinte à declaração
da Unesco.
"Internacionalmente, elas são áreas
que compõem a Reserva da Biosfera da Amazônia
Central, e são, agora, parte de um vasto
Sítio do Patrimônio Natural Mundial.
Além disso, a Reserva Mamirauá, especificamente,
é um dos sítios brasileiros da Convenção
de Ramsar, da ONU, que confere status de importância
a áreas alagadas de todo o mundo", avalia.
Parque Nacional do
Jaú
Já o secretário
executivo da Fundação Vitória
Amazônica (FVA), ressalta que as áreas
onde estão Anavilhanas, Jaú, Amanã
e Mamirauá não fazem parte do eixo
de desenvolvimento vislumbrado para a Amazônia,
o que é positivo. "Este novo cenário
[de um Patrimônio Natural] pode facilitar
a busca de alternativas para o aumento de renda
das comunidades locais, com base no que já
está sendo feito", diz Carlos Durigan.
No território do parque, vivem menos de 900
habitantes. São ribeirinhos que praticam
a pesca ornamental e de subsistência, fazem
os roçados para a agricultura familiar e
o pequeno extrativismo. Essas atividades, apontam
estudos da Fundação, correspondem
a um impacto ambiental em apenas 0,5% da área.
Para manter este patamar, a FVA está desenvolvendo
com os moradores o Programa de Alternativas Econômicas,
focado nos municípios de Barcelos e Novo
Airão.
Pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação
(SNUC) (www.socioambiental.org/website/noticias/naintegra/docs/snuc.html),
a categoria Parque Nacional não permite a
existência de uma população
residente, ou seja, futuramente ela terá
de ser reassentada. "O problema é que,
na Bacia do Rio Negro, não existem áreas
para relocação de população.
Há muitas unidades de conservação,
muitas Terras Indígenas ou, então,
lugares já ocupados", conta Durigan.
"Outra coisa é que não existem
perspectivas de que as famílias sejam indenizadas
no curto prazo, então, é interferir
para que, crescendo as atividades na região,
como é a tendência, elas não
sejam mais danosas."
Uma das alternativas econômicas possíveis
é a utilização do cipó
Titica. Atualmente, saem pelo Rio Negro cerca de
30 toneladas do cipó bruto por ano, "um
número preocupante, mas que pode ser sustentável",
de acordo com Durigan. A idéia seria reduzir
a quantia e utilizá-lo de forma que os próprios
moradores do Parque façam os móveis,
vassouras e utensílios, deixando o valor
agregado na região.
Os Sítios
do Patrimônio Natural no Brasil
Complexo de Conservação
da Amazônia Central - AM (título recebido
em 2003, ampliação do título
recebido em 2000); Ilhas Atlânticas Brasileiras:
Reservas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas
- PE (título recebido em 2001); Áreas
protegidas do Cerrado: Chapada dos Veadeiros e Parque
Nacional das Emas - GO (título recebido em
2001); Complexo de Áreas Protegidas do Pantanal
- MS/MT (título recebido em 2000); Costa
do Descobrimento - Reservas da Mata Atlântica
BA/ES (título recebido em 1999); Mata Atlântica
- Reservas do Sudeste SP/PR (título recebido
em 1999); O Parque Nacional de Iguaçu, em
Foz do Iguaçu/PR (título recebido
em 1986).
Fonte: Instituto Sócio
Ambiental (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Flávio Soares de
Freitas)