 |
NOVOS RUMOS
PARA A EXTRAÇÃO DE MOGNO NO
BRASIL
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2003
|
 |
No Dia Mundial
do Meio Ambiente (05/06), o Presidente da República
assinou decreto permitindo a extração
da espécie sob a forma de manejo sustentável
e doou cerca de 14.000 metros cúbicos de
madeira apreendida para as comunidades de Altamira
(PA).
Durante o lançamento
oficial da 1ª Conferência Nacional do
Meio Ambiente, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva deu um novo rumo à questão
da exploração do mogno (Swietenia
macrophylla King) no país. As novas regras,
fixadas pelo Decreto 4.722/03, visam adequar a extração
às exigências da Convenção
sobre Comércio Internacional de Espécies
Ameaçadas da ONU (Cites), da qual o Brasil
é signatário, e proíbem, por
cinco anos, o abate da espécie em áreas
autorizadas para o desmatamento.
A partir do dia 13/06, quando vence a suspensão
da exploração de mogno prevista pelo
Decreto 4.593/03, assinado em fevereiro, a retirada
da espécie poderá ser feita, desde
que na forma de manejo florestal sustentável.
O novo decreto também substitui a proibição
de comercialização (moratória),
fixada em caráter provisório pela
Instrução Normativa 17, do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama), de outubro de 2001.
A regulamentação do manejo sustentável
precisa ser estabelecida pelo Ibama até 13/06,
com base em recomendações da Comissão
Especial do Mogno, que conta com representantes
deste mesmo órgão, do Ministério
do Meio Ambiente e da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa). Estima-se que os
planos de manejo devam obrigar o plantio de novas
mudas em áreas de extração,
a manutenção de pelo menos 20% das
matrizes de sementes (árvores adultas) e
proíbam o corte de troncos com diâmetro
inferior a 55 centímetros, além de
estabelecerem uma cota anual de derrubada da espécie.
Madeira Apreendida
Na mesma cerimônia,
Lula assinou o primeiro termo de doação,
destinando o lucro da exportação de
cerca de 4.000 árvores em toras (14.000 metros
cúbicos de madeira) para comunidades do município
de Altamira (PA). De acordo com a Assessoria de
Comunicação do órgão,
a madeira deve ser processada em uma serraria certificada
com o selo verde e exportada com o acompanhamento
do Ministério Público Federal. O dinheiro
será guardado em um fundo privado para beneficiar
projetos socioambientais das populações
locais de áreas onde o mogno foi roubado.
Este deve ser o mesmo destino dos mais de 40.000
metros cúbicos extraídos de forma
ilegal e apreendidos pelo Ibama entre os anos de
2001/02. Entretanto, toda a comercialização
de Swietenia macrophylla King no exterior deve ser
feita até o dia 15 de novembro. Isso porque
a sua entrada, em 2002, no Anexo II da Cites - lista
de espécies cujo comércio precisa
ser controlado para evitar uma exploração
incompatível com a sua sobrevivência
-, prevê que, após este prazo, todo
mogno exportado deve ter sido extraído de
forma sustentável e certificado por um órgão
independente, aceito tanto pelo país comprador
quanto pelo exportador.
A coordenadora de políticas públicas
do Instituto Socioambiental, Adriana Ramos, considera
positivas as decisões do Executivo para a
economia florestal. Para ela, “os principais pontos
de destaque nas decisões é que o governo
vai superar um momento importante que foi o da moratória
em 2001 e assegurar a sustentabilidade da extração
do mogno, enquanto dá uma nova destinação
à madeira apreendida”.
Trata-se de uma nova estratégia para se lidar
com as toras apreendidas: elas costumavam ser leiloadas,
voltando às mãos dos madeireiros,
que as vendiam ainda com lucro no exterior. Em 2002,
a suspeita de que o produto brasileiro no mercado
internacional havia sido extraído de forma
ilegal fez com que a Diretoria Geral de Meio Ambiente
da Comissão Européia, órgão
executivo da União Européia, recomendasse
aos países membros não comprar o produto
proveniente do Brasil. O embargo foi seguido pelos
Estados Unidos.
Fonte: Instituto Sócio Ambiental
(www.socioambiental.org.br)
Marcos Pereira Rufino