 |
IBAMA AUTUA
EMBARCAÇÕES E
MULTA ESTRANGEIRO COM PEIXE RARO
Panorama Ambiental
Manaus (AM) - Brasil
Novembro de 2003
|
 |
A Operação
Alvorada, de combate a biopirataria, realizada pelo
Ibama no Estado do Amazonas, apreendeu 56 exemplares
de um peixe raro, o Asterophysus batrachus, (bagre-sapo),
uma espécie que só ocorre no Rio Negro.
Os bagres estavam sendo transportados pelo alemão
naturalizado brasileiro, Maik Bayer, multado em R$
10 mil. A autuação será comunicada
ao Ministério Público para abertura
de processo.
A ação, que intensificou entre 1º
e 10 de novembro o combate à biopirataria e
a delitos ambientais no Amazonas, contou com três
frentes de trabalho: uma equipe de fiscalização
atuou no aeroporto de Manaus, uma barreira fluvial
foi montada no Rio Negro e outra frente visitou hotéis
de selva. A operação é parte
das ações da Diretoria de Proteção
Ambiental (Dipro), em conjunto com a Gerência
Executiva do Ibama Amazonas.
Durante a operação, a equipe da barreira
fluvial montada no Rio Negro fiscalizou 66 embarcações,
com um total de 11 autuações e aplicação
de R$ 24 mil em multas. Foram recolhidos 21 quelônios,
entre tracajás, iaçás, aperemas
e tartarugas, que imediatamente após a apreensão
foram soltos no rio.
Os fiscais do Ibama embargaram uma pedreira que explorava
as margens do Rio Negro e apreenderam 45,5 metros
cúbicos de madeira serrada que estavam sendo
transportadas para Manaus sem autorização
para transporte (ATPF). A equipe de fiscalização
apreendeu, ainda, 557 quilos de pirarucu fresco e
salgado, que foi doado ao Centro de Solidariedade
São José, que mantém o Colégio
Agrícola Rainha dos Apóstolos, na BR-174,
em Manaus.
O gerente executivo do Ibama Amazonas, Henrique dos
Santos Pereira, considera a biopirataria uma ameaça
principalmente para a conservação das
espécies raras e endêmicas. Segundo ele,
embora o Ibama do Amazonas seja modelo nacional no
controle da exportação de peixes ornamentais,
a atenção do órgão “é
redobrada com relação a este tipo de
espécies, que são raras e portanto de
baixa diversidade; e endêmicas, que ocorrem
em áreas restritas e provavelmente com baixo
índice de reprodução. Pela falta
de conhecimento de espécies como essa, se o
produto for destinado a biopirataria pode se tornar
alvo de patenteamento de novos princípios ativos”.
Peixe raro – Na barreira fluvial do Rio Negro foram
apreendidos os 56 exemplares do peixe ornamental,
que não consta da lista de espécimes
autorizadas para a exportação, (Portaria
Ibama nº 62N/92), e que foram encaminhados para
o Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa),
para identificação.
Segundo o professor Geraldo Mendes dos Santos, do
Inpa, o nome do peixe apreendido é Asterophysus
batrachus, da família Auchenipteridae, pertencente
à ordem Siluriformes, que compreende os bagres
ou peixes lisos. “Trata-se de uma espécie rara
e que só ocorre na bacia do Rio Negro. Seu
nome é bagre-sapo (devido à boca enorme,
com estômago reversível).
Ele vive no fundo, alimentando-se de outros peixes”.
Como se trata de um material importante para estudos
taxonômicos (classificação de
espécies) e biogeográficos (distribuição
das espécies), ele solicitou ao Ibama que repasse
os dados de coleta anotados durante a apreensão,
para que seja dada entrada em coleção
do Instituto, onde até então existiam
somente três indivíduos desta espécie.
A operação foi desenvolvida para coibir
principalmente a biopirataria, uma vez que Manaus
é considerada uma das principais saídas
de produtos da fauna e flora brasileira para o exterior.
Durante a ação, as equipes do Ibama
que fizeram a barreira fluvial e visitaram hotéis
de selva orientavam os funcionários. Eles explicaram
a importância do combate à biopirataria
e como os empregados dos hotéis podem ajudar
a coibir este tipo de crime, comunicando ao Ibama
possíveis ações dos biopiratas.
Foram visitadas também as comunidades ribeirinhas.
Nas escolas das comunidades os agentes explicaram
aos estudantes a importância da proteção
do meio ambiente. Já na barreira fluvial foram
fiscalizados os barcos de transporte de mercadorias,
de pescadores e de turistas.
Aeroporto – Para preparar a ação de
fiscalização no aeroporto de Manaus,
em meados de outubro, o Ibama promoveu um treinamento
para funcionários aeroportuários e servidores
de órgãos, do Amazonas e Roraima, que
atuam na fiscalização de aeroportos.
No treinamento os participantes apreenderam a identificar
cargas onde possa estar sendo transportado material
biológico.
Durante a Operação Alvorada, somente
no Aeroporto Eduardo Gomes, em Manaus, foram vistoriadas
oito empresas de exportação de peixes
ornamentais, com a realização de 211
vistorias, 123 referentes a exportação
de peixes ornamentais para os Estados Unidos, Europa
e Ásia. As 88 vistorias restantes referiam-se
a embarque de peixes para o mercado interno, principalmente
na região Sudeste.
Segundo o consultor da Coordenação de
Fiscalização de Aquicultura e Pesca
do Ibama, o biólogo Caio Aleixo Nascimento,
um dos coordenadores da Operação Alvorada,
a junção das três frentes de trabalho
permitiu fechar o cerco e coibir o transporte de material
biológico para o exterior. “Estamos buscando
parceiros nos hotéis de selva onde o falso
turista (biopirata) se hospeda. Mantivemos a fiscalização
no rio para evitar o transporte e fechamos o cerco
com a ação do aeroporto, onde os terminais
de carga e a bagagem dos passageiros foram revistados”.
Ele informou que durante o período da operação
a barreira fluvial foi mantida 24 horas por dia, tendo
como alvo principal turistas estrangeiros que pudessem
estar transportando produtos e subprodutos da fauna
e flora brasileira, como insetos, aranhas, ovos fecundado
para reprodução e sementes nativas,
principalmente. “Fizemos para isso uma operação
padrão na calha do Rio Negro, abordando todas
as embarcações de pequeno, médio,
grande porte, e as balsas de transporte de mercadorias
como pedra, madeira e areia. Em cada abordagem foi
feita uma vistoria minuciosa na embarcação”.
Participaram da Operação Alvorada 23
fiscais do Ibama de Brasília e das gerências
do Amazonas e Roraima, 10 atuaram na barreira fluvial,
seis na visita aos hotéis e sete fizeram o
trabalho de fiscalização no Aeroporto
Internacional Eduardo Gomes.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Assessoria de comunicação |