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ANGRA I
É DESLIGADA POR CAUSA DE ACIDENTE
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2003
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A paralisação
da usina nuclear de Angra I foi anunciada na abertura
do seminário sobre energia nuclear realizado
em Angra dos Reis (RJ), na semana passada. O motivo
do desligamento foi o aumento de pressão
de um dos reatores nucleares, que acarretou um vazamento
dentro da própria usina. Indignados, os ambientalistas
que participaram do evento - de ONGs como Sapê,
SOS Mata Atlântica e Greenpeace, além
da Rede de ONGs da Mata Atlântica e o Fórum
Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais, entre outros
- divulgaram uma carta de protesto pela falta de
informações claras a respeito dos
acidentes ocorridos na central nuclear. Leia abaixo
a íntegra do documento:
Acidente
provoca parada de Usina nuclear Angra I
“O aumento da taxa
de passagem do sistema primário para o secundário
provocou o desligamento da Usina Angra I desde às
21h50 do dia 7 de agosto. A parada do sistema, para
reabastecimento e inspeção dos tubos
de geradores de vapor, estava prevista para o dia
27 de setembro, mas foi antecipada devido a este
"evento não usual" (ENU), conforme
nota oficial da empresa Eletronuclear. A notícia
da paralisação da usina foi divulgada
ontem à noite, pelo secretário de
Planejamento e Meio Ambiente de Angra dos Reis,
José Luiz Zaganelli, na abertura do seminário
Energia para um Brasil Sustentável - realizado
na cidade, no Teatro Municipal Câmara Torre.
A notícia acirrou ainda mais a preocupação
dos cerca de 300 participantes do evento, vindos
de várias partes do país. "Essa
notícia é mais uma para reforçar
o risco que corremos com a usina Angra I e que há
20 anos vimos denunciando", informou o coordenador
geral da Sociedade Angrense de Proteção
Ecológica (Sapê), Ivan Marcelo Neves.
Sobre o acidente, o ambientalista ressaltou que
a informação da empresa não
é clara sobre o que de fato aconteceu. "As
explicações da empresa geralmente
são confusas, em termos técnicos de
difícil entendimento para o público",
disse, afirmando não entender o que vem a
ser o "aumento da passagem do sistema primário
para o secundário".
Também sem entender o que se passou de fato
ficou o secretário municipal, que enviou
pedido de esclarecimentos à empresa sobre
"os reais motivos" do desligamento da
usina, que só aconteceria em 40 dias. Na
nota oficial, o superintendente de Coordenação
da Operação, João Carlos da
Cunha Bastos, salientou que durante os procedimentos
não houve liberação de radiação
nem risco para os trabalhadores da usina, comunidade
vizinha e meio ambiente.
Para o coordenador geral da Sapê, o desligamento
da usina foi decorrente de uma ordem da Comissão
Nacional de Energia Nuclear (CNEN), e não
uma decisão da empresa. Sua expectativa é
de que a CNEN divulgue um laudo com a informação
exata sobre o acidente. Neves alertou ainda para
o estado em que se encontram os geradores da usina,
que, segundo ele, sofrem de corrosão, denunciada
há muito tempo pelo físico e atual
presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli
Rosa. "A situação dos geradores
de Angra I pode levar a um acidente radioativo de
proporções incalculáveis",
afirmou Neves. Na nota oficial, a empresa informou
ainda que a troca de geradores de vapor de Angra
I já está programada, conforme edital
de licitação publicado.
Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa