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FRITJOF
CAPRA DEFENDE TRANSVERSALIDADE NAS
POLÍTICAS PÚBLICAS NA ABERTURA
DOS DIÁLOGOS
Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2003
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O físico Fritjof
Capra destacou a importância da transversalidade
das questões ecológicas nas políticas
públicas na abertura dos Diálogos
para um Brasil Sustentável, que acontecem
até o dia 15 de agosto, em Brasília,
com a participação de uma rede internacional
de ecologistas. “A sustentabilidade só pode
acontecer se for implementada simultaneamente em
diversas áreas. A transversalidade é
uma enorme tarefa. É preciso compreender
o principal princípio da ecologia: a vida
não surgiu no planeta pela competição,
mas através da cooperação,
das parcerias e da formação de redes”,
alertou Capra.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou
que a transversalidade e o controle social são
alguns dos princípios que orientam o trabalho
do Ministério. “Sem a transversalidade será
muito difícil termos políticas públicas
do conjunto do Governo que contemplem o desafio
da sustentabilidade social, cultural, política,
social e ambiental. Deste desafio não podemos
abrir mão”, disse. A importância do
controle social também foi destacada: “Fazer
uma política com a participação
da sociedade é manter o governo aberto para
receber e ofertar contribuições que
podem criar um terceiro produto, uma nova síntese.
A realização destes Diálogos
é uma sinalização clara de
que queremos que as políticas tenham esta
contribuição e a participação
positiva da sociedade”, afirmou. “Esta rede mundial
de ecologistas está aqui para nos ajudar
a tornar o nosso sonho realidade. A ajuda virá
para que possamos fazer com que esta carga de esperança,
de dificuldades e de sonhos possa ser compartilhada
com muitas pessoas, em muitos lugares do mundo,
com muitos olhares, muitos saberes para fazer a
melhor síntese no sentido da preservação
da vida”, afirmou Marina Silva.
Para o Secretário de Políticas para
o Desenvolvimento Sustentável do Ministério
do Meio Ambiente, Gilney Viana, “esta reunião
de trabalho promete inaugurar uma série de
diálogos internacional para um Brasil sustentável
para nos ajudar a superar os desafios que nos são
colocados”. A representante do Instituto Ecoar,
Miriam Dualibi, uma das coordenadores do evento,
acredita que é possível fazer do Brasil
um grande exemplo para o planeta. “Estamos promovendo
a união deste conhecimento que já
existe no Brasil com o conhecimento de cientistas
e pensadores estrangeiros que também tem
pautado a sua vida em busca da sustentabilidade
para contribuir com a formação desta
grande rede global em busca de caminhos sustentáveis”,
explica. “É inimaginável pensar que
podemos mudar sozinhos. Nós que construímos,
progressivamente, o Fórum Social Mundial,
afirmamos que um outro mundo só será
possível se juntarmos esforços internacionais,
as inteligências, as vontades, os movimentos,
organizações e setores empresariais
que realmente querem mudanças”, defendeu
Jean Pierre Leroy, do Programa Brasil Sustentável
e Democrático.
Os Diálogos para um Brasil Sustentável
foram propostos no início do ano durante
o 3º Fórum Social Mundial, em Porto
Alegre, quando Fritjof Capra manifestou à
ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a sua motivação
de ajudar o Brasil, mobilizando pessoas no mundo
inteiro. O evento é uma parceria entre o
Ministério do Meio Ambiente, Fritjof Capra,
Instituto Ecoar e Programa Brasil Democrático
e Sustentável. Ética Ecológica
na Política A seguir, os principais trechos
da apresentação do físico e
teórico de sistemas Fritjof Capra na abertura
dos Diálogos para um Brasil Sustentável,
que acontecem em Brasília até 15 de
agosto.
“Formular políticas para um Brasil sustentável
significa introduzir uma nova dimensão ética
na política. A ética ecológica
é um padrão de comportamento que flui
através da percepção de que
todos pertencemos à comunidade global da
biosfera. E nós devemos nos comportar como
os outros seres vivos - as plantas, os animais e
os microorganismos que formam esta vasta rede da
vida, sem interferir com a capacidade surpreendente
desta rede de sustentar a vida”. “Uma comunidade
sustentável é organizada de maneira
a promover a vida, os negócios, a economia,
infra-estrutura e tecnologia sem interferir com
a herança da natureza de sustentar a vida.
O primeiro passo deste desafio é entender
o princípio da organização
dos ecossistemas para sustentar a rede da vida.
Quando estudamos os princípios básicos
da ecologia, descobrimos que eles são os
princípios de organização de
todos os sistemas vivos. Todos os organismos vivos
dependem de um fluxo contínuo de energia
e matéria, e todos produzem lixo, mas o lixo
de uma espécie é o alimento de outra.
A energia que move os ciclos ecológicos flui
do sol. A rede é o padrão básico
de organização da vida. Desde o princípio,
há mais de três bilhões de anos,
a vida surgiu no planeta não através
da competição, mas através
da cooperação, de parcerias e da formação
de redes.” “A natureza sustenta a vida criando e
nutrindo as comunidades.
Nenhum organismo sobrevive isolado. Os animais dependem
da fotossíntese das plantas, as plantas dependem
do dióxido de carbono produzido pelos animais,
bem como do nitrogênio fixado pelas bactérias
e raízes, e juntos as plantas, animais e
microorganismos regulam toda a biosfera e mantém
as condições que mantém a vida”.
“A sustentabilidade não é uma propriedade
individual, mas uma propriedade de uma rede inteira
de relações. Ela sempre envolve toda
a comunidade. Esta é a lição
profunda que precisamos aprender da natureza. O
modo de sustentar a vida é construir e manter
comunidades. As comunidades interagem entre si.
A sustentabilidade é um processo dinâmico
de evolução conjunta. Ela inclui o
respeito à integridade cultural e ao direito
básico de autodeterminação
e auto-organização das comunidades.
Isto significa que a sustentabilidade ecológica
e a justiça econômica são interdependentes.
São dois lados da mesma moeda”. “O fato de
a sustentabilidade ser uma propriedade de uma rede
inteira de relações significa que
a sustentabilidade do Brasil não pode ser
implementada mudando apenas a política energética,
ou os subsídios para a agricultura. Ela só
pode acontecer se for implementada simultaneamente
em diversas áreas. A transversalidade é
uma enorme tarefa, e só obteremos sucesso
se realmente compreendermos o principal princípio
da ecologia: a vida não surgiu no planeta
pela competição, mas através
da cooperação, parcerias e formação
de redes”.
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Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Assessoria de imprensa