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BNDES LIBERA
R$ 12 MILHÕES PARA O CALHA NORTE
Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Outubro de 2003
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Com o investimento,
a fundo perdido, o Projeto mantém a média
de recursos dos últimos três anos;
projetos que serão desenvolvidos e municípios
que serão beneficiados ainda não foram
divulgados.
O Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
e o Ministério da Defesa assinaram, nesta
segunda-feira (13/10), um Convênio de Cooperação
Técnica-Financeira que libera R$ 12 milhões
a fundo perdido para investimentos em obras sociais
do Projeto Calha Norte, um projeto estratégico
de desenvolvimento da faixa de fronteira dos estados
do Amazonas, Roraima, Pará e Amapá,
que fazem divisa com Colômbia, Venezuela,
Guiana Francesa, Guiana Inglesa e o Suriname.
Este ano, o Calha Norte recebeu menos de R$ 20 milhões
de um orçamento previsto em R$ 42 milhões,
devido ao contingenciamento de recursos determinado
pelo governo; com o novo apoio financeiro, o projeto
mantém a média de recursos recebidos
nos últimos três anos, chegando ao
final de 2003 com cerca de R$ 32 milhões.
O dinheiro chega menos de um mês depois de
o ministro da Defesa, José Viegas Filho,
haver afirmado, em reportagem publicada pelo jornal
O Estado de S. Paulo, de 19 de setembro, que o governo
quer reforçar a presença militar na
área, pretendendo enviar cerca de 2.500 soldados
para São Gabriel da Cachoeira (AM). Lá
está instalado o 5º Batalhão
de Infantaria da Selva.
Os créditos concedidos fazem parte do Fundo
Social do BNDES - uma verba separada de seu lucro
anual, podendo chegar a até 10% dos ganhos
- e serão entregues nos próximos meses
diretamente a Estados e municípios apontados
pelo Ministério da Defesa, dando ênfase
a segmentos produtivos que gerem emprego e renda
e priorizando populações carentes
que vivem em áreas dos estados abrangidos
pelo Calha Norte. Entretanto, ainda não foram
divulgados quais são os projetos e os municípios
a serem beneficiados.
Os recursos destinados ao projeto não devem
parar por aí; BNDES e Ministério da
Defesa estudam a possibilidade de intensificar a
participação de Universidades Federais
em pesquisas voltadas para a região. A idéia,
segundo a assessoria do órgão de fomento,
é utilizar a infra-estrutura militar já
existente nos postos avançados e ampliá-las,
conforme o necessário, instalando novos laboratórios
e centros de pesquisa por meio de uma nova liberação
de recursos, desta vez, na forma de empréstimo.
A proposta ainda está sendo estudada entre
os dois órgãos, devendo chegar a um
acordo formal somente no começo de 2004.
O Projeto
Calha Norte
Aprovado pelo então
Presidente José Sarney, ao final de 1985,
o Calha Norte nasceu como “via de fortalecimento
da expressão do poder nacional, verificação
das fronteiras, e integração e desenvolvimento
da região norte”. O projeto foi idealizado
pelo General Bayma Denys, ministro-chefe do Gabinete
Militar e secretário do Conselho de Segurança
Nacional, órgão inicialmente responsável
por sua coordenação; intimamente ligado
aos militares, teve a sua origem cercada de sigilos
e documentos confidenciais, buscando a defesa da
faixa de fronteira entre Tabatinga (AM) e Oiapoque
(AP), uma área de 6.500 km de extensão.
Seguindo a mesma linha de ação, o
projeto chegou a seu auge em 1989, quando recebeu
mais de US$ 47 milhões do governo federal.
Porém, entrava no ano seguinte com pouco
mais de um terço dessa quantia e uma presença
de área de cerca de 400 homens, divididos
em 13 pelotões. Desde então, houve
várias tentativas de reativá-lo, todas
sem sucesso: os recursos mantiveram a tendência
de queda até 1999, quando chegaram a parcos
US$ 676 mil. Por volta da metade dos anos 11000,
os investimentos no Calha Norte começam a
se voltar também para a área social,
com a instalação de centros e unidades
de saúde, implementação de
sistemas de limpeza urbana e abastecimento de água
e escolas agropecuárias, mas é só
a partir do ano 2000 que eles voltam à cifra
dos US$ 12 milhões, média que se manteve
nos últimos anos. Com o apoio do BNDES -
pelo valor de hoje, US$ 4,22 milhões -, o
projeto deve chegar ao final de 2003 com recursos
em torno de US$ 11,271 milhões.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Flávio Soares)