O compromisso das 32 empresas (proprietárias
de 53 marcas), que enviaram uma declaração
formal ao Greenpeace anunciando o fato, contrastam
com a atuação da Nestlé.
No ano passado, testes realizados na China,
assim como no Brasil, indicaram a presença
de OGMs (organismos geneticamente modificados)
em produtos da multinacional. A empresa já
está conhecida por seus duplos padrões,
pois em países desenvolvidos se compromete
a não utilizar transgênicos.
As companhias locais que hoje assumem o compromisso
se beneficiam de uma medida adotada pelo governo
chinês em março, a qual determina
que a maior província produtora de
soja na China, localizada no nordeste do país,
seja uma área livre de transgênicos.
A China tem a quarta maior produção
de soja do mundo, atrás de Brasil,
EUA e Argentina.
O governo chinês têm aumentado
seus esforços na implementação
da legislação de rotulagem,
realizando inspeções em algumas
indústrias. Autoridades afirmam que
os produtores de transgênicos não
rotulados serão penalizados.
“A indústria de alimentos na China
está se juntando ao grande número
de companhias que mundialmente estão
se comprometendo com os padrões não-transgênicos.
No Brasil, já são 26 empresas
que garantem alimentos livres de OGMs, entre
elas a Unilever e o Carrefour. Os consumidores
chineses não são diferentes
dos brasileiros: eles não querem comida
transgênica.” afirmou Tatiana de Carvalho,
coordenadora da campanha de consumidores do
Greenpeace Brasil.
Segundo uma pesquisa da Universidade Zhongshan,
realizada na China em dezembro de 2002, 87%
dos entrevistados querem que o rótulo
dos produtos alimentícios indique quando
eles contiverem OGMs. Além disso, 56%
das pessoas que participaram do levantamento
disseram que, se tivessem a chance, escolheriam
alimentos não transgênicos, ao
invés dos transgênicos.
No Brasil, uma pesquisa realizada pelo Ibope
também em dezembro do ano passado,
apontou que 92% dos entrevistados querem a
rotulagem de produtos contendo transgênicos,
e que 71% deles preferem consumir alimentos
não transgênicos.
“O governo chinês está levando
o direito de escolha dos consumidores a sério.
Os produtores que utilizam OGMs devem optar
por rotular seus artigos como geneticamente
modificados, e assim sofrer a rejeição
dos compradores, ou arriscar-se violando a
legislação vigente”, declarou
Sze Pang-cheung, do Greenpeace China. |