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AULAS DE
PINTURA AJUDAM A INTEGRAR
OS BOLSISTAS DO PROJETO POMAR
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Dezembro de 2003
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Quem
passa pelas avenidas marginais do Pinheiros
e olha as águas escuras do rio, nem
imagina o que acontece nas margens desse corpo
d’água, onde já se percebem
os resultados do Projeto Pomar, implementado
pela |
Pedro Calado/SMA
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Secretaria
do Meio Ambiente do Estado, promovendo o plantio
de plantas ornamentais, cujas flores ganham
maior exuberância com a chegada da temporada
de chuvas. Mas outras coisas acontecem no
Projeto Pomar. Nos dias 9 e 10 de dezembro,
os bolsistas do projeto receberam a visita
da artista plástica Iracy Nitsche,
que desde 1968 trabalha com arte. Paulista,
há três anos Iracy desenvolve
trabalhos voluntários em comunidades
carentes no bairro Capela do Socorro, onde
mora. Em 92, a artista ficou sensibilizada
com as crianças da região, que
não dispunham de praças próximo
a suas casas, onde pudessem desfrutar de algum
tipo de lazer. Foi por isso que Iracy criou
a Oficina do Tatu para realizar trabalhos
voltados para a arte com crianças carentes.
A artista ressaltou que, desde 72, se interessa
por assuntos ligados ao meio ambiente. Sonhava
que, um dia, seriam desenvolvidos projetos
para recuperar o Rio Pinheiros. Um dia, conheceu
um dos coordenadores do projeto, Dagoberto
Meneghini, que fez uma proposta para que desenvolvesse
um trabalho com os bolsistas. |
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A
artista plástica aceitou o desafio.
O trabalho contou com a colaboração
da Clarint, que doou os pigmentos. O restante
do material, como pincéis, telas, panos,
jornal, garrafas pets, veio do próprio
Pomar. A Oficina de Pintura atraiu muitos
interessados: 23 alunos no dia 9 e 12 no dia
10. Primeiro uma conversa com os alunos, todos
sentados no chão, com total liberdade
para desenvolverem a sua criatividade. Iracy
não dá palpites na pintura.
“Eu deixo os alunos pintarem temas livres,
só quando vejo algum defeito, ou quando
estão fazendo algo de errado, eu corrijo”,
disse a artista. No primeiro dia de seu trabalho,
o clima na cidade de São Paulo era
chuvoso e nublado, mas nada disso fez diminuir
o seu entusiasmo. “Van Gogh pintou um girassol
em um dia de sol e nós pintamos lírios
embaixo de chuva, com as cores da alvorada,
da própria terra”, |
Pedro
Calado/SMA
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Pedro Calado/SMA  |
disse,
mostrando amor e dedicação ao
trabalho, principalmente por estar ensinando
pessoas humildes, que vivem em condições
precárias. Ao chegar ao Pomar, Iracy
cansou de ouvir dos bolsistas: “Olha, professora,
eu não sei pintar”. Mas o seu jeito
extrovertido e alegre, deixando os alunos
à vontade, fazem com que todos esqueçam
a sua realidade e percam o medo da tela, da
tinta e do pincel. “Incrível, parece
que eles têm noção de
pintura”, comenta. Em suas aulas, as explicações
teóricas não prevalecem, pois
a criatividade e a imaginação
dos alunos é que florescem. Uma flor
pode servir de motivo, mas os alunos são
livres. Iracy pergunta de onde vêm,
as suas origens, a sua cultura, e no final
acaba observando que os alunos desenham o
lugar de onde vieram. Ao entrar no local |
destinado
para essa atividade, nota-se já um
ambiente prazeroso, sem regras e sem limites,
com liberdade total para se pintar. Todos
ficam à vontade, ao lado da professora,
também sentada no chão, junto
com os alunos. Os alunos, tranqüilos
e extremamente observadores, retratam o que
sentem, esquecendo-se de seus problemas. “Você
sente a energia dos alunos, e vibração
positiva que vem deles me inspira a pintar
mais e mais”, diz Iracy, que não se
cansa de elogiar o Projeto Pomar. “Ao passar
pela Marginal, na correria no dia a dia, você
não imagina o que pode encontrar aqui
dentro. Parece que você não está
numa cidade. É uma grande família”.
Os bolsistas não aprendem só
a pintar. Isso foi no primeiro dia, porque
no outro a professora mostrou como se trabalha
com pano, ou como criar uma árvore
de Natal com material reciclado, como produzir
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Pedro
Calado/SMA
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Pedro Calado/SMA  |
guirlandas
ou flores com garrafas pet. Até pedras
e jornais foram usadas para pintar. Os bolsistas
acreditam que esse trabalho contribui para
a sua formação, não só
no aspecto profissional, mas principalmente
pelo lado humano, pois prova que são
capazes de realizar inúmeras atividades
e interagir com os colegas. Margarida Andrade
Gomes, que mora no Jardim São João
e trabalha no Projeto Pomar desde agosto deste
ano, salienta que participa de todos os cursos
que o Projeto oferece. E diz estar adorando
aprender a pintar, o que constitui uma terapia.
“Transporto para o papel o meu lado emocional”,
disse. América do Santos Vitória
é uma senhora muito tímida e
a mais quieta dentre os alunos. Vinda da Bahia,
mora em São Paulo, na região
de Interlagos. América está
no Projeto Pomar desde o seu início,
fazendo parte da primeira turma de bolsistas.
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Ela
gostou tanto que continuou participando das
atividades, ajudando a produzir e a plantar
mudas, além de preparar a terra para
os vasos. America afirmou que fica no Projeto
por achar o lugar maravilhoso e que, se sair
de lá, não irá conseguir
outro emprego. Sobre as aulas de pinturas
disse: “É muito legal, mas fico um
pouco irritada porque não consigo aprender
a pintar”. Mas não deixou de pintar
uma flor na garrafa pet: “Isso é mais
fácil”, disse justificando a sua alegria.
Outro bolsista, Edson Soares Santana, que
mora no Jardim das Rosas, está no projeto
há seis meses. Trabalha no orquidário
e na manutenção. Edson afirmou
que acha o Pomar muito bom e é um trabalho
ótimo, pois está preocupado
com a natureza e a recuperação
do rio. Contou que já tentou estudar
pintura e que nessa aula pode mostrar todo
o seu dom para a arte. “É uma atividade
prazerosa. |
Pedro
Calado/SMA
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Pedro Calado/SMA  |
Hoje
estou pintando a natureza morta, mas pretendo
retratar o rosto das pessoas”, relatou o bolsista.
Leonardo Rodrigues da Silva, morador do Jardim
Amália, próximo a Capão
Redondo, está há seis meses
no Projeto Pomar. “Eu estava precisando disso,
pois abre muitas portas e é ideal para
melhorar a minha condição de
vida”, afirmou Leonardo. Com a situação
atual, enfrentando dificuldades para encontrar
um emprego, o bolsista fala que esse tipo
de iniciativa é fundamental para o
seu futuro, pois aprende diversas coisas.
“A professora ensina muito bem, gosto do seu
trabalho. Não sabia que tinha talento,
pois estou conseguindo fazer diversas bandeiras”,
disse empolgado com as duas bandeiras que
pintou, uma do Brasil e outra do Japão.
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Claudete
Martins Gama, que mora na Estrada de Itapecerica,
está no Pomar há seis meses.
Claudete trabalha nos canteiros, arrancando
as ervas daninhas. Também acha que
está aprendendo coisas novas desde
que entrou no projeto. “Quando assisto as
palestras fico sabendo de assuntos fundamentais
para o meu dia a dia. E, além disso,
é uma atividade muito gratificante”,
afirmou. Como o seu marido está desempregado
há dois anos, ela espera que as atividades
desenvolvidas possam vir a ajudá-la.
“A aula de pintura está sendo ótimo
para mim. É bom para passar o tempo
e sabendo aproveitar os ensinamentos, no futuro,
posso fazer pintura em panos de prato para
vender e ajudar a minha família”, finaliza
Claudete. |
Fonte: Secretaria Estadual do Meio
Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa (Priscilla Martini)
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