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EDIÇÃO
2003 DO PRÊMIO DIREITOS HUMANOS
HOMENAGEIA FOIRN E AILTON KRENAK
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Dezembro de 2003
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O Dia Internacional
dos Direitos Humanos (10/12) reuniu no Palácio
do Planalto quase todos os ministros de Estado para
a entrega do Prêmio Direitos Humanos 2003.
As homenagens foram feitas a personalidades e instituições
que se destacaram na defesa dos Direitos Humanos.
A Federação das Organizações
Indígenas do Rio Negro e o líder indígena
Ailton Krenak ganharam na categoria Comunidades
Indígenas.
O ministro da Casa
Civil, José Dirceu, o presidente do STF,
Maurício Corrêa, o presidente em exercício,
José de Alencar, e o secretário especial
de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, abrem
a solenidade no Planalto
Criado em 1995 por determinação do
Presidente da República, o prêmio Direitos
Humanos é uma honraria do Governo Federal
concedida a pessoas e instituições
cujas ações pelos direitos humanos
sejam dignas de reconhecimento e valorização
por toda a sociedade brasileira. Em 2003, foram
instituídas 12 categorias de premiação,
nas quais foram apresentadas centenas de indicações
vindas de todo o país.
A entrega dos prêmios foi feita Presidente
da República em exercício, José
de Alencar, pelo Secretário Especial de Direitos
Humanos, Nilmário Miranda, o Presidente do
Supremo Tribunal Federal, Maurício Corrêa,
e o Ministro Chefe da Casa Civil, José Dirceu.
Também prestigiaram a solenidade: Luiz Gushiken
(Secretaria de Comunicação do Governo
e Gestão Estratégica), General-de-Brigada
Wellington Fonseca (Gabinete de Segurança
Institucional), Álvaro Augusto Ribeiro Costa
(Advogado Geral da União), José Graziano
(Ministro Extraordinário de Segurança
Alimentar e Combate à Fome), Matilde Ribeiro
(Secretaria Especial de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial), Emília Fernandes (Secretaria
Especial de Políticas para Mulheres), Benedita
da Silva (Ministério da Assistência
e Promoção Social), Olívio
Dutra (Ministério das Cidades), Gilberto
Gil (Ministério da Cultura), José
Viegas Filho (Ministério da Defesa), Agnelo
Queiroz (Ministério do Esporte), Márcio
Thomaz Bastos (Ministério da Justiça),
Marina Silva (Ministério do Meio Ambiente),
Ricardo Berzoini (Ministério da Previdência
Social) e Jaques Wagner (Ministério do Trabalho
e Emprego).
Entre as instituições premiadas estavam:
Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
(Ações Afirmativas), Comissão
Pastoral da Terra Nacional (Erradicação
do Trabalho Escravo), Novamérica - RJ (Educação
em Direitos Humanos), Programa Conquista Criança
- BA (Criança e Adolescente), Circo de Todo
Mundo - MG (Erradicação do Trabalho
Infantil e Doméstico), Associação
Pestalozzi de Niterói - RJ (Pessoas Portadoras
de Deficiência), Procuradoria Federal dos
Direitos do Cidadão (Proteção
a Defensores de Direitos Humanos), Centro de Gerenciamento
de Crises, Direitos Humanos e Polícia Comunitária
da Polícia Militar do Estado de Alagoas (Segurança
Pública), Estruturação - Grupo
Homossexual de Brasília (Categoria Livre),
Associação Imagem Comunitária
- MG (Imprensa), Núcleo de Estudos da Terceira
Idade da Universidade Federal de Santa Catarina
- Neti/UFSC (Idosos).
Comunidades
Indígenas
A Federação
das Organizações Indígenas
do Rio Negro - Foirn - foi vencedora na categoria
Comunidades Indígenas por conta do trabalho
que vem desenvolvendo com as comunidades indígenas
da região tais como a piscicultura com espécies
de peixes nativos, avicultura em sistema semi-aberto,
agricultura tradicional, produção
e comercialização de artesanato. Além
disso, a Foirn foi apresentada como a entidade que
apóia mais de 200 professores indígenas
da região na realização de
assembléias e cursos com o objetivo de promover
a educação diferenciada dos povos
indígenas. Outro destaque lembrado na cerimônia,
sobre o trabalho da Foirn, foi o projeto Cidadania
Indígena do Rio Negro, com atuação
itinerante, que realiza campanhas para fornecer
documentação civil básica e
leva orientação sobre direitos às
comunidades indígenas.
Emocionado pelo
reconhecimento, o presidente da Foirn, Orlando José
de Oliveira, falou sobre a importância do
prêmio não só para as comunidades
indígenas da região mas também
para o Estado do Amazonas. "Agora provamos
que somos capazes, e que não somos, de forma
alguma, um empecilho para o progresso."
Ailton Krenak, homenageado como personalidade na
categoria Comunidades Indígenas reconhecida
dentro e fora do Brasil, também estava emocionado.
Ele participou intensamente de todo o processo de
elaboração do texto constitucional
de 1988, e fundou o Núcleo de Cultura Indígena.
Também criou e dirigiu o Centro de Pesquisa
Indígena e o Núcleo de Direitos Indígenas
-NDI. Ailton foi apresentado como uma grande liderança
indígena. "A sabedoria de Ailton Krenak
está contida na sua atuação
política da União das Nações
Indígenas - UNI-, cuja intervenção
é hoje decisiva não apenas para os
povos indígenas mas para o conjunto da sociedade
civil brasileira."
Em nome das
personalidade homenageadas
Creuza Maria de Oliveira
(Erradicação do Trabalho Infantil
Doméstico) e Caco Barcelos (imprensa) falaram
em nome das personalidades homenageadas. Creuza
Maria de Oliveira, aos 10 anos, já trabalhava
em uma "casa de família", cuidando
de crianças quase do seu tamanho e tendo
responsabilidade de adulto. Fundou o Sindicato das
Trabalhadoras Domésticas da Bahia, um dos
primeiros do País. Creuza Maria falou da
necessidade de promoção e defesa dos
Direitos Humanos para os excluídos historicamente
pelas condições econômicas,
sociais, raciais e culturais. Enfatizou a necessidade
de políticas públicas efetivas pelos
Direitos Humanos. "Criança precisa de
proteção e proteção
são direitos humanos básicos, como
direito à educação, direito
à saúde, à moradia, à
família, enfim, direito a ser criança.
Somente assim o governo conseguirá transformar
uma nova escola sem opressores e oprimidos."
Ela falou que a maioria das crianças negras
não freqüentam escolas, pois desde muito
cedo começam a trabalhar, principalmente
as meninas que, antes da adolescência, assumem
a responsabilidade de cuidar de outras crianças.
"Isso aconteceu comigo e sei o que significa."
O jornalista Caco
Barcelos, que teve destaque como referência
não só para os jornalistas, mas para
todos que se pretendem defensores dos Direitos Humanos,
falou da importância do prêmio para
as instituições e pessoas que lutam
contra a opressão e a violência muitas
vezes causadas pelo próprio Estado e por
vezes pela falta do Estado. Destacou também
a importância da mídia na promoção
e defesa dos direitos humanos.
Um grupo de crianças do Coral Pérola
Negra da Bahia homenageou os ganhadores e as autoridades
presentes cantando músicas do grupo Olodum
e Ilê Ayê. No final da cerimônia,
Nilmário Miranda entregou ao presidente em
exercício, José de Alencar, o Plano
Nacional de Educação em Direitos Humanos,
elaborado pela Secretaria Especial dos Direitos
Humanos e o Ministério da Educação.
"Esperamos que esse plano atinja os objetivos
principais de enfatizar o papel dos Direitos Humanos
no desenvolvimento nacional e fortalecer o Estado
Democrático.”
Fonte: ISA – Instituto Sócioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Ana Flávia Rocha)