 |
MUNICÍPIO
DE SÃO PAULO
BUSCA ATUAÇÃO CONJUNTA COM
A CETESB
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Dezembro de 2003
|
 |
O
Departamento de Controle de Qualidade Ambiental
- DECONT, da Secretaria Municipal do Verde
e do Meio Ambiente -SVMA, começou a
funcionar em outubro de 1993, preocupada com
a disposição clandestina de
resíduos. Sua primeira atuação
foi em 1997, em conjunto com a CETESB, no
Jardim Keralux, onde se encontravam |
José Jorge/Pedro
Calado/SMA  |
depositados
resíduos de pesticida. Em 1999, foi
assinado um Termo de Cooperação
entre a SVMA e a CETESB, com a criação
de três grupos para trabalharem com
resíduos, indústrias e postos
de gasolina. "Esse Termo de Cooperação
foi interrompido em 2000, quando a CETESB
criou a Coordenadoria de Áreas Contaminadas
e, então, mostrou-se necessária
a criação de um grupo técnico
da áreas contaminadas na SVMA",
disse a geóloga Luzia H. S. Barros,
do DECONT. A proposta da SVMA, em 2003, foi
estabelecer um Sistema Integrado de Gerenciamento
de Áreas Contaminadas no Município
de São Paulo e outro Termo de Cooperação
com a CETESB, que se encontra em análise.
O documento prevê, entre outras coisas,
o compartilhamento de dados cadastrais, principalmente
os que podem ser utilizados no SIG - Sistema
de Informações Geográficas,
criação |
de
critérios de hierarquização
para as áreas contaminadas e a análise
das áreas caracterizadas como contaminadas.
Os trabalhos que estão em desenvolvimento
na SVMA são: Modelo de Gerenciamento
para Recuperação de Áreas
Urbanas Degradadas por Contaminação;
três grupos de discussões estabelecidos
pela Promotoria de Justiça de Meio
Ambiente, CETESB, SVMA, Secretaria da Habitação,
SINDUSCON e outros; análise de risco
no terreno do antigo incinerador da prefeitura;
avaliação ambiental nas garagens
e postos de abastecimento de combustíveis
da Prefeitura Municipal; um grupo de trabalho
para regulamentar a Lei 13.564/03, de parcelamento
do solo e edificação quando
existe área com contaminação;
e a criação de procedimentos
para análise dos processos de parcelamento
do solo e edificações em áreas
potencialmente contaminadas ou concretamente
contaminadas. Segundo Luzia Barros, muitas
etapas já foram superadas para a revitalização
de algumas áreas urbanas degradadas,
de acordo com as políticas e incentivos
existentes utilizando instrumentos legais
e econômicos já existentes no
município. “É preciso propor
um fundo específico para áreas
contaminadas, pois atualmente são utilizados
recursos do Fundo Mundial do Meio Ambiente
e Fundo de Desenvolvimento Urbano para ações
nessas áreas", disse Barros. |
Instrumentos legais
A
palestra do professor Luis Enrique Sánchez,
da Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo, sobre "A Revitalização
de Áreas Urbanas Degradadas na Interface
entre Proteção Ambiental e Desenvolvimento
Urbano Sustentável", mostrou que
já existem, em larga escala, instrumentos
legais específicos para enquadrar as
áreas contaminadas e estabelecer exigências
para a reutilização dos imóveis.
"Em 11000, tivemos os primeiros ensaios
de remediação de áreas
contaminadas, com o desenvolvimento de alguns
instrumentos para a gestão dessas áreas.
Isso se deu em conseqüências das
ações administrativas do governo
para a remediação, no âmbito
da legislação já existente
e ações civis públicas,
visando repor os danos e responsabilizando
os agentes envolvidos nas |
diversas
áreas", explicou Sánchez.
Iniciativas do governo como a cooperação
técnica com a agência alemã
GTZ, para implementar projetos para a restauração
e a reabilitação de áreas
degradadas, culminaram na criação
de um cadastro das áreas contaminadas
e na produção de um Guia para
a Avaliação do Potencial de
Contaminação em Imóveis.
As maiores dificuldades estão em identificar
os locais onde já cessaram as atividades
operacionais exercidas no passado, cujos efeitos
sobre o meio ambiente e a saúde pública
só se manifestam a longo prazo. "De
1960 a 1980, tivemos um grande crescimento
no número de grandes indústrias
na cidade de São Paulo e na Região
Metropolitana de São Paulo. De 1980
até 1995, esse número começou
a cair e já em 90 havia cerca de 300
estabelecimentos |
José
Jorge/Pedro Calado/SMA
 |
industriais
mudando suas atividades e, parte delas, com
passivo de contaminação",
explicou Sánchez.
"Já existem recursos legais, como
o Decreto 47.400/2002 que visa controlar as
fontes de poluição e os passivos
ambientais. O art. 5° desse decreto obriga
que a suspensão ou o encerramento das
atividades industriais sejam comunicados ao
SEAQUA - Sistema Estadual de Administração
da Qualidade Ambiental, Proteção,
Controle e Desenvolvimento do Meio Ambiente
e Uso Adequado dos Recursos Naturais e, no
§ 1°, sugere um plano de desativação
para conhecer os passivos ambientais antes
do término das atividades do empreendimento,
o que facilita a definição de
políticas ambientais no futuro".
As estratégias para uma futura revitalização
dessas áreas dependem do uso conjugado
das políticas ambientais e urbanas.
"Existem três requisitos a serem
equacionados para que se atinja a requalificação
do ambiente urbano, que culminará na
proteção ambiental e da saúde
humana: financiamento para revitalização,
um plano diretor urbanístico para trabalhar
as dificuldades e as oportunidades que os
locais representam e a responsabilidade civil,
definindo até que ponto o investidor
poderá ser responsabilizado pelo dano
causado no passado", disse Sánchez.
Na opinião do professor, existe a necessidade
de definição de políticas
urbanas para evitar a ocupação
das áreas de risco, garantir o uso
seguro do imóvel, impor restrições
de uso de áreas desconhecidas antes
que sejam sujeitas a avaliações,
propor incentivos econômicos e fiscais
para os investidores cuidarem da disposição
correta de seus resíduos e assegurar
a proteção de bens de interesse
cultural. |
Ministério Público
Para
prevenir a ocorrência de casos de contaminações
que ameacem o meio ambiente e a saúde
pública, o Ministério Público,
com apoio de órgãos de controle
estadual e municipais, estuda a possibilidade
de mapear as áreas onde possam se sido
dispostos resíduos perigosos, comprometendo
a qualidade do solo e das águas no
Estado. O anúncio foi feito pelo coordenador
das Promotorias de Justiça, Urbanismo
e Meio Ambiente do Estado de São Paulo,
Daniel Roberto Fink. “Estamos preocupados
em conhecer e mapear as áreas cujo
grau de contaminação ainda não
conhecemos. Isso me parece fundamental para
que não repitamos o erro de Barão
de Mauá, onde ocorreu a construção
de um conjunto habitacional em uma área
contaminada. Fico imaginando o que |
José Jorge/Pedro
Calado/SMA  |
passa na cabeça
daquelas cinco mil pessoas que moram naquela
área, que vivem uma situação
de inconstância permanente pior que
a insegurança pública”, disse
o promotor. Com esse objetivo, o Ministério
Público estuda medidas para que esse
controle possa ser efetivado. A primeira
delas foi para que a Junta Pública
do Estado de São Paulo efetue um
levantamento das empresas que exerceram
atividades potencialmente contaminadoras,
com base em estudos do IBGE, nos últimos
dez anos. Chegou-se a 58 mil endereços,
dos quais 16 mil apresentam riscos reais.
Daí, surgiu uma dificuldade técnica:
como notificar 16 mil pessoas exigindo a
apresentação de um estudo
de avaliação de solo e águas
subterrâneas? Reconhecendo as dificuldades
para se realizar tal avaliação,
Fink disse que se planejou um sistema que
contemple essa necessidade ao longo do
|
tempo.
A primeira medida adotada procura fazer com
que, toda vez que uma das empresas citadas
solicitar o contrato social na Junta Pública
para mudança de endereço ou
encerramento de atividade, ela o comunique
à CETESB e ao órgão de
controle ambiental municipal. A outra medida
é de que os municípios, na aprovação
de plantas ou mudança de uso de solo,
também façam a comunicação
à CETESB e ao órgão municipal
para as devidas providências ambientais.
Estuda-se, ainda, a possibilidade de que esse
controle seja feito também por intermédio
dos Cartórios de Registro de Imóveis.
“Com isso, nós fechamos um cerco para
que, ao longo do tempo, com absoluto critério,
haja um gerenciamento adequada de áreas
potencialmente contaminadas”, completou o
promotor. |
Fonte: Secretaria Estadual do
Meio Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa (Renata Egydio e Osmar Soares)
|
|
|
|