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IGUAPE-JURÉIA,
UMA EXPERIÊNCIA AGROECOLÓGICA
Panorama Ambiental
Iguape (SP) – Brasil
Novembro de 2003
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"Três
anos não é tempo suficiente para consolidar
um projeto que trabalha com a proteção,
uso sustentável dos recursos naturais e geração
de renda para a população." Esta
foi uma das conclusões da Ong Proter - Programa
da Terra, que apresentou no dia 19, na sala de reuniões
do Programa Piloto para a Proteção
das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), os resultados
do Projeto Iguape-Juréia, no Vale do Ribeira
(SP). Parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica,
o Vale do Ribeira engloba 23 Municípios,
perfazendo uma área de 17.264 km2 ou 10%
do estado de São Paulo e concentra os maiores
remanescentes contínuos desse bioma no Brasil.
"Há um tempo para plantar e um tempo
para colher", lembrou a diretora-executiva
da ONG, Ana Aparecida Rebeschini, reivindicando
um período de pelo menos cinco anos para
se avaliar melhor o trabalho. Mesmo assim, o projeto
conseguiu várias vitórias, como iniciar
lavouras agroecológicas; introduzir o cultivo
de plantas medicinais; substituir as monoculturas
de banana por sistemas agroflorestais e mudar o
paradigma da floresta intocável.
Várias
etnias
Na região
existem várias áreas protegidas pelas
leis brasileiras que, ao mesmo tempo, são
as zonas-núcleo da Reserva da Biosfera. Da
população de 45.000 pessoas que vivem
da agricultura familiar, muitos são herdeiros
e descendentes de caiçaras, quilombolas e
indígenas. Desenvolvido entre os anos de
1999 e 2002, o Projeto "Desenvolvimento Comunitário
e Conservação da Mata Atlântica
na região de Iguape-Juréia" se
propôs a conciliar a conservação
dos remanescentes da Mata Atlântica com melhorias
na qualidade de vida, experimentando e difundindo
tecnologias agroecológicas.
O Proter é uma entidade não-governamental
sem fins lucrativos, fundada em 1985, com sede em
Registro (SP). Tem como missão contribuir
para a construção de novos modelos
de desenvolvimento rural que permitam o aprofundamento
da democracia, a redução das desigualdades
sociais, a conservação do meio ambiente
e o fortalecimento da agricultura familiar. O projeto
teve o apoio do Centro Francês de Estudos
Agronômicos em Áreas Quentes (Cnearc);
Instituto Katalyse (Alemanha); Instituto Rede Brasileira
Agroflorestal (Rebraf) e o acompanhamento técnico-financeiro
do PDA/PPG7.
Para o assessor do Proter Armin Deitenbach, as dificuldades
encontradas no Vale do Ribeira _ foco de guerrilha
no período militar e hoje uma das regiões
mais pobres do estado de São Paulo _ foram
desde uma cultura paternalista, de esperar tudo
do governo, até o excesso de burocracia nos
financiamentos oficiais para a área ambiental.
"A missão continua com o Sindicato dos
Trabalhadores na Agricultura Familiar do Vale do
Ribeira e Litoral Sul (Sintravale)", apontou.
Além de organizar os trabalhadores e instalar
o fórum permanente da agricultura familiar
e um sindicato rural, o projeto incentivou a comercialização
conjunta e criou a marca Família do Vale,
em cujo logotipo aparecem as quatro etnias que habitam
a região. "O desafio agora é
distribuir produtos como banana passa, chás
e artesanato e colocá-los nos grandes centros",
conclui o presidente do Sintravale, Henrique da
Mota Barbosa.
A apresentação do Proter foi promovida
pelo Projeto de Apoio ao Monitoramento e Análise
(AMA), vinculado ao Programa Piloto para a Proteção
das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7). Faz parte
do ciclo Debates Sócio-ambientais que já
trouxe a Brasília vários especialistas
para discutir temas relacionados ao uso dos recursos
naturais e desenvolvimento sustentável. O
Programa Piloto faz parte da Secretaria de Coordenação
da Amazônia do Ministério do Meio Ambiente.
Fonte: Ministério do Meio
Ambiente (www.mma.gov.br)
Assessoria de comunicação