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ENGENHEIROS
DA CETESB DISCUTEM
CONTAMINAÇÃO POR RESÍDUOS
DE ASCAREL
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2003
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O Brasil já
dispõe de recursos tecnológicos para
a destinação final adequada dos resíduos
de PCBs (bifenilas policloradas), conhecido como
ascarel. O controle e fiscalização
desses resíduos, porém, constituem
ainda um problema a ser equacionado. Este foi um
dos pontos destacados pelo engenheiro Ricardo Pires
Castanho Valente, diretor da Tecori – Tecnologia
Ecológica de Reciclagem Industrial Ltda.,
de São Paulo, em palestra no segundo dia
do 4º Encontro Técnico Anual da ASEC
– Associação dos Engenheiros da CETESB,
que se encerra nesta quinta-feira (21/8).
Os PCBs possuem propriedades dielétricas
(como resistividade e rigidez) e capacidade calorífica
elevada, tendo sido amplamente aplicados no resfriamento
de transformadores. Por outro, esses compostos não
são biodegradáveis e se acumulam em
tecidos vegetais e animais. Seus resíduos
são tóxicos, com evidências
de serem carcinogênicos. Além disso,
oferecem riscos por causa de sua inflamabilidade.
Por isso, em 1981, a fabricação e
comercialização dos PCBs foram proibidos
no país em 1981.
Mesmo assim, os ascaréis dos antigos transformadores
continuam em uso. Ricardo Valente cita estimativas
que dão conta de que, no Brasil, há
cerca de 200 mil toneladas de resíduos de
ascarel e que apenas 1.500 a 2.000 toneladas, ou
cerca de 1%, são tratadas por ano. A Tecori
é uma amostra das dimensões do problema,
pois essa empresa é a única que mantém,
em Pindamonhangaba, a única unidade de tratamento
licenciada pela CETESB.
Com base em seus 17 anos de experiência em
incineração, descontaminação
e reciclagem de equipamentos elétricos que
utilizam o ascarel, Valente chama a atenção
para o que classifica como a “epidemia dos PCBs”.
Como não há análise ou controle
da qualidade do óleo processado pelas empresas
regeneradoras de óleo isolante de transformadores,
tem ocorrido a contaminação nos próprios
regeneradores e daí reintroduzindo os ascaréis
em todos os equipamentos.
Valente aproveitou o evento promovido pela ASEC
para apresentar e divulgar algumas propostas de
ações para promover o adequado controle
e gerenciamento da destinação final
dos resíduos de PCBs: exigir rastreabilidade
dos “recuperadores e sucateiros” de transformadores,
com controle e saída dos mesmos (análise
dos óleos); exigir atestados técnicos
dos leiloeiros de transformadores que comprovem
não se tratar de transformador contaminado
com PCBs; legislação que determine
a destinação final dos transformadores
e PCBs confinados em locais públicos; e uma
legislação federal para regulamentar
os processos de licenciamento ambiental das unidades
de destinação final de resíduos
de PCBs.
Fonte: SMA (www.ambiente.sp.gov.br)
Mário Senaga