 |
FÓRUM
SE MANIFESTA SOBRE
TRANSPOSIÇÃO DO SÃO
FRANCISCO
Panorama Ambiental
Aracaju (SE) – Brasil
Agosto de 2003
|
 |
O Fórum Brasileiro
dos Comitês de Bacia que reúne representantes
de 98 comitês de todo o Brasil vai se posicionar
amanhã, na plenária final, sobre o
projeto de transposição do rio São
Francisco. A diretoria do Comitê de Bacia
do Rio São Francisco, reunida extraordinariamente
hoje em Aracaju, vai apresentar sugestões
para garantir a revitalização do rio
no projeto de transposição que está
em estudo por um grupo de trabalho liderado pelo
vice-presidente José Alencar. “Existe um
projeto de transposição, mas falta
definir também de revitalização”,
afirmou ontem o secretário-executivo do CBH
- São Francisco, Luiz Carlos Fontes.
Segundo Fontes, enquanto as divergências técnicas
e políticas contrárias à transposição
nos Estados nordestinos e em Minas Gerais estão
sendo contornadas pelo grupo de trabalho da vice-presidência,
continuam as indefinições em termos
da proposta de revitalização. O coordenador-geral
do Fórum Nacional dos Comitês de Bacias
Hidrográficas, Paulo Maciel Júnior,
também está preocupado. “Falar em
transposição sem ter um plano definido
para o São Francisco é prematuro”,
afirma ele, lembrando que para transpor água
para outros estados é necessário também
recuperar matas ciliares, cuidar das nascentes,
elaborar planos de despoluição e,
principalmente, proteger as regiões onde
há recarga de aqüíferos. “Muitos
acham que podem iniciar a transposição
e a revitalização acontecer de forma
paralela, mas, na minha opinião, nós
precisamos ter um plano para recuperar o Velho Chico.
Se vai haver garantia para transposição
é preciso também haver para a revitalização
– afirmou ele. Maciel lembra que o tema “Transposição
e Revitalização” nem estava em pauta
no V Encontro mas acabou entusiasmando e contaminando
as discussões.
Moção
sugere menos burocracia na formação
de Comitês
Representantes de
rios que banham poucos municípios, mas integram
mais de um estado, reivindicam menos burocracia
na constituição de seus comitês.
Na plenária final do V Encontro Nacional
dos Comitês de Bacias Hidrográficas,
que termina amanhã em Aracaju, será
votada uma moção solicitando alterações
da resolução nº 05 do Conselho
Nacional de Recursos Hídricos que regulamenta
a constituição dos comitês de
bacia. A Lei 9433 estabelece que os comitês
de rios que passam por mais de um estado devem ser
constituídos com aprovação
do Conselho nacional de Recursos Hídricos.
Para isto, há uma enorme lista de exigências
e documentos que tramitam entre Estado e União.
De acordo com esta resolução, o caminho
legal é o mesmo na formação
de comitês não importa o número
de municípios nem a extensão do rio.
A documentação para se criar um comitê
do tamanho do São Francisco, que integra
503 municípios é a mesma para um comitê
como o da bacia do Mucuri, em Minas Gerais, que
tem somente 17 municípios.
Uma das conclusões dos integrantes do V Fórum
é que o excesso de burocracia está
prejudicando o andamento dos processos e há
grupos que aguardam há mais de um ano para
constituição do seu comitê.
“Há uma dificuldade enorme e acho que este
processo poderia ser simplificado,” sugere Alice
Godinho, presidente do grupo pró-comitê
do rio Mucuri. Aposentada e mãe de nove filhos,
Alice se dedica há pelo menos cinco anos
à mobilização pela formação
deste comitê. “Há momentos que a gente
desanima com tanta documentação e
só em nome da causa seguimos em frente” explica.
Ela mora em Teófilo Otoni onde passa um afluente
do Mucuri, o rio Todos os Santos, que é considerado
um dos mais poluídos do estado de Minas Gerais.
Alice decidiu mobilizar a comunidade para melhorar
as condições da água até
pensando em outras gerações. “Acho
que os membros do Conselho poderiam pensar em simplificar
a burocracia para formar comitês em rios menores
até como uma forma de não deixar que
eles fiquem tão sujos como aqueles das grandes
bacias que vemos hoje pelo País” ponderou
ela.
A técnica Rosana Garjulli, da Superintendência
de Gestão da Agência Nacional de Águas
– ANA informa que a resolução 05 do
Conselho já está sendo discutida e
há propostas de alteração.
Ela concorda que a exigência de tantas etapas
para formação de comitês dificulta
os procedimentos para rios que têm uma área
de abrangência menor e, por isto, muito mais
facilidade para mobilizar os usuários, a
indústria e as organizações
não-governamentais em torno de um comitê.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Assessoria de imprensa