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GOVERNO
DISCUTE COM ESTADOS
MEDIDAS DE COMBATE À BIOPIRATIRIA
Panorama Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Agosto de 2003
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Produtos nativos
e recursos naturais genuinamente brasileiros acabam
registrados como marca comercial por outros países.
Com fronteiras extensas, de fiscalização
frágil e população pobre nas
regiões de maior biodiversidade, o Brasil
torna-se uma presa fácil para a biopirataria.
O chefe da Divisão de Política Comercial
do Itamaraty, Piragibe Tarragô reuniu-se hoje
com representantes do Grupo de Trabalho Amazônico
(GTA), do Ministério do Meio Ambiente e parlamentares
dos estados do Amazonas, Acre e Pará para
uma troca de informações a respeito
das providências que estão sendo tomadas
por parte do governo federal e do governo dos estados
contra a biopirataria e a apropriação
indevida de matérias primas brasileiras por
alguns países da União Européia,
Estados Unidos e Japão, principalmente no
que se refere ao registro do nome da fruta cupuaçu
como marca comercial pela empresa japonesa, Cupuaçu
International Inc.
A biopirataria consiste na apropriação
e monopolização dos conhecimentos
das populações tradicionais no que
se refere ao uso dos recursos naturais. Esta situação
não é nova na Amazônia. Nos
últimos anos, através do avanço
da biotecnologia, da facilidade de se registrar
marcas e patentes em âmbito internacional,
bem como dos acordos internacionais sobre propriedade
intelectual, tais como o tratado sobre direitos
de Propriedade Intelectual Relacionada ao Comércio
Internacional (TRIPs), as possibilidades de tal
exploração se multiplicaram. No caso
do Cupuaçu, o GTA moveu um processo administrativo
no Japão contra a Asahi Foods e sua subsidiária
Cupuaçu International Inc. Segundo informou
Piragibe Tarragô, o governo brasileiro está
apoiando as atitudes desses setores no sentido de
invalidar a marca nesses países, contudo
alguma resposta referente à ação
só virá em dois ou três meses.
De acordo com Tarragô, a solução
para a biopirataria depende de uma ação
coordenada dos diferentes órgãos do
Executivo, sobretudo o Ministério do Meio
Ambiente, do Desenvolvimento e da Agricultura, entidades
regionais da Amazônia e o poder legislativo,
no sentido de criar, em primeiro lugar, uma legislação
apropriada, que proteja o país contra o registro
indevido dos produtos nativos e os conhecimentos
tradicionais das comunidades da Amazônia.
Em segundo lugar, acrescentou, levar as iniciativas
brasileiras para fóruns internacionais a
fim de estender ao âmbito multilateral as
investidas do Brasil para esse tipo de proteção.
“É importante que todos os países
estejam unidos para que as regras de proteção
dos produtos nativos, da biodiversidade, e dos conhecimentos
tradicionais sejam respeitados”, disse.
A proposta de lei que muda as regras de concessão
das patentes passa agora pela última semana
de revisão no Conselho de Gestão do
Patrimônio Genético, e será
encaminhada para a ministra do Meio Ambiente Marina
Silva que vai apresentá-la ao Congresso Nacional.
O Brasil quer que as patentes concedidas sobre produto
ou processo que advenha de recursos genéticos
ou conhecimento tradicional associado preencham
não apenas os três requisitos exigidos
pela lei, como ser novo, possuir inventabilidade
e aplicação industrial, mas também
a divisão dos benefícios com as comunidades
dos estados retentores, o conhecimento prévio
e fundamentado das comunidades e finalmente a identificação
de origem e do material.
Fonte: CIR – Agência Brasil
(www.radiobras.gov.br)
Cadija Tissiani